“A beleza pelo bem” é o lema da associação que vai eleger a candidata a Miss Universo

Criada em 2014, a Associação Solaris dedica-se a promover eventos relacionados com a eleição das representantes portuguesas nos concursos internacionais de beleza. Este ano receberam a incumbência de eleger a portuguesa para participar no Miss Universo.

Ricardo Monteverde conta que começou a organizar concursos numa antiga discoteca e este ano assinala-se uma década de eventos. Em novembro, no Centro Cultural pretende assinalar a efeméride recriando “um dos eventos que nos marcou”, que foi o  “Viana moda para todos”.

Há quanto tempo existe esta Associação?

A Associação Solaris surgiu no final de 2014, por intermédio de um grupo de amigos, em torno de uma iniciativa que já existia. Na altura era o Miss Viana, que era um evento realizado numa discoteca que já não existe. E essa iniciativa deu origem ao Miss Queen Portugal.

E o que é ser Miss?

Através da beleza transportar uma mensagem para os outros. E foi isto que em 2014 nos levou a criar a associação. Na altura era direcionada para as iniciativas solidárias das jovens, não só no distrito de Viana, mas também por todo o país. Apesar do nosso trabalho, ainda não conseguimos desmistificar o que é ser Miss. As pessoas ainda olham para aquelas como uma carinha bonita e ainda tem aquela ideia antiga de que a Miss serve para acenar às pessoas e apelar à paz.

Mas a intervenção da associação resume-se à organização do Miss Queen?

Sim. Surgiu por causa desse projeto, porque tinha de haver uma identidade. 

Mas chegaram a organizar plantações de árvores?

Nós éramos chamados para ações ambientais, porque elegemos a candidata para ir representar o país no Miss Earth, ou seja, o Miss Terra. 

E qual a missão deste concurso?

O concurso preconiza a defesa da mãe terra. E foi isto que nos levou a olhar para o papel de uma Miss e para aquilo que já fazíamos e aliar a ações ambientais.

A Solaris organiza todos os eventos de eleição da Miss Queen em todos os concelhos?

Até o ano passado, nas comunidades portuguesas e nos Açores dávamos apenas as diretrizes para organizarem os eventos e quase nunca estávamos presentes. A pandemia veio mudar tudo isto (…). Conseguimos implementar uma plataforma de ensino online onde cada jovem, ao confirmar a participação no concurso, independentemente da localização, tem oportunidade de aprender o A,B,C da Miss e perceber o outro lado, que é perceber que uma Miss não é uma modelo e que a Miss só faz sentido se ela mostrar quem é, o que representa (…) Com isso conseguimos cativar mais jovens. No ano de 2021 recebemos o maior número de candidatas. 

Já estão a decorrer as inscrições para 2022? 

As inscrições estão sempre abertas.

Quais as áreas de intervenção da Solaris?

Desde 2015 a 2017 passamos a direcionar a intervenção para outro tipo de iniciativas, e sobretudo com o cunho ambiental. Inicialmente foi para nós difícil, porque acho que é o mal com que todas as associações vivem, que é a união e a disponibilidade do grupo (…). Mas conseguimos manter o grupo de oito ou nove amigos, a que se junta, a cada ano, mais duas a três jovens de outras localizações. É raro serem daqui de Viana do Castelo. E este grupo tem vindo a alargar-se e já ponderamos criar filiais em outros locais. 

A Solaris é membro ativo do Programa Internacional ENO – Environment Online. O que isto significa?

Ao integrar esta organização, chegamos a organizar plantações de árvores em vários pontos do país. O movimento O2, que associamos ao Programa ENO deu origem a uma iniciativa que ainda hoje fazemos que é “Plantar Um Milhão” e terminou com esse objetivo atingido. A pandemia dificultou a renovação das iniciativas. As candidatas nos concursos são incentivadas a plantar uma árvore.

Parceria APPACDM

Em Viana que iniciativas desenvolveram no âmbito ambiental e social?

A direção da APPACDM, há uns anos, lançou-nos um desafio para organizarmos uma iniciativa voltada para a inclusão social. Em 2017 e 2018 fizemos o “Viana, moda para todos”. Foram, talvez, as duas iniciativas que nos encheram o coração e das quais guardamos as  melhores memórias. Foi muito gratificante não só pelo lado social, mas também ambiental.

Em que consistia esse evento?

No fundo, o desafio que nos foi lançado era ajudar a organizar um evento de moda voltado para a inclusão social. Os monitores da APPACDM selecionaram vários utentes que desfilaram, dançaram e apresentaram vários momentos em palco. Abrimos um casting à comunidade local, mas também desafiamos os lares (…). 

E porque não continuaram a realizar este evento?

Prefiro não responder a isso. Nem sempre é fácil conseguir-se conjugar as vontades e as possibilidades das partes.

Que apoios recebem?

Não temos ninguém com remuneração na Associação. Mas para fazer um projeto destes a nível nacional é complicado. Até hoje tivemos apoios muito diminutos. Nós anos que fizemos o evento em Viana do Castelo contamos com o apoio do Município, em 2017 e 2018. Nós não somos um tipo de associação tradicional e não temos necessidade de ter um montante mensal, porque não pagamos renda. Temos um espaço em Darque, que pertence à minha família e onde reunimos. Já tivemos mais de 70 a 80 participações internacionais, com muitas distinções. 

A vossa abrangência é todo o país.

Isso traz-nos uma dificuldade. Eu gostava de ter um espaço onde a associação pudesse promover os ensinamentos que fazemos para todas as jovens do país. Promover uma cultura virada para a Miss e temos ainda o objetivo de criar um Museu da Beleza. 

Museu da Beleza

Pretende criar o Museu em Viana?

Sim, porque temos o traje mais bonito e mais impactante de todo o país. Já ganhou prémios em vários concursos internacionais, dois anos seguidos pela mesma jovem. Contudo, nestes concursos não conseguimos integrar todas as componentes do traje. É uma inspiração. O que funciona é a reinvenção do próprio traje. 

Quais as principais dificuldades?

É conseguir apoio para que as jovens possam representar o país. Houve algumas que tiveram de pagar as despesas do próprio bolso. Para nós, é sempre um desafio termos sempre novas ideias. A inovação é um desafio muito grande. É uma área onde as pessoas têm de ser despertadas aos poucos (…). Desde 2012 que começamos a organizar as eliminatórias do Miss Queen, em Portugal, e começamos a ter candidatas portuguesas a participar em provas internacionais. Contudo, depois da chegada da Letícia a Portugal, conseguimos transformar toda a dinâmica que tínhamos enquanto Associação e no concurso (…). 

Tem feito algumas atividades recentemente?

Nós temos o projeto de “Plantar Um Milhão” e ainda outro de empoderamento feminino. Como contactámos com jovens de várias idades, somos , muitas vezes, o principal ombro amigo. Algumas sofrem, por exemplo, de bullying na escola. Anualmente, em todo o país recebemos mais de 1500 inscrições. Nos últimos anos temos, em cada distrito, 300 jovens a participar na eleição da Miss Queen. 

Quais os projetos imediatos que pretendem concretizar?

Nós conseguimos os direitos para organizar o Miss Universo em Portugal e vai ser um desafio enorme. 

O que siginifica conseguir estes direitos?

Da mesma forma que elegemos a representante para o Miss Earth; Miss Fredom; Miss Planet e demais concursos, agora conseguimos para o Miss Universo. Ao todo serão 20 a 25 concursos internacionais onde as nossas candidatas podem participar. Este ano, não temos tempo para eleger a representante de Portugal para participar no Miss Universo. Vamos ter uma que será aclamada. Será uma jovem que já ganhou o nosso concurso. É a Telma Madeira, da Póvoa de Varzim. Em abril do próximo ano faremos a eleição da Miss Universo 2023. A Telma Madeira é a jovem portuguesa mais bem classificada no grande slam. Ficou classificada no top8 do Miss Earth. 

E quais são os projetos a concretizar no breve prazo?

Passa por consolidar a iniciativa “Plantar Um Milhão”. Trabalhamos também o empoderamento feminino, que este ano comemora o orgulho de ser mulher e ser portuguesa. Este ano comemoramos também 10 anos de Miss Queen. Mais do que um concurso, celebramos a amizade, a experiência, os valores, as tradições, a pátria, a solidariedade e o que nos une na beleza pelo bem.

Como vão assinalar os 10 anos?

Vamos ter um espetáculo e queremos envolver várias instituições. Gostava que a própria cenografia contasse com várias alusões à identidade vianense. Este vai ser o principal desafio. Faremos a celebração no dia 05 de novembro, no Centro Cultural de Viana do Castelo.    

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