São Ruy e Gil Eannes

Do bacalhoeiro “São Ruy” (1952) e do Navio Hospital “Gil Eannes” (1955 – 1984) — [vd. AAL 07Fev p.p.] –, foram evocadas memórias que ora recordamos, de um outro ângulo, em “Vistas de Santa Luzia”. Aí se descreve um encontro futebolístico seguido de piquenique entre os empregados das firmas: “João Alves Cerqueira” e da “Empresa de Pesca de Viana”, de que muito poucos vianenses já se lembrarão.

Trata-se uma crónica do jogo de futebol, cujas fotografias das duas equipas, foram há tempos gentilmente oferecida a este jornal, pelo sr. Domingos José Ramos Gomes — referida à data de 31 de Maio de 1956 (possivelmente publicada no “Comércio do Porto”) –, da qual tomamos a liberdade de respigar alguns fragmentos, 63 anos passados:

«VISTAS DE SANTA LUZIA»

Dois empates e uma vitória

Realizou-se um jogo de futebol [no Estádio Dr. José de Matos] entre os principais “jogadores” das mais que importantes firmas: “Fiel Amigo” [Empresa de Pesca de Viana] e “Madeiras” [João Alves Cerqueira]:

Mesmo sem propaganda o campo quasi que esgotou a lotação pela curiosidade de observar as revelações ignoradas…Houve largada de pombos que levaram anilha, trocaram-se ramos de flores e galhardetes simbolizando o pinho de cerne e o lombo desse ”fiel amigo” caro, de cura amarela. Depois das saudações usuais e de tipo “internacional” vindo, expressamente de Monção …, Antero Anterior (eléctrico) chamou os grupos à ordem, os quais formaram assim:

De pé: (“os das Madeiras”): Alberto [Silva, fora do lugar, devia alinhar pelo Fiel Amigo]; Cavalheiro (“El valiente”); Benjamin Rodrigues; Bastos; Leandro, do volante; Ernesto Sousa; Armindo dos pesados (?); Tomás da balança (?); Sárrea; Zé do Tique; Vítor Cardoso (dos embarques); Araújo.

Agachados: (do “Fiel Amigo”): Treinador (?); Zé Formigão, Peixoto; João Araújo; Couto (filho de Alberto); João Fino; Arlindo Peixoto; Luís Braga (o dos passes científicos); Abel Lopes (ainda servia para o primeiro grupo do Vianense); Zé do Paulino; e Zé da Seca; de pé […] o árbitro, Antero “eléctrico”. O massagista empunhava uma garrafa de óleo de fígado de bacalhau, para distender as musculaturas…

[…] Depois do encontro que terminou em tranquilidade – 8 a 8 – dizia o locutor de serviço no campo, houve um almoço com todos, na Mata da Senhora das Areias.

Foi outro “jogo” memorável e que culminou com um empate após muitos góles, perdão, golos queríamos dizer…

Mas o que importa realçar é, sem dúvida, a honrosa presença nos dois “desafios” – o da bola e na almoçarada – dos patrões das duas casas, demonstrando assim a simpatia e camaradagem que une chefes e subordinados.

Esta nota agradável pode servir de estímulo e exemplo a quantos patrões se dizem amigos do pessoal mas que a respeito da amizade…”traz cá uma pistola”!… Em 31-5-1956»

Foi, praticamente, na última metade do século passado, que Viana começou a ganhar algum substrato económico. Salienta-se o desenvolvimento de duas das maiores empresas — a ”das pescas” e “das madeiras” — , onde, também, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de meados da década de 40, se começam a impor. São empresas, praticamente vianenses, que passaram a desempenhar uma mais valia para a Cidade e freguesias limítrofes na criação nesse tempo de assalariados. Liderava este conjunto empresarial um homem chamado João Alves Cerqueira que, com Vasco de Orey arrancou com os Estaleiros e nas pescas João Araújo. Esta simulada 1ª página d’AURORA, gentilmente oferecida pelo Cmdt. Oliveira Martins, demonstra a actividade empresarial ao tempo.

CORRECÇÃO: Aproveitamos para fazer uma pequena correcção na ND sobre os potenciais DOUTORES em culinária no IPVC, publicada na última edição (07Fev19, pg. 3) – na última linha dessa ND, onde se lê … “gabinete de projecto nos dinâmicos estaleiros da West Sea.” Acrescentar: em parceria com o IPVC (tão próximos, mas tão distantes).

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