A Junta de Freguesias Barroselas/Carvoeiro, em cooperação com a Câmara Municipal e a Delegação do Serviço Nacional de Saúde, de Viana do Castelo, tem vindo a realizar um aperfeiçoado sistema para a vacinação da gripe sazonal. Assim, alternadamente duas enfermeiras daquela Delegação deslocam-se às duas freguesias para vacinar os seus habitantes, mediante guia, que deve ser recolhida na sede da Junta de Freguesia, na Rua da Estação, n. 165, Barroselas.
Em Carvoeiro, esses serviços funcionam na antiga sede da Junta, de Carvoeiro, no largo de Santana, e em Barroselas, na Piscina Municipal do Centro Desportivo de Barroselas, na Rua Padre Luís Faria. Igualmente, nessas instalações, pode ser aplicada a vacina contra infeções pulmonares, embora para esta, seja necessária receita médica. Por estas razões, tem-nos chegado, vindo dos utentes, os maiores elogios, distribuídos pela simpatia das enfermeiras, pelo zelo da Junta de Freguesia e pela Câmara Municipal.
Casa da Olaia
Já nestas páginas referimos, a demolição da Casa da Olaia, um edifício, com obras de cantaria, um artístico portão e umas Alminhas, do século XVIII, que se situava na confluência da Rua do Campo da Vinha, com a estrada nº 308, e a consequente perda dos valores do património que encerrava.
Em face disso, várias pessoas que leram a notícia, lamentaram o facto e referiram-nos a inoperância das autoridades, Câmara Municipal e Junta de Freguesia. Por outro lado, houve até quem lembrasse, que esses valores arquitetónicos, podiam e deviam ser salvaguardados, numa espécie de “museu ao ar livre”, a instalar no Largo de S. Sebastião, conforme há tempos lembramos nestas páginas, a propósito de um marco da Casa de Bragança, que há séculos fez parte da limitação do Couto de Capareiros, e que jaz abandonado, junto a um antigo caminho, que ligava a zona de Vale às Boticas.
Se outro valor estas palavras não tiverem, sirvam de referência e alerta às autoridades, para evitar a perda de iguais valores patrimoniais, cuja referência, pude averiguar, nos documentos sobre o assunto, editados pela associação Centro de Estudos Regionais, de Viana do Castelo.
Homenagem aos Combatentes
No dia 01 de novembro, a Comissão dos Combatentes do Ultramar de Barroselas, como é habitual, naquele dia que a Igreja dedica aos que já estão na Eternidade prestou sentida homenagem.
Assim, naquele dia, com a presença de muitos antigos companheiros, o presidente da Comissão, Manuel Barbosa, acompanhado do presidente da Junta, Rui Sousa, e demais autoridades, depuseram na base do Monumento, no Largo de S. Sebastião, um ramo de flores. No ato, o antigo Combatente, Rogério Pereira, em breves palavras, aludiu ao significado daquele ato, em memórias dos companheiros, que perecem em terras do antigo Ultramar e dos que faleceram, já desmobilizados, portanto que já não estão entre o número dos vivos. Este ato, que anualmente se repete, é sempre vivido com certa emoção.
Os “Lumes espera-galego”
Numa época em que tudo escasseou em Portugal, que foi o tempo da segunda guerra mundial 1939/1945, desde artigos de luxo, até aos bens de primeira necessidade, como foi o pão e a mercearia, também não havia abundância de fósforos e como essas ocasiões são propícias ao desenrasque, a situação deu oportunidade ao fabrico artesanal de fósforos, aos quais o povo chamava “lumes de espera galego”.
Vários foram os naturais deste Vale do Neiva, que a essa tarefa se dedicaram, segundo o que foi referido, pelos idosos que ouvi, foram “fosforeiros”, entre outros, os irmãos Fernando e Sebastião Pires, dos Reis Magos, em Mujães e os irmãos Joaquim e João Martins da Cruz, “Carolos”, das Alvas, em Capareiros. Como a atividade era clandestina, os irmãos Pires, trabalhavam o material, às escondidas, nos campos da Agra da Aldeia, enquanto os irmãos Cruz, faziam-no nas bouças e campos das Alvas, no extremo do lugar, já a confinar com os limites de Fragoso e Alvarães. Quem pelas portas, ia vender os “lumes”, era a tia “Chica Barraca”, que morava no lugar do Outeiro, de Capareiros, que para isso, se deslocava a pé, pelas freguesias vizinhas e até a algumas mais distantes, do outro lado do rio Lima, transportando os lumes, num cesto à cabeça.
O nome de espera-galegos dado aos fósforos, segundo consegui apurar, vinha-lhes do facto de que parte da matéria-prima vinha, clandestinamente, da Galiza. Por outro lado, como a ignição do fósforo levava alguns segundos, esse tempo de espera, teria peso, na atribuição do nome, e “espera-galego”, dado aos fósforos.
Vejamos agora, com se processava o trabalho e a origem dos materiais usados.
O “lume”, como era designado, era constituído por um palito, com sete ou oito centímetros de comprimento, que numa das pontas, tinha uma cabeça feita, com uma massa de enxofre e fósforo. O enxofre era de venda livre, mas o fósforo tinha regras para venda, porque só podia ser usado em profissões, que justificassem o seu uso, o que não era o caso destes amadores, e por isso, os “artistas” conseguem-no de contrabando, vindo da Galiza.
Os palitos também não lhes custavam dinheiro, porque iam pelas bouças da vizinhança e cortavam as “varrotas”, como eles diziam, isto é, os pinheiros ainda novos. Esgalhavam-lhes os ramos, aproveitado todo o toro, que desse para aproveitar e com uma serra cortavam-no na medida necessária, para depois, com uma espécie de facão, com golpes certeiros, punham os pauzinhos na medida certa do fósforo.
De seguida, faziam uma massa com o enxofre e o fósforo, usando como líquido o petróleo. Quando a massa, estivesse com a consistência necessária, mergulhavam uma ponta do palito na massa, e a massa que nele ficasse agarrada, era a “cabeça” do lume necessária para o acendimento do “espera-galego”. Depois sobre papel de saco de cimento, punham-nos a secar ao sol, durante um ou dois dias, logo que estivessem secos, recolhiam-nos e empacotavam-nos, numa embalagem, também feita por eles, com o mesmo papel, colada com farinha triga. Em cada pacote, eram colocados uma, duas ou três dúzias de lumes. Era portanto, à dúzia, que a vendedora os recebia, e com a mesma medida, os vendia aos fregueses.
Entretanto foi criada a Fosforeira Nacional, a quem foi concedida pelo Governo a exclusividade da venda dos fósforos e deu poder à polícia para fiscalizar o fabrico de fósforos clandestino.