Visitantes e visitados

Deste Senhor, que já ultrapassou as nove décadas, mas ainda vem até nós, a partir da capital, solitariamente, em carro próprio, já temos falado. Sobre seu pai, Manuel Filgueira, mais temos dito. Tomara, Filgueira – pai, (1866/1955) foi o fotógrafo oficial do nosso Município, e nada menos da nossa cidade, ao longo dos 54 anos que, vindo da Galiza, entre nós viveu (1901/1955).

Cá esteve, então, o Manuel Filgueira – filho. Quando nos abraçou, a pergunta sacramental, para satisfazer curiosidades é saber como, vindo de Lisboa, chegou até nós. – “Ora, no meu carro, como poderia não ser desta forma. E, já agora, deixem-me que vos diga que, respeitando as regras limitativas da velocidade, ainda vou ultrapassando muitos”, diz-nos com sorriso matreiro. E não vale a pena dizer-lhe que a viagem é longa e que bem poderia vir de comboio, porque a esse meio de transporte não está nada habituado, já que, ao longo da vida, correu boa parte da Europa no seu bólide. “Conduzir é o que sei fazer melhor”, diz alegremente.

Almoçamos juntos e, como é habitual, conversamos o suficiente para sabermos como gira a vida. Soubemos, então, que um dos seus maiores sonhos, era ver o nome do pai perpetuado em nome de rua da cidade que o abraçou e que serviu abnegadamente. Por essa razão, com a promessa de tal, também ele ofereceu todo o espólio fotográfico ao Museu Municipal de Viana. E em abono da sua tese, até nos disse: “se o meu pai até teve direito a figurar em selo de correio, porque não lembrá-lo em nome de uma das muitas artérias que retratou na urbe que tanto amou”. Se há esse compromisso, um dia acontecerá, dissemos-lhe. Mostrou-se cético, ao afirmar que já não tinha tempo para sentir essa alegria. Depois partiu, com a promessa de regressar breve. Viana também me pertence, disse-nos na despedida.   

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