O suspeito de 20 incêndios florestais em Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, ficou em prisão preventiva, disse hoje à agência Lusa fonte judicial, depois de ter sido libertado devido à greve dos funcionários judiciais.
O homem, de 28 anos, foi detido uma primeira vez pela Polícia Judiciária (PJ) em 31 de agosto, mas, devido à greve dos funcionários judiciais, o juiz de instrução criminal ordenou, no dia seguinte, a sua libertação, justificando a decisão com o facto de não ter condições para a realização do primeiro interrogatório judicial, por falta de funcionários judiciais.
“Entretanto, o Ministério Público pediu a emissão de novo mandado de detenção, o arguido foi novamente detido ontem [quarta-feira] na sua zona de residência e, nesse mesmo dia, foi presente a um juiz de instrução criminal para primeiro interrogatório judicial, que lhe aplicou a medida de coação mais gravosa: prisão preventiva”, explicou a fonte judicial.
Em comunicado divulgado em 31 de agosto, a PJ anunciava a detenção do suspeito de, pelo menos, 20 incêndios florestais que se verificaram em várias freguesias do concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, durante os últimos cinco meses.
A PJ de Braga referia que os incêndios ocorreram entre 09 de abril e 28 de agosto, nas freguesias de Vila Nova de Muía, de Touvedo, de Paço Vedro Magalhães, de Vila Chã e de Lindoso, as quais, durante aquele período temporal, foram “sistematicamente atingidas por uma onda simultânea de incêndios florestais, causando alerta entre a população local”.
Em conferência de imprensa realizada nesse dia, após a divulgação do comunicado, o coordenador da PJ de Braga adiantou que o suspeito, residente na zona, era operário da construção civil, estava inserido social, profissional e familiarmente, acrescentando que na origem da sua atuação estaria “o fascínio pelo fogo e pela movimentação dos meios” no combate aos incêndios.
António Gomes deu conta de que o detido, sem antecedentes criminais e com o 12.º ano de escolaridade, era o principal suspeito de, pelo menos, 20 incêndios que consumiram 120 hectares de floresta, na zona entre a Ponte da Barca e o Lindoso, próxima do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
“Não poderei dizer se é um dos maiores incendiários do país. Mas a zona afetada tem grande potencial, pode provocar prejuízos avultadíssimos. Até pelo número de ignições, que são dezenas. Era um risco enormíssimo a sua conduta, a sua ação”, vincou António Gomes.
O coordenador da PJ de Braga revelou que o suspeito “prestou esclarecimentos sobre algumas das situações, concludentes sobre alguns incêndios”, sublinhando que a investigação está em curso, havendo a forte probabilidade de ligar este arguido a outros incêndios ocorridos na mesma zona, nomeadamente em 2022.
Foi a “incidência muito grande de fogos florestais” naquela zona que levou a PJ a desencadear a investigação, que implicou a afetação “de meios humanos significativos”, com o objetivo de pôr cobro a esta onda de fogos.
A PJ apreendeu vários isqueiros ao suspeito, que não era fumador, sendo a chama direta a alegada forma de atear os incêndios, quando o homem se deslocava na sua viatura entre o concelho da Ponte da Braca e a zona do Lindoso.
Lusa