O autarca socialista de Viana do Castelo dá conta do investimento do município no combate ao novo coronavírus. José Maria Costa lembra que na última reunião de câmara reforçaram o orçamento na área da proteção civil e apoios sociais.
Numa altura em que se prevê retomar a atividade económica, o autarca socialista manifesta preocupação por alguns setores, mas garante que a Câmara e a Associação Empresarial estão a “avaliar os setores mais atingidos” para fazer exigir medidas adequadas ao Ministério da Economia.
Com alguns investimentos anunciados na área da hotelaria, José Maria Costa assegura que nenhum foi cancelado, antes pelo contrário, os promotores “afirmam que a boa imagem do concelho e do país face à Covid-19, pode ser um fator de segurança e de confiança para os turistas estrangeiros”.
Ainda sem uma decisão sobre a Romaria D´Agonia, o autarca garante que durante o próximo mês será conhecida uma decisão.
A Aurora do Lima (AAL): Em Viana, à semelhança do resto do país, tem havido uma diminuição (hibernação) da atividade económica. Já definiram estratégias pós-pandemia?
José Maria Costa (JMC): As medidas de confinamento social e as restrições impostas pela Direção Geral de Saúde e Governo a muitas atividades empresariais afetou a economia local e nacional. A Câmara Municipal tem reunido com a Associação Empresarial e com outros agentes económicos no sentido de se avaliar os setores mais atingidos, propor ao Ministério da Economia medidas mitigadoras e também preparar um conjunto de ações para reativar a economia. Para dar resposta imediata à economia desenvolvemos, em conjunto com a AEVC, um projeto do Comércio Digital, um programa de atração de turismo interno e restauração com o lema “Havemos de ir a Viana” e promovemos plataformas eletrónicas ligadas aos serviços de “Take Away” na restauração. Estamos também a lançar um conjunto significativo de obras públicas que terão início já no início do mês de maio, para reativar a construção civil e apoiar a economia local no valor de 17 milhões de euros. Obras como os Acessos Rodoviários ao Porto de Mar, Requalificação Escola EB2,3 S de Monte da Ola, Infraestruturas de Água e Saneamento em diversas freguesias, Requalificação da Rede Viária Municipal e Reabilitação de Arruamentos Urbanos, Rua de Ziguinchor, Rua Nova S. Bento e Rua da Bandeira.
AAL: Quais os setores que mais estão a sofrer com esta crise?
JMC: De acordo com as informações que dispomos são os setores do pequeno comércio, restauração e hotelaria que praticamente encerraram e que não têm qualquer atividade o que penaliza muito as suas tesourarias.
AAL: Os indicadores económicos de Viana apresentados em fevereiro revelavam que o volume de negócios da atividade económica do concelho rondava os 2,8 mil milhões de euros. Já há dados sobre o impacto desta pandemia?
JMC: Ainda não temos qualquer indicador oficial. É natural que tenhamos uma queda significativa nos meses de março e abril, períodos do Estado de Emergência, mas que a partir de maio possamos ter uma reativação da atividade, em especial da atividade industrial que começa a retomar a laboração normal.
AAL: O turismo tem sido um dos setores mais pujantes em Viana do Castelo e é, agora, dos que mais sofre. Anunciaram-se até novos hotéis. É previsível que todo o processo tenha de ser alterado?
JMC: Os contactos que temos tido com os promotores têm sido animadores, não havendo informação de cancelamento dos projetos, antes pelo contrário, afirmam que a boa imagem do concelho e do país face à Covid-19, pode ser um fator de segurança e de confiança para os turistas estrangeiros.
AAL: Com a dimensão da crise económica que se vai seguir, são previsíveis novos casos de pobreza. Já tem definidas ações de mitigação social?
JMC: Estamos muito atentos a esta situação social com o apoio da Rede Local Social e com a excelente cooperação das IPSS’s do concelho. Temos um trabalho diário com as Comissões Vicentinas, Cruz Vermelha, Cáritas Diocesana e da IPSS’s que nos permitem, conjuntamente com os Agrupamentos Escolares sinalizar e acompanhar as situações de dificuldades. Os nossos serviços municipais, em articulação com a Segurança Social, têm dado resposta aos casos identificados. Já apoiamos neste período 467 munícipes, já servimos 1.950 refeições a alunos carenciados, 950 refeições a famílias e 1.995 refeições a situações identificadas pelas IPSS’s. Apoiamos também os alunos com dificuldades emprestando 400 computadores e ligações de internet para poderem ter aulas à distância. Reforçamos também alguns apoios financeiros ao Refeitório Social, Cruz Vermelha, Bombeiros Voluntários, Comissões Vicentinas e IPSS’s para acudir às novas situações de emergência social.
AAL: Na última reunião de Câmara aprovaram uma revisão orçamental para incorporação no saldo de gerência. De que valor? E por que razão?
JMC: A Câmara Municipal fechou o ano de 2019 com um saldo de 151.464,61 euros que pode agora, com a aprovação do relatório de Contas, inscrever no orçamento de 2020. Este montante foi para reforçar as verbas das rúbricas já existentes da Proteção Civil e Apoios Sociais.
AAL: Em termos globais, qual foi até ao momento o investimento da autarquia no combate à Covid-19?
JMC: O investimento global neste momento aproxima-se dos 500 mil euros, mas já reforçamos na última reunião de câmara o orçamento para 750 mil euros, nas componentes sociais e da proteção civil, para acudir a novas situações que ocorram.
AAL: Há dias disse que em maio iria anunciar a decisão para a Romaria D`Agonia. Já pode anunciar o que vai acontecer?
JMC: Já promovi uma reunião com a Confraria da Sra. Da Agonia, com o padre Vasco da Paróquia de Monserrate e com a Direção da Viana Festas e Comissão de Festas da Senhora d’Agonia para análise das restrições que temos neste momento pela DGS. Tivemos também oportunidade de conhecer as restrições a grandes eventos por parte de outros países como a Alemanha, Irlanda, Bélgica e França e que apontam todos para que não existam grandes eventos públicos até ao final do mês de agosto. Neste sentido, vamos preparando um cenário de realização das Festas d’Agonia num cenário restritivo e, em maio, com mais informação e novas orientações do Governo, tomaremos as decisões sempre com a preocupação de garantir a saúde das pessoas.
Gostaria de deixar uma palavra de confiança e esperança no futuro a todos os vianenses. Estou certo que juntos venceremos este desafio como no passado já fomos capazes de ultrapassar grandes dificuldades.
Uma palavra também de gratidão a todos aqueles que diariamente dão o seu melhor na defesa da vida nos hospitais, nas forças da proteção civil e de segurança, aos funcionários dos serviços municipais e municipalizados, que diariamente garantem os serviços essenciais, aos trabalhadores das farmácias, empresas distribuição alimentar, aos funcionários das IPSS’s, aos Agrupamentos de Escolas, às Juntas de Freguesia e a muitos voluntários que garantem todas as funções essenciais da sociedade.