Pescadores de Melgaço e Monção protestaram contra o impedimento da pesca à lampreia

Cerca de 50 pescadores daqueles concelhos reuniram-se ontem, dia 18 de março, junto de uma pesqueira na freguesia de Alvaredo para contestar a proibição de armar as pesqueiras.

“Dizem que não podemos ter acesso às pesqueiras por causa da covid-19, porque estamos confinados. Mas não compreendo, [porque] se posso ir para o campo, para uma horta, para as vinhas porque é que não posso vir à pesqueira, e se olho para o lado espanhol e vejo as pesqueiras armadas. Sendo o rio internacional porque é que nós não podemos vir às pesqueiras”, referiu, aos jornalistas, o presidente da Associação A Batela, Venâncio Fernandes.

“Tenho dado voltas à cabeça e chego à conclusão que só há um motivo: será que parte do rio, metade dele está contaminado? Será porque os nossos governantes não sabem o que é uma pesqueira”, questionou o pescador.

No protesto participou também o presidente da Junta de Alvaredo, Diogo Castro que exigiu “igualdade” em relação aos colegas espanhóis a quem é permitida a captura da lampreia naquelas estruturas milenares, desde o início da safra, em fevereiro.

“O que nós estamos a pedir hoje é igualdade em relação aos colegas de Espanha que, a praticamente 100 a 200 metros, na margem espanhola do rio Minho, podem pescar e nós não”, salientou Diogo Castro.

Diogo Castro garantiu que os pescadores têm tentado “levar as coisas por bem” e “já se perdeu um mês de pesca”.

“Se nada fizermos vamos continuar sem pescar este ano. No entanto, quando chegou o dia 15 de fevereiro, tivemos de ter as nossas contribuições pagas, licenças, tudo”, sublinhou.

O autarca melgacense, Manoel Batista, afirmou-se em “absoluta solidariedade com a associação e com os pescadores”.

“Não podemos confundir o que acontece aqui com o que acontece nas margens do rio Douro ou do rio Tejo, onde as pessoas se podem aglomerar para fazer pesca desportiva, lúdica, para se divertirem e passarem o seu tempo. Não estamos a falar disso. Estamos a falar de uma pesca milenar, de subsistência, um prolongamento dos trabalhos no campo”, manifestou.

“A decisão está nas mãos do Governo. Pela Autoridade Marítima não tenho dúvida nenhuma que a situação estaria resolvida. Tem perfeito conhecimento desta situação e sente que não há nenhuma razão para isto se manter. Há absoluta colaboração da capitania, e do Governo espero que também haja”, destacou.

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