A Sala Experimental do Teatro Sá de Miranda acolheu na última sexta-feira a interpretação de quatro jovens migrantes da adptação do texto “Migraaaantes”, de Matéi Visneic.
Ana Perfeito, atriz do Teatro do Noroeste, é a responsável pela adaptação e encenação e reconhece que a peça faz um paralelismo como a aves migratórias. “É muito esta mistura entre as andorinhas, que são aves migratórias, e as pessoas que também são migrantes. Há o símbolo da gaiola que pode servir como casa, mas ao mesmo tempo como prisão, que muitas vezes é assim que se sentem os migrantes num país distante. Tem uma casa, mas ao mesmo tempo sentem falta de alguma coisa”, explica.
Para além do texto do migrante Matéi Visneic, a peça utiliza também um poema de Pablo Neruda.
Quatro jovens migrantes em Viana do Castelo foram desafiados a interpretar cenas que não viveram na viagem até Portugal. Beatriz Almeida, Maria Rita Pinto e Nicole Uchoa fizeram a viagem do Brasil e Juan Garcia da Venezuela. “Já fiz alguns outros espetáculos. Este é um desafio novo. É duro pensar nas cenas que fazemos e pensar que pessoas vivenciam isto”, conta Beatriz Almeida. A jovem migrante diz que “estar no palco é incrível”. Argumentando que “é uma sensação que não dá para descrever”.
Maria Rita Pinto encontrou no teatro a motivação. “Eu comecei num workshop aqui em Viana e pela primeira vez sentia-me motivada para fazer alguma coisa”, refere.
Com uma forte componente de movimento e dança, a peça contou com a coreógrafa Mariana Pombal. “A parte final é um apanhado de toda a peça. Retrata toda a viagem, muito ligado às aves migratórias e a todo este significado”, diz a responsável. A trama finaliza com a música “Andorinhas”, da fadista Ana Moura.