“Talha”, de Francisco Carneiro Fernandes. Um livro de que Viana carecia

Depois do roteiro do azulejo, chegou-nos o roteiro da talha, com a qualidade de pormenor e o estudo persistente que Francisco Carneiro, o autor, confere a todos os seus livros.

Viana, a nossa emblemática cidade, dispõe de um número significativo de templos religiosos, mais ou menos ricos, mas todos de grande beleza, com a talha como elemento predominante em todos eles. Infelizmente não temos sabido divulgar tanto quanto o devíamos fazer esta riqueza de que dispomos junto de quem nos visita.

Um roteiro simples, exclusivamente para as igrejas, em prospeto, há muito que devia estar ao dispor dos forasteiros que por cá vão passando, atraídos pela beleza da nossa urbe. Há muito para ver na nossa cidade, mas o património religioso pela sua presença forte na cidade deveriam merecer essa atenção. Se há publicações para tudo, mal se compreende que esta vertente seja tão esquecida.

Felizmente, Francisco Carneiro, com o apoio do Município, brinda-nos agora com um trabalho aturado sobre a talha, tão abundante ela é, especialmente nas igrejas de São Domingos, Misericórdia, Matriz, Caridade, para só citar as mais centrais e talvez as mais visitadas na cidade. O autor, com propriedade, diz-nos na apresentação da obra que Viana do Castelo é um concelho repleto de encantos e que, entre estes, em lugar de destaque, sobressai a talha dourada. Não poderia ser mais objetivo. Admirar a talha dourada, particularmente nos altares das nossas mais representativas igrejas, reconforta-nos alma e alivia-nos a mente, tão grande é a beleza que daí imana. Nesta apresentação, Francisco Carneiro diz-nos ainda: “o roteiro dedicado à talha apresenta-se como uma verdadeira viagem pelo conhecimento, apontando a vianenses e turistas igrejas e capelas a visitar, num convite à descoberta das nossas preciosidades locais”. Mas para que tal fosse possível, acrescentamos nós, foram necessários anos de estudo, aprendizagem, abordagens, confronto de fontes, e muito debate com outros especialistas desta matéria.

O livro inicia-se com um enquadramento histórico-geográfico de Viana, assunto que o autor tem suficientemente estudado e trabalhado em obras sobre a nossa monumentalidade. Parte depois para o roteiro da talha no concelho de Viana do Castelo, dividido em quatro percursos, que vão do centro da cidade até Neiva, passando pela orla marítima, enquadrando Carreço, Areosa e Afife, e pela Ribeira Lima.

Termina com um reduzido, mas bem elucidativo, capítulo sobre a evolução da talha em Portugal, que permite uma melhor compreensão da obra no seu conjunto. Com abundante e rica ilustração, a partir de um intensivo levantamento fotográfico em todas as igrejas do concelho, com recurso a bons meios técnicos, por Victor Roriz, e arranjo gráfico de Rui Carvalho a obra tem um complemento perfeito.

Felicite-se o autor e toda a equipa que o coadjuvou. Viana e os vianenses passam agora a dispor de um trabalho que faz a exaltação de uma arte excelsa de que dispomos que tinha pouco suporte informativo. Também andou bem o Município em custear a produção.

GFM

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