No berço do rock reinou o folclore

O 62.º Festival Internacional de Folclore de Santa Marta de Portuzelo, organizado pelo Grupo Folclórico, no dia 04 de agosto, proporcionou uma bela noite de folclore. Não obstante, em Santa Marta, o aprazível Largo do Souto da Silva estar identificado como o berço do Rock (ali nasceu a Banda JAROJUPE), o Heavy Metal foi esquecido e quem reinou foi o folclore.

A simpatia dos grupos presentes logo prendeu a assistência, que mais se entusiasmou com as respetivas atuações. Começou o simpático Grupo Típico de Ançã, que evoca com proeminência, nos seus trajes e danças, a vida do campo, relativa a uma freguesia apresentada como a mais histórica do concelho de Cantanhede. Seguiu-se Bartók Dance Ensemble, de Ferencvaros – Budapeste, em boa hora substituto do Grupo da Guiné-Bissau, na medida em que se apresentou como um agrupamento que, para além da divulgação dos trajes do folclore húngaro, revela as tradições da música dos Cárpatos e, fazendo jus ao facto de pertencer à cidade considerada a “Paris de Leste”, tem uma aposta séria e consequente na cultura, como o comprova a execução do ‘Dance House’ semanal.

De regresso ao nosso folclore, o muito conhecido e apreciado Grupo Folclórico de S. Torcato – Guimarães, co-fundador, com o anfitrião, da Federação Portuguesa de Folclore. Dispensa apresentações e não surpreendeu o agrado geral da sua exibição. Uma nota distintiva nos apraz registar: a mensagem de incentivo a Abílio Costa, por parte do vice-presidente, João Fernandes, a que nos associamos em A Aurora do Lima. Um salto à América Central, para apreciação da ‘Compañia de Danza Mexico Vivo’, com bailarinos intérpretes da dança tradicional mexicana. Rumo à Ásia, ‘Taipei Grass Mountain Folk Orchestra’, de Taiwan, trouxe ao palco resultados da pesquisa de danças tradicionais chinesas. Quando o sonho pelo oriente tomava conta dos presentes, a entrada sempre nobre e profissional do Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo trouxe-os para a realidade do seu e nosso folclore.

O grupo anfitrião, qual ambulante museu do traje desde a segunda metade do séc. XIX, com uma bem conseguida coreografia numa encenação ‘sui generis’, encheu o palco e logo disse ao que vinha: honrar os seus pergaminhos, empolgando grupos convidados e assistência com algumas interpretações do seu rico repertório, entre elas a Rusga, Senhor da Serra, Vira Cruzado, Gota, Chula Picada, encerrando brilhante atuação com o Vira Geral. Parabéns, Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, e obrigado pelo convite.
Fotos: Abel Cunha

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