A festa das Cruzes

A Festa das Cruzes em Alvarães, que se realizaria nos dias 15, 16 e 17 de maio, foi cancelada como todas as manifestações religiosas do país por causa da pandemia que se abateu por todo o lado. Mas os alvaranenses não deixaram passar em branco a data que lhes é muito querida e com as devidas cautelas e muita prudência marcaram a efeméride festiva com algumas atividades que provam a grandeza da alma desta gente e o seu bairrismo interiorizado no mais puro âmago de cada morador.

Há dias atrás, o povo respondeu ao apelo da Igreja e dos Catequistas da paróquia enfeitando cruzes com pétalas floridas e colocando-as nas varandas das suas habitações. Foram dezenas e dezenas de cruzes, símbolo máximo da Paixão de Cristo e matriz da nossa festa: a Festa das Cruzes em memória da Santa Cruz do Redentor. A Cruz que é também símbolo de vitória de Jesus Ressuscitado e de Glória consubstanciada na Ascensão de Jesus ao Céu. A Festa de Alvarães, durante muitos anos, acontecia precisamente em quinta-feira da Ascensão.

Os andores floridos compostos, pétala a pétala, pelos moradores dos diferentes lugares e que hoje são o ex-libris da nossa Festa, chegaram a esta comunidade muito mais tarde, apenas no ano de 1946, há 74 anos, e desta vez não foram feitos. Sentiu-se a falta do ambiente festivo, da azáfama dos preparativos e do perfume das flores do campo.

Mesmo assim, no dia 17 de maio, domingo, às 11 horas, houve celebração da Eucaristia pelo pároco, Monsenhor António Gonçalves, com uma igreja Matriz vazia de gente, mas cheia de emoção e transmitida via Internet. A cerimónia foi solenizada pelos cânticos do Coral de São José Operário e teve a honrosa presença do Sr. presidente da Câmara Municipal, Engenheiro José Maria Costa e dos membros da autarquia de Alvarães. Às 16 horas, igualmente na igreja Matriz, vazia, houve a “Adoração ao Santíssimo Sacramento e uma homenagem ao povo dos lugares”. Esta homenagem estendeu-se também aos filhos de Alvarães na diáspora e que acompanharam todas as cerimónias através da Internet, com saudade e emoção de serem alvaranenses. Um obrigado ao Sr. vereador Luís Nobre que com a sua presença e palavras carregadas de significado e de esperança, prometeu voltar no próximo ano.

As Festas deste ano foram vivenciadas de um modo diferente, atípico mesmo, mas que não deixaram de tocar a sensibilidade das pessoas de Alvarães que dentro das limitações impostas pelas atuais circunstâncias imprimiram vitalidade carregada de esperança em dias melhores.

Foto: Facebook Freguesia Alvarães

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