Sons Efémeros… Conceitos do Momento…

Crónicas das imagens do viver

As festas do Alto Minho são um desdobramento de cor, alegria e saber apresentar os produtos agrícolas cultivados no decorrer do ano, além de outros antigos da mais diferente espécie, numa sinfonia de sons, movimentos e gestos na demonstração da coisa produzida, patentes, agora, ao público, nos seus variados aspectos, destinados, então, à venda. Os locais onde se realizam as feiras são os mais diversificados, quer desenvolvendo-se em zonas rurais protegidas pela natureza, quer nas proximidades de grandes aglomerados de construção controlados, quer, ainda, em específicas áreas urbanizadas, atenta a manifestação de vontade dos municípios e freguesias.

São, as feiras, uma forte aparência de muito tipicismo da vida social das nossas terras. Há épocas em que elas se sucedem quase ininterruptamente, como seja, no Verão, a dar apoio aos festivais. Quem deseja conhecer o povo no seu falar, no trajar, nas canções, nas danças, nos seus gostos, consubstanciado pela alimentação e não tiver tempo ou oportunidade de surpreender cada uma destas expressões públicas de sentimentos do seu viver pelas cidades, vilas e aldeias do pitoresco Minho, desloque-se, então, às grandes feiras anuais. Desse modo, aí, passarão a deparar-se com semblantes folclóricos em quase toda a sua pureza.

As pessoas passam entre tendas e ouvem-se as conversas dos feirantes. O sol faísca e reverbera, na época quente. Tudo, aqui, se arruma e ordena, embora à primeira vista pareça uma enorme balbúrdia. Destacam-se os carros das melancias, dos melões e dos pepinos, ou os cestos e até mesmo, em montes, espalhados pelo chão, que os compradores regateiam.

Mais à frente, ou do lado oposto, estão as carrinhas ou as mesas com as fazendas e as chitas, além dos lençóis aos cobertores, toalhas e outros artefactos úteis ao homem, onde não se descura o pronto-a-vestir. Não ficam esquecidas as bugigangas que uma grande parte das mulheres aprecia, em conjunto com a sapataria. Alia-se, também, a fila dos vendedores de frutas e cereais, com forte destaque para o sexo feminino. Mulheres escalonadas, acaçapadas em cestos ou rasas, deitam conta aos sacos abertos onde espreitam os feijões, os tomates, o milho, as alfaces, bem como outra produção hortícola, no meio das uvas, das maçãs, das peras, dos pêssegos, das ameixas, do centeio, da cevada, do trigo, numa variada demonstração frutífera ou cerealífera, conforme as estações do ano. Há cabos de cebolas atadas na palha e molhos de cabeça de alho, seguindo-se sacolas com batatas, que chama, imediatamente, a atenção.

A carne de porco nas suas variadas preparações na proximidade das hortaliças dá vontade, desde logo, de ser comida. Cavaqueia-se, quando não se faz negocio. O sol, aperta bastante ou a chuva e o vento incomodam o ambiente. A atmosfera vicia-se da transudação das gentes e na envolvência de recantos menos limpos com o possível descuido no amontoar do lixo. A multidão agita-se, cresce, e a vozearia atroa mais e mais. E no escoar-se do dia, tanto os que já fizeram os seus negócios como aqueles em que tudo podia ter corrido melhor, vão deixando esses locais, na antevisão, portanto, de uma próxima feira.

Nota: Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.

(foto: “Valedominhodigital.pt”)

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