“Será um enorme prejuízo para Darque e freguesias vizinhas”

“Informamos que este Posto de Correios irá encerrar. O último dia de funcionamento é: 30/06/2021”.
A mensagem, da responsabilidade dos CTT – Correios de Portugal, S.A., pode ser lida por aqueles que se dirigirem ao posto de correios em exercício na freguesia, e marcará, pelo carácter impactante, a certeza do fecho do estabelecimento que garantia, ainda que em moldes particulares, a manutenção dos serviços postais de darquenses e de habitantes de locais limítrofes.

A partir de dia 1 de julho, restarão, a quem de Darque for ou a quem a Darque tinha por hábito vir, duas alternativas: o Ponto CTT de Vila Nova de Anha ou a Loja CTT de Viana.
Confirmado um desfecho que tanto tinha de temido como de anunciado, o mesmo não tem deixado de causar inquietação e desassossego, sobretudo nos darquenses, que se veem na impossibilidade de desvalorizar o sucedido.

Figura que parece, também, não relativizar o encerramento do Posto de Correios ainda em atividade é Augusto Silva, Presidente da Junta de Freguesia de Darque, e a quem, na busca de possíveis novas informações ou, até, de soluções diversas, foram dirigidas algumas questões que se julgam de interesse:

FE: Sr. Presidente, que comentário lhe merece o anunciado encerramento, por parte dos CTT, do Posto de Correios de Darque?
AS: O primeiro comentário que me ocorre, é que, o encerramento do Posto de Correios da nossa vila resulta da privatização dos CTT verificada em Portugal entre finais de 2013 e setembro de 2014. Hoje, é quase indiscutível que as populações reconhecem que da privatização dos CTT resultou uma notória perda na qualidade de serviço prestada às populações, sendo porventura, a nossa vila de Darque um dos mais negativos exemplos a nível nacional. Estima-se que a freguesia de Darque, possuía há mais de um século, um posto de correios que funcionava como centro distribuidor para todas as freguesias da margem esquerda do rio Lima, passando a ser oficialmente uma Estação de Correios desde 1961.
O segundo comentário assenta numa critica à visão puramente economicista da empresa CTT, na medida em que, sendo este um serviço público, devia estar ao serviço do bem comum, servindo as populações e não as prejudicando de forma tão severa. Não esqueçamos que Darque é a maior freguesia do concelho em número de habitantes e que, se outros motivos não houvesse, este só por si, seria suficiente para que a empresa CTT reabrisse a Estação encerrada em 2013.

FE: Que diligências ou que soluções têm sido trabalhadas por parte do atual executivo da Junta de Freguesia?
AS: Este executivo logo que surgiram os primeiros boatos de encerramento do quiosque onde funciona o atual posto de correios, efetuou as necessárias diligências no sentido de se conseguir uma solução digna para a vila de Darque. Diligências essas que se traduziram numa reunião com a administração dos CTT, na qual tivemos oportunidade de apresentar os nossos argumentos de forma sustentada. Contudo, não podemos ignorar que os CTT são uma empresa privada e quando assim é, os resultados económicos acabam naturalmente por se sobrepor ao interesse público propriamente dito.

FE: Haverá, ainda, a expectativa de reverter a solução comunicada pelos CTT?
AS: Neste momento, é prematuro emitir uma opinião sobre o assunto, pois, conforme nos foi dito na referida reunião, iriam analisar os nossos pontos de vista e voltariam a falar connosco, pelo que, estamos na expectativa de que este assunto não esteja definitivamente encerrado.

FE: Ao longo dos últimos anos, outras entidades, nomeadamente instituições bancárias, decidiram subtrair as sucursais que se mantinham em funcionamento, na vila. Junta-se, agora, o fecho do posto de correios. Quão substanciais têm sido estas perdas?
AS: As perdas são muito consideráveis, basta que nos lembremos do passado recente em que chegamos a ter à disposição da população darquense e de quem nos visitava, nada mais nada menos do que cinco instituições bancárias ao nosso dispor. A vila de Darque era visitada por imensos habitantes das freguesias da margem esquerda em busca daqueles serviços bancários. Enquanto que hoje, em resultado da falta dos bancos na freguesia, as populações perdem imenso tempo nas deslocações a Viana, a que se juntam os custos da deslocação nos transportes públicos ou custos de estacionamento. Nenhuma comunidade prospera sem serviços essenciais à sua disposição e por isso se assiste a um retrocesso económico e degradação social nalguns lugares da freguesia. O encerramento da antiga Estação dos CTT na Quinta de Bouça, depois transformada num simples posto de correios a funcionar num quiosque, foi mais um sinal daquele retrocesso na oferta de serviços públicos tão necessários na margem esquerda do Lima. Em nossa opinião, o contínuo desinvestimento na freguesia, resulta de más políticas do poder local municipal e autárquico que durante décadas, governaram de costas voltadas para a população darquense. São exemplos flagrantes, os fechos de passagens de nível sem quaisquer contrapartidas, as más acessibilidades cada vez mais acentuadas na freguesia e as decisões sobre avultados investimentos que, na prática, pouco beneficiam os darquenses.

FE: Poderemos, efetivamente, encarar os exemplos apresentados como perdas reais e importantes para Darque e para os darquenses?
AS: As perdas são de facto reais e não passam despercebidas. Até agora o que salta aos olhos de todos os que ainda recorrem ao posto de correios, é a má qualidade de serviço e a escassez de recursos humanos. Já em relação ao fecho anunciado, sobre isso não temos a menor dúvida, a concretizar-se, será um enorme prejuízo para Darque e freguesias vizinhas, na medida em que passarão a ter de se deslocar a Anha ou a Viana.
O serviço público não pode ser pensado em termos meramente geográficos com recurso aos mapas, mas sim em termos de aglomerados populacionais, por forma a que se evitem deslocações desnecessárias, o que lamentavelmente não tem sido o caso. Aliás, é curioso que tais políticas acabam por contradizer a tão falada pegada ecológica.

Assembleia de Freguesia
Realiza-se já amanhã, sexta-feira, dia 25, pelas 21 horas, nova sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Darque.
Foi a 18/06 que tal informação se viu divulgada e promovida por edital assinado pelo presidente da Assembleia de Freguesia, Manuel Augusto Maciel São João.
Do encontro, que voltará a juntar vozes políticas e civis da vila, farão parte três momentos, preferencialmente seguidos de forma sequencial: período prévio à ‘ordem do dia’, período em que o público presente terá oportunidade de expor questões, circunstâncias e opiniões e, por fim, o período de entrada na ‘ordem do dia’, por sua vez delimitada por um trio de pontos colocados a escrutínio. Destes, a discussão e a aprovação da ata da reunião anterior ou a exposição do relatório trimestral do presidente da Junta de Freguesia, Augusto Silva, haverão de deter importância significativa. Ainda assim, nota de realce para o ponto três, e para a previsível discussão e presumível tomada de posição acerca da possibilidade de construção de rotunda no cruzamento junto ao Martins-Darque, assunto ‘quente’, que tem originado, ao longo dos últimos anos, os mais variados juízos.

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