“Sempre participei muito e associaram às Festas”

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esfila na Romaria d’Agonia desde os dois anos e, em 2023, à terceira tentativa, foi escolhida para ser o rosto do cartaz da Romaria da Senhora d’Agonia, a primeira edição com a duração de nove dias.

Ana Rita Passos é vianense, tem 27 anos de idade, formada em Economia e exerce as funções de consultora forense numa empresa do Porto.

Comunicativa e fluente, Ana Rita Passos esteve à conversa com o A AURORA DO LIMA. Ficamos a conhecer que esta jovem está habituada, desde tenra idade, a participar naquela que é considerada a maior romaria de Portugal.

Ana Rita Passos vai cumprir o sonho de ser o rosto do cartaz da Romaria da Agonia. Com entusiasmo, vive intensamente as Festas e gosta de mostrar a sua “chieira”. Demonstra, também entusiasmo com a adesão de jovens ao evento.

“Acho que as jovens estão a aderir, cada vez mais, à Romaria. A mordomia tem mais raparigas a aderirem e a participar. Isso é extremamente positivo e é um reflexo positivo. Tenho amigas que fizeram trajes há pouco tempo ou vão fazer. Há mais pessoas que estão mais envolvidas. Há as que são, desde pequeninas, envolvidas com os pais, mas também sinto que há muitos que, numa idade um bocadinho mais avançada, quando já ganham dinheiro, também se preocupam com as origens. Acho isso super importante e de valorizar. Temos de ver que, hoje em dia, comprar um traje é difícil. Há poucas pessoas a fazer.  Eu quando sai do Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela, a que pertencia, queria um traje para continuar a particioar nas festas. Aí comecei a juntar o dinheiro para comprar o traje. Que é o traje que está no cartaz, a envergar este ano, o meu traje, o traje da Ribeira Lima.”

À terceira foi de vez

“Já concorri duas vezes às Festas e, dessas vezes, fui o motor da participação. Participei sempre com uma proposta deste traje. Nas outras duas edições fui o motor da participação. Quer dizer, fui eu que quis participar e arranjei os designers para participar.  Este ano, foi completamente diferente porque foi o meu primo, o fotógrafo Hugo Sousa, que me desafiou, juntamente com a Sónia, a namorada dele. Acabamos por fazer os três uma equipa, mas a ideia surgiu do meu primo”, diz.

Concorreste para ganhar?

“Gosto sempre de participar e de trajar. Há sempre a possibilidade e é sempre essa a vontade. Se não fosse esse o desfecho que eu gostaria, não teria participado. Mas quando se participa é tentar fazer o melhor trabalho e de que nos orgulhemos. Sinto-me feliz com as duas propostas que fiz, gostava delas e, claro, que uma das propostas ter ganho é uma felicidade completamente diferente.”

Quando recebeste a notícia de ser a escolhida, onde estavas e como reagiste?

Recebi a notícia pelo meu primo, ou seja, a comissão de festas informou-o em primeiro. Eu estava numa reunião online no trabalho, não podia atender a chamada. Pensei se seria ou não, mas tentei logo descer as expectativas para não as ter muito elevadas, só no final da chmada de trabalho vi o que tinha. A notícia foi a melhor que esperava. Na altura estava a trabalhar, o meu namorado trabalha comigo, contei-lhe, a minha mãe estava em casa e acabei por contar e contei ao pai no final do dia. Foram as três pessoas a quem contei até o cartaz ser público e toda a gente saber.

Já foi cartaz 

nas Festas da Meadela

Anteriormente integraste o cartaz das festas na Meadela?

Em 2011, éramos um grupo de cinco colegas. Mas foi completamente diferente. Primeiro porque era muito mais nova, foi em 2011. E segundo porque ao ser um grupo é diferente. Mesmo a dimensão das festas é diferente. Não posso dizer que esta experiência até agora possa ser, de alguma forma, parecida com a que foi há 12 anos.  

Dizes que tens desde sempre participado nas Festas com o desfile da mordomia. Para ti é o número mais importante?

Sim. Acaba por ser. Porque é um momento em que gosto muito e em que eu participo ativamente. Acho que descer a Avenida numa Mordomia é algo arrepiante e que cada pessoa só consegue sentir fazendo. Então, para mim, sim, é um momento alto. 

Quais são os outros momentos altos?

Gosto muito da Procissão ao Mar, apesar de não participar ativamente. Já fui em barquinhos mais do que uma vez.  Mas não é uma participação que considere ativa. Gosto muito de ver a participação na Procissão ao Mar. Depois, pronto, gosto muito do Cortejo Etnográfico, uma vez que é o momento em que participo há mais anos. Comecei a participar desde criança.

Depois há outros momentos: desde a Serenata até à parte dos bombos e dos gigantones que gosto muito de viver.

Pela primeira vez são nove dias de Festa. Não é demais?

Claro que não. É uma boa ideia. É o primeiro ano. Uma ideia piloto. Acho que faz sentido porque o que acontece, em três ou quatro dias, eram muitos eventos condensados. 

As pessoas que vieram uma vez a Viana, não tem possibilidades de vir todos os anos, acabam por ter de fazer muitas escolhas. Depois temos a cidade com muita gente. Para almoçar é difícil, jantar é difícil… Em termos logísticos faz todo o sentido. É ver este ano como corre e avaliar no fim. 

Mas quem é de fora de Viana vai ter que ficar alojado mais tempo?

Sim. Mas acaba por dar oportunidade, na mesma, às pessoas que queiram vir só no fim de semana, que não tenham férias ou alguma indisponibilidade, conseguem estar nos momentos mais importantes da Romaria que não alteraram muito os seus dias. Depois dá a oportunidade às pessoas de viver as Festas de forma mais intensa. Acho que é uma boa ideia, mas só no final dá para fazer uma avaliação. 

Para estas Festas já tiveste algumas atividades como mordoma do cartaz?

A primeira foi a apresentação do cartaz. Acho que aí foi muito a sensação de que é mesmo verdade. Ate aí, só sabia o meu núcleo familiar. Às vezes lembrava-me que ia ter o cartaz pelas ruas dentro de dias. Vão começar as Festas, ainda era muito aquela coisa no imaginário e foi quando se concretizou acho que foi com a apresentação do cartaz. 

Depois tenho tido oportunidade de alguns momentos com os media. É importante, é uma experiência que estou a ter, conhecer e viver com pessoas que, de outra forma, não teria oportunidade. É um ano e estou a tentar aproveitar tudo ao máximo. 

Tens muito à vontade em falar. É muita experiência?

Acho que não. Sou uma pessoa muito tímida, em alguns momentos, mas depois tenho muito prática. Penso que tenho de dar uma entrevista, falar, passar a mensagem… então, pronto, é isso que vou fazer. E gosto muito de falar. 

Muito importante 

apoio dos amigos

E os teus amigos?

Apesar de nunca ter ganho o cartaz, nem ter sido mordoma, acho que as pessoas me associavam muito às Festas d’Agonia. O facto de e participar sempre, e ter andado num grupo folclórico…. Mesmo quando ganhei o cartaz, ainda antes de anunciado oficialmente, as pessoas continuavam a fazer-me 

esse tipo de perguntas. Eu fica do género.. parece que as pessoas já sabem. 

As pessoas que eu conheço, os meus amigos, toda a gente ficou contente com a  concretização deste meu sonho. É muito importante ter esse apoio.

Sente algum peso nos ombros?

Sinto a responsabilidade EM saber que as festas são superexigentes e quero estar ao mais alto nível em todos os momentos. Tenho medo que, com o cansaço, isso não seja possível. Claro que vou tentar, sempre, fazer o melhor.  É uma responsabilidade grande porque sei o que significam, para mim, e também para muitos vianenses. Quero muito representar da melhor forma possível. 

Como ocupas os tempos de lazer?

Gosto muito de ir à praia e experimentar a cozinha vegetariana. É um bocadinho diferente. Gosto muito de explorar novos sabores e novos ingredientes. Depois gosto muito do que qualquer jovem gosta. Sair, jantar fora, passear, não sou uma pessoa muito caseira, gosto muito de estar na rua. Do ar livre, de treinar, fazer exercício físico. 

Gosto também muito de arte. Não sou muito  entendida nesses campos. 

Fiz um curso de cozinha, gosto de fazer workshops. Andei mais de 10 anos numa escola de dança, depois entrei no grupo folclórico e o bichinho ficou sempre. Apesar de atualmente não dançar de forma oficial em lado nenhum.

Gosto muito de viajar. Gosto muito de conhecer novos países. 

Viagem marcante

aos Estados Unidos

E qual foi, para ti, entre todas as viagens que fizeste, aquela que mais te marcou

Vou ter de dizer que foram os Estados Unidos. É um mundo completamente diferente. Estive em Nova Iorque, Boston e Miami. Três cidades completamente diferentes. Mas os Estados Unidos  têm uma vivência diferente. Não posso fugir ao cliché. 

E Viana do Castelo?

É uma cidade cheia de potencial até por aspetos muito naturais. Temos mar, rio, montanha. Na parte do ambiente que se vive é muito calmo, ou seja, é fácil fazer crescer uma família em Viana. O turismo está a crescer em Viana. Ao dinamizarmos a cidade também estamos a criar laços, a criar património, tradições de  geração em geração e isso é muito bonito.

As nossas festas são, sem dúvida, o ex-libris do ano. É muito importante valorizar estes dias e, como a VianaFestas faz, os vários momentos. Conseguimos trazer mais população a esta cidade. 

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