“O Corpo e outras liberdades” de C. da Torre

Inaugurada no último sábado, “O corpo e outras liberdades” está patente até finais de agosto. Trata-se da exposição das obras de desenho digital de Carlos da Torre que, recentemente, foram “objeto de uma reação extrema por parte da Santa Casa da Misericórdia”, impedindo a abertura ao público na galeria na Praça da República. Podem, agora, ser vistas na galeria ADORN, sita na Rua Manuel Espregueira, nº 93, em Viana do Castelo.

São sete desenhos, dois dos quais serigrafados, que faziam parte dessa exposição, na altura em parceria com o artista Arnaldo que apresentava mais 14 obras, cancelada “abruptamente a poucos minutos da abertura, sem qualquer explicação pública”. “A justificação dada no momento foi de que estes desenhos eram chocantes para serem vistos na proximidade da igreja”, refere o artista. Uma novidade desta mostra, agora só dos desenhos de Carlos da Torre, na Adorn é uma pequena caravela que figura no trabalho com maior destaque, que se inspira nas estátuas de Viana (do Jardim Marginal e junto ao Castelo de Santiago da Barra), dar lugar a um novo objecto artístico para uso como alfinete de peito em prata, realizado pelo autor com o apoio da designer de joalharia Lia Gonçalves.

O artista contou-nos que dos vários convites que recebeu para expor estas obras em Viana este foi irrecusável. “Um espaço de gente jovem com novas perspetivas para a criação e divulgação do trabalho artístico, com um pequeno mas excelente espaço de exposições orientado por alguém de competência reconhecida, como é o João Gigante”, diz. 

Carlos da Torre é um vianense que frequentou o CIESA e o Curso Superior de Desenho na cooperativa “Árvore” e que, nos finais dos anos 80, começou a apresentar as primeiras obras, também em traços simples, a tinta da China. O artista não identifica nomes que o influenciaram no percurso e no processo de criação. Acha que as influências são múltiplas e já muito fundidas na própria identidade.

Sobre estes desenhos com o corpo feminino presente, diz que sente nesses corpos o início de tudo o que somos. Que procurou um sentido poético, cósmico com um exalar de energia de prazer e dignidade humana. “Bem longe de uma visão de sexualidade agressiva, machista ou obscena”, salienta. 

Uma nota, também, para o novo espaço ADORN, gerido por Lia Gonçalves (na foto), formada na Escola Superior de Artes e Design, em Matosinhos, e que há 11 anos tem ateliê de produção e venda de joalharia no Porto e que, recentemente abriu este espaço em Viana. 

Neste, dispõe de uma sala em que a arte é exposta e, em dois meses, a mostra de Carlos da Torre é a segunda que ali é apresentada

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