Atingido o brilho habitual de cada um dos números do programa integralmente realizado, pela sua qualidade e pela entrega dos participantes, a edição nº 61 das Festas da Meadela, no atual figurino, saiu muito prejudicada com a proibição governamental dos fogos de artifício programados e contratualizados à conceituada Pirotecnia “Ivo Fernandes”, de Lanhelas.
A falta do fogo de artifício, que pela primeira vez em 61 anos aconteceu nestas festas, e que é sempre muito apreciada e chama muitos visitantes à Meadela nestes dias de festa, retirou muito do brilho esperado para o final da noite de sábado e de domingo, e particularmente na noite de domingo em que o fogo (parte dele em fogo preso), é sempre muito esperado e apreciado e é com ele que normalmente encerram as festas em cada ano.
Este não é tempo de questionar, nem discutir a decisão governamental, que aliás foi escrupulosamente respeitada pela Comissão de Festas e empresa de Pirotecnia contratada, nem é tempo de questionar a quem caberia nestes casos, suportar com os prejuízos, dado que ao que sabemos o local previsto para o lançamento dos fogos estava devidamente licenciado, pelas entidades competentes.
O que se nos oferece referir é a constatação de que, ao contrário do que seria de esperar, foi bem mais prejudicial para as festas a falta deste elemento tão apreciado, do que o calor tórrido que se fez sentir particularmente no sábado dia 04 de agosto em que se realizou o “Cortejo Etnográfico/Meadela 2018”debaixo de intenso calor e mesmo assim com muita assistência ao longo de todo o percurso.
A edição das festas 2018 realizadas em honra de Santa Cristina, apesar da inesperada falta do fogo de artifício, por tudo que presenciamos, atingiram o brilho habitual, e aqui deixamos merecido destaque do que de mais importante se passou nos três dias das festas.
Na sexta-feira 03 de agosto pelas 10 horas, a “visita à cidade” da Comissão de Festas acompanhada de um elevado número de Mordomas trajadas a rigor, com a Banda Musical de Vila Nova de Anha e os bombos da Ronda Típica de Carreço, em visita de cumprimentos às “Entidades Civis e Eclesiásticas”, constituiu mais uma afirmação cultural animando a cidade e deliciando os já muitos turistas que visitam a nossa cidade em tempo de férias. À noite já com a temperatura mais amena, o conjunto musical atuou no coração da festa e animou a vasta assistência presente «de todas as idades».
No sábado, dia 04 de agosto, o “Cortejo Meadela 2018” constituiu um repositório das tradições, usos e costumes de uma freguesia outrora iminentemente rural e hoje citadina, em que se deve salientar, o rigor e engenho na conceção de cada carro/quadro e a beleza dos seus figurantes, a que acresce a alegria estampada em cada rosto, debaixo de um sol abrasador, a provar que as tradições de um povo estão-lhe na alma e no coração, mesmo das gerações mais novas. Estas fazem parte da memória dos seus antepassados e por isso querem contribuir para as manter vivas para memória futura destas gentes que o poeta Alfredo Reguengo e José Figueiras imortalizaram com a sua poesia.
Pelas 21h30 o desfile dos grupos Folclóricos a caminho do Festival e o próprio 59º Festival de Folclore, este ano organizado pelo Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela, foi mais uma vez um hino à cultura folclórica na diversidade dos trajes, danças e cantigas, que nos foram trazidas das várias regiões do país e que uma vasta assistência aplaudiu de forma entusiasta.
O Festival iniciou-se com a atuação da Ronda Típica da Meadela e terminou com o Grupo organizador “Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela”, encerrando em apoteose com o “Vira Geral” em que como é habitual em festivais do Alto Minho o público presente é convidado a subir ao palco e junta-se aos dançarinos do Grupo, dançando o Vira Geral, com uma alegria esfuziante.
Pela noite dentro, deste dia a juventude deu largas à diversão, dançando e divertindo-se ao som de animados DJ’s.
No domingo, dia 05 de agosto, há a realçar o ponto mais alto das festas e deste dia, que foi a celebração da “Missa Solene em honra da Padroeira”, às 10h30, presidida pelo pároco Monsenhor Manuel José Vilar e concelebrada pelo padre Fábio Carvalho “Diretor do Secretariado Pastoral da Saúde”, a quem coube fazer a homilia «Sermão da Santa».
Na tarde de domingo, às 17 horas, saiu a “Majestosa Procissão” que percorreu as principais ruas da Meadela, presenciada ao longo do percurso por muita gente, indiferente à grande temperatura que se fazia sentir àquela hora e que, em atitude de respeito “sempre de assinalar”, assimilou cada quadro que, este ano privilegiou a celebração dos 40 anos da Diocese de Viana do Castelo.
À noite as Bandas de Música dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo e do Souto, em animado despique musical, animaram a vasta e entusiasta assistência que enchia o Adro da Igreja Paroquial, terminando pelas 24 horas com a sempre esperada despedida feita pelas duas Bandas em simultâneo, ao som do belíssimo poema de Pedro Homem de Melo, «Havemos de Ir Viana», imortalizado pela saudosa Amália Rodrigues e na referida ausência forçada, «pelas razões atrás referidas» do espetáculo de fogo de artifício, terminou assim musicalmente, em festa e alegria a edição 61 das Festas da Meadela.
De referir que estas festas, tiveram início no dia 24 de julho com a celebração do “dia Litúrgico de Santa Cristina “e continuaram com a realização do 26º Ciclo de Colóquios nos dias 25 e 27 de julho, a que se seguiu a 23ª Semana da Cultura de 31 de julho a 02 de agosto.
O 26º Ciclo de Colóquios teve início no dia 25 com o tema: Os antecedentes da criação da Diocese «na celebração dos 40 anos da Diocese» em que foi palestrante o padre Dr. Manuel António Fernandes Moreira, historiador e autor, licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com várias obras publicadas em livro. O seu último livro “Os antecedentes da criação da Diocese de Viana do Castelo”, publicado em 2016, tendo-nos trazido uma resenha histórica de séculos, com preponderância para o Beato Frei Bartolomeu dos Mártires e que culminou a Bula da sua criação, a 03 de novembro de 1977, pela Constituição Apostólica “Vianensis fortaleza” do Beato Paulo VI.
No segundo dia de colóquios, a 27 de julho, o tema foi “A Festas à Mesa” em que foi palestrante o Dr. Jorge Guimarães, nutricionista clínico, que deu a todos os presentes uma visão de como se pode comer bem e de forma saudável, fazendo “de facto” «festa à mesa», optando por uma alimentação saudável.
A 23ª Semana da Cultura, realizada entre os dias 31 de julho e 02 de agosto, numa organização da Ronda Típica da Meadela, no cenário extraordinário da capela de Santo Amaro, apresentou mais uma vez, um variado programa musical; desde o fado, a desgarrada, a dança e outras manifestações culturais, que animaram as noites que antecederam os dias maiores das festas, tendo ali ocorrido elevado número de público.
A terminar deve registar-se neste trabalho a beleza e arte dos arranjos florais da igreja paroquial onde os 40 anos da diocese estiveram bem patentes e foi também o tema para o projeto da Procissão, com quadros de rara beleza e de significado Bíblico e Histórico.
Também as ornamentações das ruas e a iluminação, incluindo a igreja paroquial e capela de Santo Amaro estiveram à altura e dignificaram estas festas que na sua origem são seculares e imemoriais, segundo o historiador Almeida Fernandes.
O texto vai longo, mas cabe ainda uma palavra para o ambiente do Arraial Inter-Associativo que é um ponto de encontro das Associações da freguesia e constitui um enorme centro de convívio e lazer das várias gerações, onde também é possível desgustar deliciosas iguarias típicas da nossa região; de realçar a sempre presença da ACEP com o seu stand, com atividades dedicadas aos mais pequeninos.
Por tudo o que atrás foi referido estão de parabéns a Comissão de Festas, Paróquia e todos aqueles e aquelas, “gente de todas as idades” que participaram nos vários números das festas, por amor à Meadela e às suas tradições.