O objetivo é que “nenhuma pessoa passe fome e que a solidariedade floresça”

Com 11 anos de existência, a delegação local do Banco Alimentar já distribuiu mais de cinco mil toneladas de bens alimentares e mobilizou mais de 11 mil voluntários.

Num ano, onde a pandemia marca a vida das pessoas, os pedidos não param de chegar. O presidente da direção fala-nos de aumentos consideráveis. João Ferreira adianta que apoiam 16200 pessoas, representando cerca de 6,5% da população do distrito de Viana do Castelo.

Com a diminuição das dádivas, aquele responsável apela a todos a serem solidários. “Possamos nesta quadra que se aproxima, cada um de nós “ser um Pai Natal, o ano todo, na vida de alguém”, fazendo chegar um pouco mais a quem nada tem”, explica.

Convidando todos a visitar o espaço da delegação em Vila Nova de Anha para perceber o trabalho feito por voluntários, mas também pelos quatro funcionários da Instituição.

Há quanto tempo existe o Banco Alimentar em Viana do Castelo (BAVC)?
Em 19 de junho de 2009, um grupo de pessoas de boa vontade, uniu-se e constituiu em Viana do Castelo a Associação Para a Partilha Alimentar de Viana do Castelo – reveste a forma de uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que viria a dar corpo ao Banco Alimentar Contra a Fome de Viana do Castelo (BAVC). Tem como missão: “Lutar contra o desperdício, recuperando excedentes alimentares, para os levar a quem tem carências alimentares, mobilizando pessoas e empresas, que a título voluntário, se associam a esta causa” e, como valores: A Dádiva e a Partilha. Comemoramos este ano de 2020 o 11.º aniversário. Infelizmente, contrariando o que tem acontecido ao longo dos anos, em 2020 não foi possível desenvolver as atividades comemorativas previstas junto da comunidade que tão afavelmente nos acolhe – distrito de Viana do Castelo. Somos uma IPSS que por via da sua proximidade junto da comunidade, tem demonstrado, pela sua ação, possuir capacidade para responder com elevada eficácia na emergência social e de apoio aos cidadãos em situação de maior vulnerabilidade, como esta que vivemos.

Nestes 11 anos recolheram muitos alimentos.
Ao longo dos 11 anos de existência recolhemos e distribuímos mais de 5.000 toneladas de géneros alimentares, com a colaboração e mobilização de mais de 11500 voluntários em todo o distrito de Viana do Castelo. O caminho foi-se construindo, ajustando, reinventando e principalmente caminhando sempre na ajuda, na dádiva e na partilha. E todos caminhando, fomos plantando ao longo do percurso as nossas bandeiras e o nosso sonho, que nenhuma pessoa passe fome e que a solidariedade floresça na partilha e na entrega. Uma caminhada de 11 anos, em que crescemos, em que se nos juntaram muitos outros, em que muitos foram acolhidos, com o nosso património assente na diversidade de opiniões, sem roturas, mas firmes no propósito.

Nesta altura da pandemia tem recebido mais pedidos de ajuda?
Como é perfeitamente compreensível, o número de pedidos de ajuda aumentou consideravelmente. Vivemos uma realidade socioeconómica sem precedentes nas nossas histórias. A pandemia covid-19 colocou, em poucos meses, o mundo numa emergência, provocando um grande impacto na vida das pessoas, nas instituições a que pertencemos, nas regiões onde vivemos, independentemente do continente a que pertencemos.

E em relação às dádivas, tem notado quebras?
Ao longo do ano de 2020 não realizamos, nos moldes habituais, as campanhas de âmbito nacional – a de final de maio e, não iremos realizar a do final do corrente mês de novembro. Estas campanhas – campanha saco, campanha vale e campanha online, representam uma percentagem muito significativa da angariação de géneros alimentares para o BAVC ao longo do ano civil. Só tivemos oportunidade e teremos nos próximos dias, de realizar as campanhas vale (em algumas superfícies comerciais) e a campanha online – https://www.alimentestaideia.pt/. Temos vindo a registar aos longo dos anos uma quebra nas ofertas, fruto de alguma incapacidade financeira das pessoas e das imensas solicitações de que são alvo por parte de várias instituições. É muito importante a solidariedade da população do distrito de Viana do Castelo. Reforçamos a informação de que todos os géneros angariados no distrito são entregues a IPSS do distrito que por sua vez os fazem chegar às famílias carenciadas. O BAVC foi fundador na “Rede de Emergência Alimentar”, possibilitando receber, a par com outros Bancos Alimentares de Portugal, doações de várias empresas nacionais e internacionais, ajudando a suprir as falhas das campanhas. Infelizmente esta angariação, não acompanhou o aumento das necessidades, vendo-nos na contingência de entregar menores quantidades às IPSS nossas parceiras que fazem as entregas diretas às pessoas. No nosso distrito não há produtores hortícolas e frutícolas, não há mercado abastecedor – fontes muito importantes de doação e recolha de excedentes para os Bancos Alimentares. Tudo isto constitui um grande desafio permanente ao BAVC.

Os alimentos do Banco chegam mesmo àquelas pessoas que precisam? Como é feita a sua distribuição?
O BAVC não tem capacidade técnica para avaliar as necessidades sociais efetivas das cerca de 16200 pessoas apoiadas no distrito de Viana do Castelo. Assim, apoiamo-nos nas 91 IPSS com quem temos protocolo (de todo o distrito) para fazerem essa avaliação e a quem o BAVC faz chegar os géneros alimentares que serão entregues, sobre a forma de cabazes ou refeições. Para avaliar a situação e dar toda ajuda de que as pessoas necessitam, as IPSS nossas parceiras nesta cadeia de valor, são rigorosas no trabalho que desenvolvem no terreno.

Têm a vossa sede em V. N. Anha?
Sim. No Beco Serra da Quinta. Os nossos contactos são, Tel: 258 813610 |Telm: 925650200|[email protected]. Estamos sedeados num armazém alugado, com aproximadamente 700 m2, equipados com os requisitos que permite a logística de todos os géneros da cadeia alimentar – armazenamento, gestão e distribuição. Temos áreas de armazenamento de frio negativo, áreas de refrigeração-frio positivo, veículos de mercadorias com refrigeração e transporte de congelados, armazenamento de secos e, equipamentos acessórios necessários para a movimento das cargas. Ao nível dos recursos humanos, contamos em permanência com uma equipa constituída por um coordenador técnico, três técnicos e um grupo de voluntários.

Quantos voluntários têm?
Nas campanhas, contamos em cada uma para os dois dias, com cerca de 1200 voluntários que oferecem o seu apoio e colaboração nas cerca de 67 superfícies comerciais aderentes no distrito e no armazém. Com assiduidade no armazém contamos com sete voluntários, além de trabalho comunitário desenvolvido por pessoas que nos escolhem/são encaminhadas.

Contam com parceiros locais?
A génese dos Bancos Alimentares, como já referi, é mobilizar pessoas e empresas, que a título voluntário, se associam a esta causa. No contexto regional, temos tido a preciosa colaboração de várias empresas, instituições públicas e privadas e, pessoas que a título individual, têm muito presentes os valores da dádiva e partilha. A colaboração vai desde a oferta de serviços – transporte, contabilidade, reparações, etc., a equipamentos, a voluntariado e donativos que nos permitem fazer face às despesas de gestão corrente. Estamos muito agradecidos por esta preciosa confiança e colaboração permanente. É importante realçar a preocupação e ajuda das autarquias do distrito em especial a de Viana do Castelo, bem como da Comunidade Intermunicipal. A comunicação social, como o Aurora do Lima, são nossos parceiros desde o primeiro momento. Fazem a “extensão” do BAVC nos apelos à solidariedade.

Dão apoio a quantas pessoas?
Apoiamos cerca de 16200 pessoas, que representa aproximadamente 6,5% da população do distrito de Viana do Castelo. Dados de 2019, distribuímos 597 toneladas de géneros alimentares (no valor aprox. de € 820.000,00) o que dá 2,4 t de saída média de géneros do nosso armazém. São tempos incertos estes que requerem medidas excecionais e mudanças profundas das nossas rotinas e das nossas instituições. Fazemos um apelo de solidariedade a toda a população de Viana, para que possamos nesta quadra que se aproxima, cada um de nós “ser um Pai Natal, o ano todo, na vida de alguém”, fazendo chegar um pouco mais a quem nada tem.
Procuramos ser o mais transparentes, pelo que convidamos todos a visitar-nos no nosso armazém para verem in loco o nosso modus operandi. Todos os nossos planos de atividades, relatórios e dados contabilísticos, podem ser consultados em: https://www.bancoalimentar.pt/bancos/viana-do-castelo/

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