Santa Casa da Misericórdia de Viana: “Sempre atenta ao cumprimento da sua missão social e cultural”

No âmbito da sua ação, a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo (SCMVC) tem por missão primordial a prática das obras de misericórdia, visando o serviço e apoio com solidariedade a todos os que precisam. 

Mário Guimarães (MG), o seu Provedor, falou com o A Aurora do Lima sobre a Instituição e fê-lo com determinação, mas convicto do quanto é difícil geri-la de forma a fazer o melhor por aqueles que a ela recorrem, e os que não o fazem por acanhamento, apesar de, por vezes, serem os mais necessitados. De forma resumida, deu-nos a conhecer como trabalha esta entidade que já tem mais de cinco séculos de bem-fazer.  Diz-nos que a Instituição presta apoio à comunidade através de diferentes valências nomeadamente, apoio à terceira idade:  Para o efeito, dispõe de duas ERPI (Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas): o Lar da Piedade e o Lar de S. Tiago, que acolhem atualmente 40 e 54 utentes, respetivamente. São estruturas que dispõem de equipas técnicas multidisciplinares, com profissionais experientes e dedicados para oferecer às pessoas idosas respeito, afeto, dedicação, cuidados e conforto essenciais para o seu bem-estar, preocupação maior da SCMV.

Passado e presente da Santa Casa

MG falou sobre o passado, o presente e os planos para o futuro da SCMVC, fundada em 1521, contando, por isso, com mais de 500 anos de história. Abordando de forma individualizada outras valências, para além das citadas, diz-nos que no apoio à infância a Santa Casa dispõe da Creche e do Jardim de Infância de Santiago da Barra, com 94 crianças, e da Creche e Jardim de Infância de N.ª Sra. da Misericórdia, com 141 crianças. Estas valências contam com profissionais altamente competentes e motivados para garantir que todas as crianças recebam os cuidados necessários e experienciem aprendizagens ricas e significativas. No tocante ao Apoio Domiciliário (SAD), a Instituição, nesta valência, presta cuidados individualizados e personalizados no domicílio a cerca de 30 utentes, através, igualmente, de uma equipa de profissionais dotados de competências para o exercício da função.

Fazendo outras abordagens, o Provedor afirma que a SCMVC tem ainda como propósito conservar, valorizar e divulgar o seu património histórico, bem como manter e ampliar o valor do seu demais património de rendimento, procurando efetuar uma gestão eficiente e profícua que permita assegurar a sustentabilidade da Instituição e desenvolver as modalidades de solidariedade a seu cargo. Considera que, efetivamente, a sustentabilidade da Instituição continua a ser o centro das atenções da Mesa Administrativa que, para o efeito, definiu uma agenda estratégica para o mandato baseada em 5 eixos: capital humano, preservação do património artístico e religioso, gestão de ativos, novos projetos e redução de custos. No que toca ao capital humano, diz MG, a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo emprega atualmente cerca de 150 colaboradores diretos e é fonte de rendimento para famílias e empresas da região, contribuindo relevantemente para a dinamização da economia local.

A preservação do património artístico e religioso

No âmbito do propósito da preservação do património artístico e religioso, a Mesa Administrativa, entre outras ações, promoveu uma intervenção de conservação e restauro do espólio artístico da nave da Igreja da Misericórdia, concluída recentemente; e envolveu trabalhos em todos os altares laterais e colaterais da Igreja que podem ser agora vistos em todo o seu esplendor. Esta intervenção contou com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, no contexto do programa municipal “Reabilitação e Valorização do Património”, colaboração que se salienta e agradece, na pessoa do Sr. Presidente. Depois, diz o Provedor, no segundo piso do edifício sede da Santa Casa está a ser preparado um núcleo museológico com três salas com o objetivo de dar a conhecer ao público exemplares das diferentes coleções da Instituição: peças de pintura, escultura, cerâmica e uma coleção de livros médicos do antigo hospital da Misericórdia.  Foi também criado o Centro de Acolhimento ao Visitante da Igreja da Misericórdia, um espaço que serve de interlúdio à visita da Igreja, com informação sobre a história do monumento e peças museológicas do acervo da instituição. MG deu-nos ainda a conhecer a intervenção no emblemático espaço dos claustros, submetida recentemente a trabalhos de pintura, tendo a capela da Nossa Senhora do Bom Despacho também tido sido sujeita a trabalhos de restauro.

Lembrou ainda o Provedor da SCMVC que no âmbito do protocolo que a Instituição possui com a Academia de Música de Viana do Castelo são anualmente realizados vários concertos na Igreja da Misericórdia, os quais são abertos a toda a população.

Avançando, o Provedor lembra que, em setembro, a Santa Casa dinamiza os “Momentos Musicais nos Claustros”, iniciativa a decorrer nas manhãs dos dias 2 e 16. Trata-se de um mês de fruição musical no espaço patrimonial da Santa Casa. Para além dos eventos referidos, realizar-se-á também um concerto com o grupo “Música Antiqua Porto”, no dia 08 de setembro, pelas 21h30, na Igreja da Misericórdia.  A SCMV aproveita o ensejo para convidar toda a população a assistir a estes eventos musicais. MG vai mais longe e chama a atenção para o cuidado que se vem mantendo com o valioso património da Santa Casa, um trabalho de grande responsabilidade que permite que estes bens que contam a história da Instituição sejam de conhecimento geral. “Esta Mesa Administrativa assume a responsabilidade de deixar às gerações vindouras este valioso testemunho cultural e artístico e encara esta responsabilidade com grande preocupação tendo em conta os elevados custos do seu restauro e da sua conservação”, diz-nos o Provedor.

O Culto na Igreja. 

As obras e intervenções

Questionado sobre o culto na Igreja da Misericórdia, MG lembra que a Igreja tem celebração de eucaristia todos os domingos, pelas 12h00, e é possível reservar o templo para cerimónias de casamento e batismo. “Em maio, celebrámos a Padroeira com eucaristia e concerto”. Lembra, ainda, que também a capela de S. Tiago, que integrava o antigo recolhimento de S. Tiago, mantém as celebrações do Dia de Santa Rita, em maio, e do Dia de Santiago, em julho, e abre as portas para a noite de visita às igrejas durante a época pascal. 

E relativamente às obras e intervenções, questionámos? Fazendo um balanço, refere o Provedor, neste mandato, foi possível ter aprovada a candidatura da SCMVC ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais – 3.ª geração (PARES 3.0), apresentada para o Lar de S. Tiago, com vista à sua conclusão, remodelação e ampliação, permitindo a criação de nove novas vagas. A competente empreitada encontra-se em curso, prevendo-se que esteja concluída no primeiro trimestre de 2024. A conclusão desta obra irá permitir à SCMVC cumprir o contrato de financiamento assinado no decurso do ano de 2016 entre esta Instituição e as entidades instituidoras do “Fundo Rainha D. Leonor” (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e União das Misericórdias Portuguesas).

MG referiu ainda que foi encontrada uma solução para a dinamização das instalações, onde funcionou o antigo hospital através da concretização de um projeto com o Hospital Particular, que permitirá a instalação de uma Unidade de Cuidados Continuados, o qual garante o propósito de intervenção social e que se enquadra na visão, missão e valores da Instituição, que contribuirá, necessariamente, para o seu conforto financeiro.

Já para a Quinta de Valverde (antigo pavilhão cirúrgico), MG mencionou que está tudo em aberto e que a SCMVC continua a avaliar a possibilidade de apresentar candidaturas a projetos financiados por fundos europeus ou de encontrar parceiros que queiram desenvolver um projeto que vá de encontro aos valores e missão da Instituição.   

No tocante a obras e intervenções é ainda de referir, que, no decurso do passado mês de maio, foi assinado um acordo de financiamento entre o Instituto da Habitação e a SCMVC de Reabilitação Urbana, que permitirá a esta Instituição revalorizar parte do seu parque imobiliário. Este acordo já foi homologado pela secretária de Estado da Habitação, e para o qual sempre contou a SCMVC com o apoio da CMVC. Adiante-se que o objetivo desta Mesa Administrativa é trabalhar em rede, criar sinergias com entidades como a Segurança Social, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, o IPVC e a Academia de Música, de forma a criar e alcançar resultados que seriam impossíveis separadamente.

O Conselho Consultivo e o ambiente social da Instituição

De referir, ainda, que, no âmbito do presente mandato, foi criado um Conselho Consultivo constituído por personalidades de diversos quadrantes e com experiências em diferentes áreas da sociedade. Com a criação deste órgão pretende-se obter pareceres sobre assuntos de relevo, no sentido de melhor habilitar a Mesa Administrativa a tomar decisões ajustadas e robustas na salvaguarda dos interesses da Santa Casa.

Nesta longa conversa com o Provedor da SCMVC, em termos de conclusão, não poderíamos deixar de o questionar sobre o ambiente social reinante na Instituição. Este agradeceu a oportunidade e consubstanciou o assunto em curtas, mas sentidas palavras: “Quero deixar uma palavra de muito apreço e agradecimento a todos os colaborados da SCMVC. Saliento o seu constante profissionalismo, a par do humanismo e entrega a esta causa social, permitindo, diariamente, criar uma relação de proximidade com todos os utentes, de modo a assegurar o cumprimento da nossa missão”. É só isso que nos move e realiza como gente de causas.

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