“Somos um clube privado, mas aberto à sociedade”

Hugo Araújo está ligado ao Clube de Ténis de Viana. Desde 2017 assume a direção e aguarda que, nas eleições de 2025, apareça uma nova lista, porque “os presidentes não se devem eternizar nos cargos”.

Satisfeito com o caminho trilhado, fala dos desafios para o futuro e lembra os fundadores do Clube, que, apesar de ser privado, está aberto à sociedade vianense.

Recentemente, apostaram no paddel, com a concessão de dois espaços a uma empresa local da área. A escola de ténis é outro dos desafios e uma “grande fonte de receita”.

Há quanto tempo existe o Clube de Ténis de Viana?

O clube foi fundado em 1961, portanto tem 63 anos. 

Por que decidiram criar este clube? Quem o fundou?

O clube tem uma história engraçada. Está ligado aos Estaleiros Navais e à Empresa de Pesca de Viana, porque o fundador era filho do dono da Empresa de Pesca e um dos fundadores dos Estaleiros Navais. O pai, João Alves Cerqueira, enviou o filho, João Delgado Cerqueira, para Inglaterra para estudar. Lá descobriu o ténis e quando regressou solicitou um terreno à Câmara, que lhe cedeu este terreno [Praça da Galiza]. 

Sempre funcionou no espaço atual?

Sim, mas antes de ser construído jogavam no ringue do Lima Parque. Entretanto, a Câmara cedeu o terreno e foram construídos o primeiro court e a sede social. Juntaram-se 25 pessoas, porque na altura era obrigatório para constituir um clube. 

Foram os sócios-fundadores?

Eram todos amigos, que jogavam e decidiram constituir o clube. Há três/quatro anos fizemos uma homenagem aos sócios fundadores e é que percebemos a história. Eram 25, e a maior parte funcionários ou da Empresa de Pesca ou dos Estaleiros Navais. Com o passar do tempo, o clube foi ganhando outra dimensão.

Dedica-se em exclusivo ao ténis?

O clube sempre se dedicou em exclusivo ao ténis. Ultimamente, uma empresa é que aluga o espaço para a prática de paddel. Estava previsto nos Estatutos do Clube que pudesse abrir outra modalidade de raquetes. 

Falamos do ténis e de atletas federados e amadores.

Temos muitos atletas federados, mas temos muito atletas amadores. Neste momento temos 250 alunos na escola. Além desses temos atletas que são federados. E depois temos sócios do clube que jogam.

Para vir praticar tem de ser obrigatoriamente sócios?

Não. Nós decidimos abrir o clube à sociedade. Neste momento, quem quiser jogar ténis pode vir. Paga pela utilização do court. São 10 euros por hora. Temos material e emprestamos às pessoas. Temos dois courts que são camarários e que estão protocolados à escola de ténis. Quando esta não está a funcionar, o município pode vir jogar. Mas neste momento podem jogar em qualquer lugar.

Tem 250 alunos na escola. Quantos federados?

Temos cerca de 100 atletas federados. 

Participam em provas nacionais e internacionais?

Sim. O clube tem também várias equipas.  Neste momento temos uma atleta na seleção nacional, que é a Sofia Ferreira da Silva. Tivemos também o Bruno Abreu. Somos campeões nacionais, por equipas, de veteranos +50; vice-campeões em +35 e +45. Contamos com atletas na seleção nacional de veteranos, por exemplo o Henrique Assis. 

De que idades são os alunos?

Começam aos cinco anos, com o baby ténis e o aluno mais velho tem 80 anos. É um desporto que se pode praticar em todas as idades. Há estudos que dizem que é o desporto que se pode praticar até mais tarde. 

O clube organiza competições?

Temos 15 torneios anuais da Federação Portuguesa de Ténis. E também organizamos torneios para os sócios. 

Os nossos atletas participam em provas pelo país e pelo mundo.Pelo mundo participamos através dos nossos atletas que representam a seleção. 

“Paddel foi uma lufada de ar fresco para o clube”

Agora há uma nova moda, o paddel. Como é que o clube viu a chegada desta nova tendência?

O paddel foi uma lufada de ar fresco para o clube. No início havia o receio de perder atletas. Alguns clubes não apostaram nessa modalidade porque diziam que o paddel iria roubar atletas ao ténis. Mas aconteceu exatamente o contrário. O paddel implementou-se e fez regressar ao clube antigos praticantes que já tinham jogado ténis. E aumentou o número de alunos na escola, porque a maior parte de praticantes de paddel têm alguma idade e trouxeram os filhos para a escola de ténis. Dessa forma, os miúdos vão começando a ganhar algumas capacidades técnicas para o caso de algum dia jogarem paddel. É muito fácil a transição, o contrário já é mais difícil. O ténis é muito mais técnico. Alguns dos jogadores que vieram para jogar paddel e nunca jogaram ténis tiveram curiosidade e decidiram começar a jogar. 

Em termos de horários. Qual o de maior frequência?

O clube logo de manhã tem uma dinâmica muito grande. Abrimos às 8h30 e encerramos às 24h e tem sempre muita gente a jogar. 

Quantos courts tem?

Temos seis, três cobertos e três descobertos. 

Quais são os objetivos futuros? 

Esta é uma pergunta muito difícil. Vou dizer porquê. Quando fomos eleitos em 2017, tínhamos margem de progressão. Eu sinto que agora já não temos. Na escola, por exemplo, já não podemos ter mais turmas, porque não temos espaço físico para dar as aulas. Temos de combinar a escola com os sócios que querem jogar ténis. Nós restringimos à escola, os courts cobertos. No inverno, os sócios são prejudicados. Estamos limitados. Já não temos muito por onde crescer. Temos cinco professores de ténis. O nosso objetivo é manter a qualidade e manter esta dinâmica.

Mas tem pessoas em lista de espera?

Sim, já temos algumas pessoas à espera de vaga. 

E as necessidades?

Neste momento, a maior é a cobertura lateral dos courts. Temos um projeto que já está encaminhado. Dada a procura que temos no inverno também queríamos cobrir mais um court. 

Contam com algum tipo de apoio?

Nós temos um apoio regular da autarquia, mas deve ser dos mais baixos. E não me estou a queixar, porque somos um clube privado, apesar de termos as portas abertas à sociedade. Nós abrimos as portas às férias escolares. Há instituições, como a APPACDM e o Berço, cujos utentes praticam ténis.  Os atletas que representam a seleção são apoiados pela Câmara. Nós somos um clube privado, mas aberto à sociedade.

Como sobrevive o clube?

Através das quotas dos sócios, das publicidades, a receita do paddel, e a escola. Temos um orçamento que ronda os 180 a 190 mil euros. No ano passado tivemos um lucro de 20 mil euros. Com a abertura do clube à sociedade, notamos a vinda de mais pessoas jogar. Estrangeiros é o maior número. Todos os anos batemos recordes. 

Quando termina o mandato?

Termina em 2025. Iniciámos em 2017 e temos vindo sempre a  ser eleitos. Na primeira eleição, houve duas listas concorrentes. Mas nos últimos tempos não tem aparecido ninguém, mas espero que apareça alguém capaz, porque os presidentes não se devem eternizar nos cargos”.  

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