Paçô é um dos quatro lugares da freguesia de Carreço, fica situado a norte a confrontar com a freguesia de Afife. Tem o privilégio de estar encastrado entre a serra de Santa Luzia a nascente e o Oceano Atlântico a poente, todos estes condicionalismos que a mãe natureza lhe concedeu, conferem-lhe uma autenticidade muito particular das suas gentes, nos seus usos, costumes, tradições e até mesmo nas celebrações.
Em tempos não muito recuados, tomando por referência meados do séc. XX, mais concretamente os anos 50, a população deste laborioso lugar ocupava-se essencialmente da agricultura. Uma agricultura pode dizer-se de subsistência, trabalhada apenas com a força braçal e animal bovina, a mecanização era ainda uma miragem, isto num minifúndio desmesurado.
Nessa época já poucos homens trabalhavam a terra, as leiras e os campos ficavam ao cuidado das mulheres, eles buscavam outros rendimentos para proporcionar à família melhor nível de vida, faziam-no principalmente através da construção civil, com especial relevo para os estucadores, os artistas do gesso, que migravam, principalmente para a capital, Lisboa, durante largos períodos de um ano, e só regressavam à sua terra pelo Natal.
São esses mesmos estucadores devotos de S. Sebastião, que deixaram as marcas artísticas da sua profissão na capela do seu santo, ali mesmo no lugar de Paçô onde podemos observar além do teto da capela, o altar trabalhado em gesso. Uma obra de arte pouco comum, mas digna de ser observada, acarinhada, conservada, restaurada se for necessário, mas nunca optar pela destruição, como barbaramente se faz em tantos e tantos trabalhos artísticos do gesso.
Num anonimato profundo, a capela atingiu recentemente a bonita idade de bicentenária, tal aconteceu no ano de 2021, estávamos em pleno auge da pandemia, por isso esta capela não foi referenciada no seu segundo centenário, mas merece a defesa do património artístico e cultural, obra dos nossos antepassados não muito distantes.
Este lugar da nossa freguesia honra S. Sebastião, o qual tem o seu dia litúrgico a 20 de janeiro. Por esse mesmo motivo, Paçô festeja S. Sebastião nos dias 20, 21 e 22 de janeiro.
Do programa consta, na sexta-feira, dia 20 de S. Sebastião, às 19h, missa na capela em sua honra. No sábado, dia 21, às 16h45, novena de encerramento e procissão de velas da capela para a igreja Paroquial. Às 19h, porco no espeto. No domingo, dia 22, ao amanhecer acontece a tradicional salva de morteiros. 09h, entrada dos Bombos da Ronda Típica de Carreço, no adro da Igreja Paroquial, em saudação a toda a freguesia. 11h30, Missa Solene da festa e sermão em honra do Glorioso Mártir. 15h, Procissão da igreja para a Capela de S. Sebastião. 16h, leilão de oferendas seguido de arraial. Ao pôr do sol romagem da mordomia.
Eis o programa religioso e profano para o gosto de todos, crentes e menos crentes, para nestes dias de festa fazerem uma visita até à capelinha de S. Sebastião, porque a comissão de festas com certeza agradece a todos essa visita como reconhecimento de todo o trabalho desempenhado nesta causa.