Peça questiona o papel da memória

Memória é aquilo que faz de nós, aquilo que somos”, esta é uma das frases da peça de teatro “Memória, Memória, Começou a História!”, que está em cena no Teatrro Sá de Miranda desde 23 de fevereiro e prolonga-se até 19 de março.

Esta é a 149.ª criação do Teatro do Noroeste e é uma peça inspirada na obra de Agustina Bessa-Luís dirigida às crianças, mas que vai contemplar duas sessões para adultos, nos sábados, 26 de fevereiro e 19 de março, às 17h.

A encenação cabe a Graeme Pulleyn, mas foi um projeto de cocriação juntamente com os intérpretes Alexandre Calçada, Alexandre Martins, Ana Perfeito, Chico Pires e Tiago Fernandes, a partir da obra “A Memória de Giz”, de Agustina Bessa-Luís.

Inserida no ciclo “30 Anos de Futuro” com que a companhia teatral de Viana do Castelo assinala três décadas de atividade, Memória, Memória, Começou a História! marca o regresso do público escolar ao Teatro Municipal Sá de Miranda, o que não acontecia desde 2020. Para isso, a Câmara Municipal de Viana do Castelo assegura o transporte de mais de cinco mil crianças da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico das instituições de ensino do concelho.

Em declarações aos jornalistas, no final do ensaio para a imprensa do espetáculo, que aconteceu na última sexta-feira, o encenador Graeme Pulleyn, que colabora com a companhia desde 2015, explicou que o espetáculo não é apenas para crianças. “Tentamos criar um espetáculo que não só é para as crianças, como tem várias camadas de brincadeira, no sentido sério. A sátira serve para nos fazer pensar, para nos fazer refletir sobre as temáticas da peça que são, precisamente, as questões da memória. Para que servem as memórias. Porque é que precisamos de memórias. O que são memórias e o que é que é alguém que, pelo menos por um momento, acha que não precisa das memórias para nada. Que as pode dispensar”, referiu.

O Giz é um rapaz que se porta mal, mas ao mesmo tempo é extraordinário. Tem a capacidade de se lembrar de tudo, mas acha que não faz falta”, disse o encenador. Adiantando ainda que “é importante lembrarmo-nos de onde vimos e o que é que é efetivamente importante na nossa vida”.

A peça não pretende “dar respostas”, “mas para celebrar a vida. O momento que estamos a viver agora daqui a pouco será uma memória, que pode ser quentinha ou dura, mas deve ser vivida com toda plenitude, força e paixão”, salienta Graeme Pulleyn.

Questionado sobre o impacto da pandemia, o encenador explicou que “a pandemia tirou-nos o chão. […] Agora, pouco a pouco, começamos a voltar a falar de um futuro e que futuro será este. Para sabermos para onde vamos, temos de saber de onde vimos”.

A atriz e cocriadora Ana Perfeito salientou o exercívcio “muito enriquecedor” de criação da peça. Adiantando que o espetáculo conta com música original de Chico Pires, que “foi construindo ao longo dos ensaios”.“Todos nós participámos, brincámos muito a sério. Experimentámos. Algumas coisas deitámos fora, outras guardámos da mesma forma como guardamos as memórias”, referiu.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.