Viana do Castelo é um dos 121 concelhos abrangidos, desde ontem, pelo confinamento parcial, decidido pelo Conselho de Ministros, no último sábado. Deste modo, passam a existir o dever cívico de recolhimento domiciliário, teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador, comércio a fechar às 22h00, restaurantes e equipamentos culturais a encerrar as 22h30.
Os eventos e celebrações estão limitados a cinco pessoas, exceto nos casos em que os participantes pertencem ao mesmo agregado familiar, e os restaurantes só podem ter seis pessoas por mesa.
Os concelhos abrangidos têm mais de 240 casos de infeção com o vírus da covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias e será este o critério que servirá para atualizar a lista de municípios sujeitos a medidas restritivas a cada 15 dias, seguindo um princípio definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.
Dos 10 concelhos do Alto Minho, só quatro, para já, não são abrangidos por estas medidas de confinamento parcial: Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Monção e Melgaço.
COMERCIANTES PREOCUPADOS
Foi também, inicialmente, anunciada a proibição das feiras. Mais tarde, já foi admitida a sua realização desde que autorizados pelas autarquias e caso se verifiquem as condições de segurança e o cumprimento das normas da Direção-Geral de Saúde (DGS).
Nesse âmbito, em Viana do Castelo, a Câmara Municipal decidiu autorizar a realização de feiras e mercados de levante, nomeadamente a feira semanal (à sexta-feira), desde que sejam cumpridas as referidas orientações.
Entretanto, no último domingo, nas redes sociais, surgia a página Feirantes de Viana. Só nas primeiras 24 horas conseguiu juntar mais de 1 800 membros. A página foi criada por Renata Guisantes, professora de dança de 34 anos, “Não estava a contar com este impacto. Espero ajudar não só os feirantes, como para os próprios clientes que, muitas vezes, não têm oportunidade de ir à feira as vezes que gostariam”, referiu à comunicação social.
Por sua vez, o presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo, Cunha Júnior, considerou não se justificar “implementar medidas onde não há necessidade. Não é a questão de ser ilha [ter percentagem inferior de infetados em relação aos concelhos vizinhos], nem deixar de ser ilha. As coisas têm de ser ponderadas para se evitar colapsos económicos”. Temem-se o impacto económico que estas medidas podem ter no comércio local.
Já o presidente do Município vianense acha que “temos de entender estas medidas, como medidas de saúde, de proteção, numa situação de grande emergência, porque ao dia de hoje estamos com números superiores ao que tivemos em março e abril”.
Noutro âmbito, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Ricardo Mexia, considerou que as medidas adotadas pelo Governo no sábado para travar o avanço da pandemia da covid-19 são “positivas, mas pecam por tardias”.
Entretanto, num périplo pela cidade, deparamo-nos, ainda, com gente a circular sem máscara, com ela pelo queixo ou, quando muito, apenas a tapar a boca. Havia quem não se coibia de expirar livremente o fumo do tabaco quando passava junto de outros transeuntes. Como alguém observou, em pleno século XXI, nem sequer “deveria ser necessário um Governo ter que proibir” e, a existir uma melhor consciencialização, “provavelmente, a pandemia estaria mais controlada”.
Reunião da Proteção Civil
Entretanto, a Comissão Municipal de Proteção Civil reuniu segunda-feira para analisar as medidas anunciadas pelo Governo.
Foram ouvidos os diferentes intervenientes nas áreas da saúde, (Delegação de Saúde e ULSAM), Segurança Social, forças de segurança e o comandante operacional do distrito (CODIS).
Na oportunidade, “os serviços de saúde deram conta dos constrangimentos existentes, referenciando os Planos de Contingência que estão a ser ativados para fazer face ao incremento do número de doentes COVID, bem como no atendimento de utentes com doenças crónicas, tendo para isso sido aumentado o número de camas em enfermaria”.
Já o responsável distrital pela Proteção Civil alertou para a necessidade de os Municípios criarem espaços de isolamento adequados para permitir o isolamento dos profissionais nas áreas da proteção civil ou outros que não tenham condições quer por motivos profissionais, quer por motivos familiares.
Outra das preocupações apontadas foi a gestão dos recursos humanos que tem “de ser adequada e inteligente atendendo às dificuldades de encontrar meios ou recursos humanos suficientes com a agudização da pandemia”.
O presidente da Câmara de Viana do Castelo ficou incumbido “de procurar agilizar a priorização de testes aos agentes da proteção civil; de procurar encontrar espaços de confinamento mais pequenos do que o Centro Cultural para acudir a situações de emergência; e agilizar, através de um protocolo com a Cruz Vermelha Portuguesa, a realização de testes rápidos de despiste para situações que tenham a ver com as forças operacionais de proteção civil municipal.”