Está decidido. O parque eólico “WindFloat ”, que será construído ao largo de Viana do Castelo vai avançar em 2019 com “ajustamentos”. A garantia foi deixada após uma reunião de mais de três horas na Câmara Municipal entre o secretário de Estado das Pescas, representantes da EDP Renováveis, da REN, da Autoridade Marítima e ainda de associações de pesca, com a mediação da autarquia vianense.
Um dos pontos do acordo prende-se com a redução em “30 por cento” da área de implantação das eólicas no mar e ainda a redução da área de segurança de 11 para oito quilómetros. O representante dos pescadores José Festas estava visivelmente contente. “Estamos sempre satisfeitos quando temos um metros e nos dão dois. Não temos dúvidas que ganhamos desde que reunimos com a senhora ministra do Mar, mas ainda vamos reunir com as associações para ver se o que nos deram hoje é suficiente”. O presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar acrescentava: “penso que vamos chegar todos a bom porto, desde que haja bom senso. Se houver o consenso de todos, da EDP, à REN, à Secretaria de Estado das Pescas e o Ministério do Mar, a Câmara de Viana do Castelo e os principais atores, que são os pescadores, teremos o problema resolvido. O que não vamos deixar é o quero, posso e mando da EDP”. Afirmando que “nós não estamos contra o projeto”.
Os pescadores temiam o impacto daquele investimento de cerca de 170 milhões euros na atividade, tendo em conta que na área de ocupação estão colocadas artes de pesca permanentes.
A reunião, que iniciou às 17h e terminou já depois das 20h, teve momentos de elevação de voz dos intervenientes e pretendeu perceber quais as artes de pesca praticadas naquela área a largo da Praia Norte. “As associações facultaram-nos uma lista de 18 embarcações, que declaram que operam naquela zona e vamos procurar identificar qual é a localização em concreto e ver que ajustamentos fazer”, explicou o secretário de Estado das Pescas. José Apolinário apontava ainda que “aspetos mais concretos relativos à implementação do projeto” serão discutidos, em breve, pelas associações de pescadores, EDP Renováveis e pela REN.
José Apolinário contava que no âmbito do Plano de Situação de Ordenamento do Espaço Marítimo (PSOEM) “reduzimos substancialmente a área inicial, porque esse era um ponto de forte contestação. Entendemos que a área que vai ser colocada em consulta pública é suficiente para desenvolver este projeto e até ter outros projetos no curto prazo, se este em concreto tiver resultados positivos”. O secretário de Estado das Pescas conta que “estivemos a ver os ajustamentos que temos de fazer” para “reduzir a área de 11 para oito quilómetros quadrados. Iremos diminuir o impacto”.
O cabo de ligação à terra vai estender-se ao longo de 17km e com área de proteção de 250 metros para cada lado. “O cabo, que se vai estender ao longo de 17 quilómetros, tem uma área de proteção de 250 metros para cada lado, que pode ir até um quilómetro. Vamos ver as condições para ajustar os limites de proteção”, explicou.
No primeiro trimestre de 2019 está previsto a “perfuração horizontal dirigida até cerca de 600 metros da linha de costa”. Esta intervenção, segundo o governante, “não afetará a atividade de pesca”.
O autarca vianense, que assumiu o lugar de mediador, explicou: “deram-se passos muito importantes. Um aspeto positivo é que a nossa classe piscatória está hoje mais serena. Quando recebi os pescadores pela primeira vez, estavam muito aborrecidos e ansiosos em relação ao seu futuro”. José Maria Costa destacou o espírito “de trabalho e cooperação”.