Conversa com a Diretora Técnica do PASA

A Dr.ª Ângela Araújo é a diretora Técnica do Posto de Assistência Social de Alvarães (PASA) desde dezembro de 2009, mas já está ao serviço da Instituição desde o ano 2007, quando aqui iniciou funções na equipa do RSI (Rendimento Social de Inserção).

Esta jovem que dá nas vistas pelo ritmo de trabalho que imprime às muitas tarefas do dia a dia e pela competência que revela na resolução dos problemas que se prendem com a gestão e administração desta IPSS. É uma peça fundamental no xadrez desta Instituição de Alvarães.

A Dr.ª Ângela é licenciada em Educação Social, possui especialização, pós-graduação e mestrado em Gestão das Organizações, e ainda em Gerontologia de Intervenção. 

Todos os dias faz dezenas de quilómetros desde Famalicão, onde reside, até Alvarães e acreditamos que até no percurso é uma gestora à distância.

Que diferenças, Dr.ª Ângela, encontra nesta casa desde que aqui iniciou funções e o dia de hoje?

Muitas, de certeza. Aumentou significativamente o número de colaboradores, (à data eram cerca de 25 e atualmente são cerca de 70), em decurso do aumento das respostas sociais. Atualmente dispomos das respostas sociais de Lar, Centro de Dia, Apoio ao Domicílio, Creche, CLDS (4.ª geração) e o Banco de Ajudas Técnicas. Nos últimos 18 anos e até ao passado dia 31 de maio, também cá tivemos uma equipa do Protocolo do RSI (Rendimento Social de Inserção) que agora transitou para a Câmara Municipal. Sem esquecer outros projetos que afirmaram o nome do PASA, que constituíram oportunidade de emprego e foram úteis para o meio social onde estamos inseridos e que se impuseram pelo valor e respostas dadas, como por exemplo, o Programa Operacional de Apoio Alimentar às pessoas mais carenciadas, o CLDS (3.ª geração) e ainda o Projeto INTEGRO, que tinha por objetivo a integração socioprofissional das comunidades ciganas.

Este dinamismo, na procura de respostas que ofereçam solução às necessidades da comunidade, dão expressão à grandeza desta casa e ao modo como cresceu. 

Como vê, desde há 13 anos para cá, muito se alterou: diversificou-se o público-alvo, aumentou muito consideravelmente o número de trabalhadores, assim como as instalações e a abrangência territorial. Atualmente dispomos de intervenção em todo o território da margem sul do rio Lima e podemos afirmar ser uma Instituição de referência, pela diversidade das respostas sociais desenvolvidas e pela melhoria contínua dos serviços prestados.

Bem, Dr.ª Ângela, mas também as responsabilidades…

Sim, claro. Neste caso acumulo a direção técnica com o papel de coordenação geral com todos os serviços que aqui têm lugar. A gestão diária de uma Instituição como a nossa é um desafio constante porque há muita gente a interagir durante 24 horas por dia, 365 dias por ano. A gestão destas interações todas é muito complexa, até emocionalmente. 

Dr.ª Ângela, e recrutar colaboradoras…

Tem sido difícil arranjar pessoas com o perfil adequado para manter a qualidade dos nossos serviços. E depois, para manter a plena satisfação dos utentes e dos colaboradores.

É preciso uma boa gestão para garantir os bons serviços.

Temos sentido bastantes dificuldades em recrutar colaboradores porque o mercado de trabalho apresent-se muito dinâmico, mas não podemos esquecer que os vencimentos não são muito atrativos, os horários são exigentes, podendo incluir a rotatividade pelos diferentes períodos do dia e fins de semana, o que é um desafio do ponto de vista de conciliar as responsabilidades familiares e profissionais. Acrescem as exigências que se prendem com o perfil adequado às tarefas a desempenhar. Nem todos os candidatos possuem perfil adequado. 

E não é possível pagar mais?

Para pagar mais dependemos da capacidade de negociação da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, das comparticipações da Segurança Social e da capacidade socioeconómica das pessoas que utilizam os nossos serviços. E esses são fatores que não controlamos. É preciso assegurar equilíbrio entre receitas e despesas, sem esquecer que cerca de 70% do nosso custo total relaciona-se com colaboradores.   Mas é justo e devido o aumento das remunerações pois há muito esforço no trabalho das pessoas do setor social e nem sempre esse reconhecimento existe, por vezes até pelo contrário. Temos que reconhecer a competência da nossa equipa. Apesar de tudo, a maioria das colaboradores tem categoria escolar a nível do 12.º ano e praticamente todas elas estão certificadas profissionalmente. Não tenho dúvidas, neste domínio, a nossa instituição é privilegiada.

Dr.ª Ângela, quer falar de algum período difícil que a Instituição tenha passado?

Foram vários. Aliás, a sensação é de que estamos frequentemente em período difícil. Mas não podemos esquecer do desafio do tempo da Covid-19, sobretudo porque não tínhamos informações sobre o assunto. Falta de informações, claro. Ninguém nos sabia dizer nada. Passámos muitos sustos, mas todas as colaboradoras, todo o pessoal foi inexcedível. Não tínhamos conhecimentos médicos suficientes pois não somos uma instituição da saúde e o nosso público-alvo (os idosos) eram muito vulneráveis. Foi um enorme desafio sabermos gerir as emoções de todos os utentes, de toda a equipa, famílias e até de nós próprios. Quero salientar a seriedade com que encarámos o trabalho naquela fase.

Dr.ª Ângela, a Instituição tem futuro?

Claro que tem. A procura é muito grande. Estas casas são essenciais para as famílias, quer no apoio às crianças, quer no apoio às pessoas mais velhas. Sabe, a Instituição cumpre um papel que no fundo é do Estado.

O edifício?

É insuficiente para darmos resposta às nossas necessidades. Então a cozinha, é um caso de urgente resolução. Assim como a lavandaria e outras áreas de apoio. Não há locais suficientes para arrumos e outras dependências. É resultado do crescimento de respostas. Estamos a trabalhar em soluções.As nossas valências estão repletas. Veja, o Lar com 40 camas ocupadas, o Centro de Dia tem 17 utentes e de momento não podemos receber mais ninguém, o Apoio ao Domicílio é prestado a 40 famílias, o máximo, e a Creche tem 33 crianças, também está na ocupação máxima.

Dr.ª Ângela para terminar. A senhora passa cá muitas horas diariamente, vem de longe, tem uma dedicação extraordinária à Instituição. Hoje, é possível conjugar o trabalho, obrigações e o apoio à família? 

Já foi mais difícil sobretudo quando o Gonçalo (filho) era pequenino, mas também isso tem a ver com aprendizagem e adaptação à mudança. A conciliação familiar e profissional é sempre um desafio na área da gestão de serviços sociais quando encaramos o nosso trabalho com responsabilidade.  

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