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o ano em que se viveu a Romaria mais longa, Viana do Castelo soube viver, com entusiasmo e organização, os nove dias da festa em honra de Nossa Senhora d’Agonia. De acordo com a autarquia municipal, ao longo dos nove dias de programação, entre 14 a 22 de agosto, passaram pela cidade mais de um milhão e cem mil pessoas.
O feriado municipal no domingo, 20 de agosto, dia da Procissão ao Mar, registou até um aumento “de cerca de 21,6% no que toca ao número de visitantes, tendo contribuído para este efeito o contrarrelógio da Volta a Portugal em Bicicleta”. Nesse mesmo dia, a Serenata no rio Lima atraiu mais de 96 mil pessoas, o que representa “um aumento de 23% face ao ano transato”.
Uma tendência transversal com o Desfile da Mordomia, o Cortejo Histórico/Etnográfico e a Noite dos Tapetes.
No Desfile da Mordomia participaram, este ano, mais de 900 mulheres de vários pontos do país e do mundo. Segundo dados da VianaFestas, as mulheres, que usaram maioritariamente o Traje à Vianesa vermelho, eram oriundas de 11 dos 18 distritos de Portugal e do Brasil, Estados Unidos, França, Luxemburgo, Reino Unido e Suíça.
A partida faz-se no Palácio dos Cunhas, antigo espaço do Governo Civil e sede da Proteção Civil distrital, e lá estavam as primas do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que fazem questão de, anualmente, se deslocar do concelho de Baião para participar neste quadro da Romaria.
As mulheres da Ribeira, que de há uns anos a esta parte conseguem integrar o Desfile da Mordomia, encabeçam o cortejo, que passa por algumas das ruas do centro histórico de Viana, e termina junto da igreja de São Domingos, onde são recebidas pelo bispo da Diocese. “Isto para nós é um orgulho, porque representa a integração. Este desfile permite que mostremos toda a nossa chieira”, dizia uma mulher que vestia o traje da Ribeira.
Na sexta-feira, a Procissão Solene em honra de N.ª Sr.ª d’Agonia é também vivida com “muita emoção” quer por quem assiste à passagem do figurado e dos andores, quer também peos integrantes nos vários quadros.
O Cortejo Histórico-Etnográfico voltou a ser um dos momentos altos da Romaria d’Agonia. Foram cerca de três mil figurantes, 141 quadros e 38 carros alegóricos, e demorou quase três horas a percorrer o trajeto habitual, entre a ponte Eiffel e o Campo do Castelo. Este ano, pretendeu também assinalar o centenário da abertura do Museu de Viana do Castelo, atual Museu de Artes Decorativas, o palacete que o alberga, o seu maior doador, bem como a produção cerâmica no concelho.
Já na parte final do cortejo, gente de todas as idades desfilava com os trajes à Vianesa, de Festa e de Cerimónia, nomeadamente de morgada, mordoma, noiva e noivo.
A este desfile assistiram autoridades locais e regionais, bem como dois ministros, Duarte Cordeiro, do Ambiente, e Marina Gonçalves, da pasta da Habitação, natural de Caminha, já conhecedora da romaria e que fez questão de trajar um lenço da Viana. Também estiveram presentes três secretários de Estado, dois de Viana do Castelo: José Maria Costa, ex-edil, do Mar; e Jorge Delgado, da Mobilidade Urbana, além de Isabel Ferreira, do Desenvolvimento Regional. Caso singular, o presidente da Câmara, Luís Nobre, saiu da tribuna e, pela primeira vez, deu um pezinho de dança com varinas da Ribeira vianense.
Devido à chuva, o início do Cortejo foi atrasado em meia hora.
Este ano, pela ausência dos políticos nacionais, a Noite dos Tapetes foi mais tranquila do que em anos anteriores. Se, no passado, os líderes dos principais partidos nacionais, PS e PSD, fizeram questão de participar na confeção dos tapetes este ano não marcaram presença. Até o Presidente da República, que no ano passado também ajudou a fazer, e que este ano tinha prometido voltar, acabou por não marcar presença. Com “tranquilidade”, os vários grupos organizadores embelezaram as ruas, que foram pisadas no dia seguinte no regresso da Procissão ao Mar.
Este momento é também um dos mais assistidos pela população vianense e visitante, que se colocam nas margens do rio Lima ou conseguem um lugar para ir nos barcos que vão ao mar e ao rio. Este ano o andor da Senhora d’Agonia foi no Oceano Atlântico, cujo mestre da embarcação é Paulo Pacheco.
E foram assim as Festas d’Agonia em 2023. Para muitos, belas como sempre, para alguns, nem tanto assim. Realidade, porém é que as Festas são o grande cartaz da cidade de Viana do Castelo e uma das grandes realizações no contexto nacional e mesmo internacional. Este ano, o que pode dizer-se é que não se fugiu desta realidade.
Em 2024, provavelmente, teremos ainda um maior número de visitantes e Festas maiores. Mas isso é para 2024.