Sons Efémeros… Conceitos do Momento…

Um dos grandes atractivos das duas regiões vizinhas, que são o Minho e a Galiza, nestas épocas do ano – Primavera, Verão e Outono – são as festas e as romarias. Quem quiser falar do Minho, apreciar os seus encantos e as actividades locais, não pode esquecer, em paralelo, as suas festividades. Nelas vive o povo os seus melhores dias, misturando as preocupações, que são muitas, com as expansões da sua índole recreativa. São o espelho das gentes da nossa terra. É nas festas que se faz o melhor intercâmbio turís­tico, recreativo e mercantil das duas populações fronteiriças e onde se consolidam os tradicionais laços de amizade e de afinidade que se ligam, des­de séculos, resistindo às vicissitudes da história. Na Galiza, de terras de Espanha, dá a impressão que estamos na continuação do Minho, nas terras de Portugal.

As festas do Minho têm fama. São festivais incomparáveis e expansivos, que se revelam nas iluminações e alegorias, nas tocatas, nos ranchos folclóricos, nas danças tradicionais, nos cantares ao desafio, em conjugação com o toque em despique das concertinas, bem como nas bandas de música, enfim, mostra-se tudo o que é alegria e a chamar ao bom humor. O minhoto é mais festejador, mais conservador, mais alegre e mais tradicional. Vive inclina­do para o seu torrão. Capricha no aspecto feérico, mas com o avanço da luz eléctrica, deixa saudades o desaparecimento da iluminação “à moda do Mi­nho”, com tijelinhas e copos de papel de inúmeras cores. Os festejos come­çam de manhã cedo, aos alvores da tépida madrugada primaveril, estival ou outonal, com missa solene, que encanta o seu aparato. Aparecem os Zés Pereiras, pandemónios do barulho, que atroam os ares, seguidos dos giganto­nes e dos cabeçudos. Estoiram os foguetes… Repenicam os sinos… Tudo envolvido perante o seio de uma natureza luxuriante e convidativa ao lazer e ao repouso da mente e do espírito.

Viana do Castelo – a princesa do Lima – faz da sua romaria a soberana de todas as romarias do nosso Portugal. Ao mesmo tempo litúrgica e pagã, fidalga e popular, é bem a síntese de todas as outras. A Romaria d’Agonia é uma festa do povo para o povo e muitíssimo facetada. Dos números mais interessantes da romagem, que são variados, destacam-se as duas procissões como grandiosas manifestações de fé e de beleza, a Festa do Traje, a mos­trar o vestir “à vianesa”, numa exposição espectacular de alto valor a sobressair as gentes concelhias quanto às manifestações materiais da sua actividade, aliado ao cortejo etnográfico, sem descurar o fogo do meio ou da Santa, que sobe para o Céu nas proximidades do Campo do Castelo onde funciona o arraial pejado de pessoas num cenário envolvente da Capela da Senhora d’Agonia. A meu ver sente-se a falta da tourada.

A praça de tou­ros, na Argaçosa, onde decorria a arte de lidar toiros bravos, está a apo­drecer, dando um aspecto de total abandono. Este espectáculo táureo não devia ter sido suspenso por vontade unilateral mas, sim, após consulta aos munícipes, acto de validade democrática, respeitando-se, então,o que fosse decidido maioritariamente. Termina com a serenata no rio Lima, esplêndida demonstração de fogo aquático e do ar, com barcos iluminados e decorados a navegarem nas suas águas, descantes e musicatas, podendo-se afirmar, sem dúvida, que se está numa típica evocação das barcarolas venezianas, embora com muita mais alacridade.

Nota: Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.

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