“A Guardiã de Retretes” – que volta a estar em cena nesta sexta e sábado, dias 30 de novembro e 01 de dezembro, às 22h, no SIRCarreço – faz desfilar ao longo dos seus quadros, um sem número de informações de natureza erótica-científica, sócio-cultural e literária. Servirá para transformar radicalmente a posição de cada um, face ao cu, às fezes e aos gases, única função livre por não depender do orçamento recente.
Quanto mais não seja, o espectáculo tem o condão de demonstrar que todos temos um cu e como diria Clémenceau, cirurgião e homem de estado: “peguei em vinte cus e fiz um Gabinete Ministerial”. Isto em França, é claro.
Entre nós são necessários pelo menos mais vinte, incluindo os das Secretárias de Estado.
“A Guardiã de Retretes” é um espectáculo que encara a realidade bem de frente. Só que a realidade, como sabeis, às vezes, fede.
E não é por acaso que estes textos são também pestilentos: Se porventura achardes que os textos destilam algum mau cheiro, só vos peço que não lhes deiteis perfume.
Na peça, faz-se também o levantamento de uma contra-cultura: subversiva por natureza, submersa por condição.
Trata-se de pôr em liberdade as palavras asfixiadas nos livros, trata-se de fazer saltar para o palco algumas verdades em cuecas.
Trata-se, enfim, de ressalvar do olvido histórico um saber não institucionalizado, filho bastardo da cultura no poder, gerado por circuitos burocráticos do aparelho ideológico.
Conceber este espectáculo é pois: Proclamar a liberdade do assobio ou do explosivo do traque, conforme cada qual e cada um.
Abater fronteiras mentais.
Praticar um strip-tease cultural.
Provocar a ingestão intelectualista.
Higienizador de textos