A Ronda Típica de Carreço conserva a tradição da “SERRAÇÃO DA VELHA” no evento que ocorre em data móvel, este ano a dita deveria ter acontecido no passado dia 10 deste mês de março, quarta-feira, não pelo facto de ser o dia 10 de março, mas sim por ser a quarta-feira da terceira semana da quaresma. A “Serração da Velha” acontece sempre precisamente a meio da quaresma.
Este ano não se realizou porque o tempo de pandemia e confinamento em que vivemos não permite realizações de eventos. Já vamos no segundo ano consecutivo que a velha não sai à rua para tornar público o seu testamento e ser queimada ao som estridente dos nossos zaquelitraques.
Trata-se de uma tradição antiga de origem pagã, que a Ronda Típica de Carreço, desde que foi fundada, leva a efeito com a finalidade de a manter viva, divulgar e não permitir que se perca esta tradição. É com imensa saudade que o senhor José Gigante, componente da Ronda Típica nos diz: “este ano, e à semelhança do ano findo, a velha resistiu… Não morreu, nem foi serrada, pelo que também não desfilou pela freguesia ao som dos zaquelitraques, dos búzios e dos gritos de “Olha a velha!’’ e não foi sacrificada pelo fogo.
Por isso, também não houve testamento para legar às raparigas solteiras da freguesia e às associações e entidades da freguesia, que assim ficaram a salvo da crítica social que habitualmente é feita em tal testamento. Contudo, no próximo ano (desde que seja legalmente possível), a vingança será terrível!”.
A Ronda Típica de Carreço para manter a tradição neste ano atípico de 2021 e em tempo de confinamento recorreu às novas tecnologias, fez um pequeno vídeo ilustrativo da serração da velha efetuada em anos anteriores, e assim deixa para a posteridade o resultado do seu trabalho resiliente.
Isto acontece porque infelizmente a pandemia já completou um ano que a todos importuna, não permite ajuntamentos e consequentemente realizações de quaisquer tipo de eventos. O senhor José Gigante também diz: “por isso, a Ronda Típica de Carreço não tem tido atividades desde março do ano passado. Assim, tudo o que tínhamos agendado até ao fim do ano foi cancelado, nomeadamente os feirões na Praça da República, a participação em festivais no continente, ilhas e também no estrangeiro, nas festas d’Agonia, convívios e até o nosso habitual jantar de Natal”.
É com muita tristeza que este homem amante do folclore e da Ronda Típica, à qual dedica grande parte do seu tempo, lamenta: “este ano já não se cantaram as janeiras, não houve carnaval e não haverá, pelo menos para já, feirões, festivais e outros eventos. O tempo dirá se as Festas d’Agonia se realizarão e se haverá outros eventos em que possamos participar. Para já, nada está agendado, para nossa tristeza”. Terminou deixando um bem-haja a todos aqueles que os têm apoiado e incentivado, mesmo neste momento de isolamento que todos estamos a viver.
Com todo este cenário é caso para dizer, pobre velha, o confinamento não te poupou e confinou-te por mais um ano, mas se a velha não ficou bem, os componentes da Ronda Típica não ficaram melhor, porque nem sequer os ensaios semanais têm realizado, o que os deixa tristes e saudosos do convívio sadio que os ensaios proporcionam, mas dizem que vão voltar logo que possível, com mais determinação e vontade de fazer mais e melhor em prol do folclore e da cultura.
Oxalá a Ronda continue a preservar e a divulgar esta tradição, assim como a arte e a cultura carrecense, mesmo em tempos difíceis como o presente.
Desejamos a todos os componentes da Ronda Típica de Carreço, em geral, e à sua presidente Maria José, em particular, a obtenção de grandes êxitos para engrandecimento da Ronda e da nossa comunidade.