“A magia é como a pintura e a música. É uma forma de expressão”

São dois jovens, que se apaixonaram pela magia. Agora assume a forma de expressão e querem levá-la a diferentes locais. Tomé Pinto e Tozé Cruz dão corpo ao “Quase Quatro” e apresentam “Truques da Treta”, que já foi exibido no Café Concerto do Teatro Municipal Sá de Miranda.

Com 22 e 18 anos, Tomé e Tozé, respetivamente, deixaram o ensino convencional e dedicam-se às artes do espetáculo. “Nunca sentimos muita afinidade pela escola. O ser mágico parte um bocado do aborrecimento. Há uma necessidade de afirmação”, referia Tozé Cruz. Adiantando que descobriu a magia na “Enciclopédia da Magia”, de Luís de Matos, aos 12 anos.

Tomé Pinto conta que “qualquer um consegue fazer magia, desde que tenha os meios e o conhecimento necessários para o fazer”. Adiantando que o “Quase Quatro” combate a tradição da magia, que é o segredo. “Parte do trabalho de um bom mágico é, mesmo que não seja verdade, achar que as pessoas sabem tanto como nós. Porque a partir daí o segredo deixa de ser importante e há novas formas de contemplação”.

O nome do grupo surgiu da vontade de tornar o grupo mais próximo do público. “Nós pensamos no que torna as bandas de música mais próximas e sejam tão apelativas, e muitas vezes é pelo nome. As pessoas conseguem identificar-se com um nome que seja mais subjetivo e não com um nome de uma pessoa. Pensamos em criar algo que vá para além de nós”, referem os mágicos.

O grupo foi criado em 21 de novembro de 2014, que foi a data do primeiro espetáculo em conjunto. “Conhecemo-nos em setembro de 2014, mas o grupo começou no dia 21 de novembro de 2014, que foi quando fizemos o primeiro espetáculo, no café “À moda Antiga””, explica Tozé. Corroborado por Tomé: “Consideramos essa data como sendo a data oficial dos Quase Quatro, embora nessa data ainda não tínhamos o nome de Quase Quatro”.

Depois de se terem cruzado nas aulas da Escola de Magia, os dois jovens vianenses nunca mais se largaram. Decidiram fazer uma dupla de mágicos, algo pouco habitual. “Os mágicos em Portugal somos poucos, mas conhecemo-nos uns aos outros e sabemos o que cada um faz. Mas o público não conhece os mágicos e não se identifica”, refere Tomé.

Adiantando que “ficamos muito contentes quando nos dizem que viram os nossos espetáculos e que depois tiveram vontade de pesquisar e ver tutoriais sobre magia. Conseguimos mostrar que isto é uma forma de expressão como tantas outras. A magia é como a pintura e a música. É uma forma de expressão”.

Tozé Cruz fala do “preconceito” no ilusionismo, mas atribui parte da culpa aos próprios mágicos. Para Tomé Pinto, o “estigma vem dos mágicos, porque achamos que fazemos coisas extraordinárias. O facto de fazer uma moeda desaparecer já é uma provocação à realidade. Mas como expressão não é suficiente”.

A própria linguagem para os mágicos antigos também é uma preocupação. “Não podemos dizer que fazemos truques, temos de nos referir a números ou efeitos”, esclarece Tozé.

Em 2015 subiram ao palco do Teatro Sá de Miranda e guardam ainda hoje as emoções vividas. “Para nós, uma referência foi termos atuado, no início, no Teatro Sá de Miranda, que esgotou”, refere Tozé, que conta que cumpriu um sonho. “Eu cresci a ir àquele teatro ver peças e a partir do momento em que comecei a ganhar gosto pela performance imaginava-me ali em cima”, disse.

O espetáculo “Truques Da Treta” conta o início, e o eventual fim, da dupla de mágicos, aliando a magia, o teatro e a música à comédia e à parvoíce.

Assumindo a insignificância do que estão a fazer, o grupo apresenta “Truques Da Treta”, não para o público, mas sim com o público. “Cabe a cada qual encontrar o significado do mais parvo truque de cartas até ao mais estapafúrdio feito de escapismo”.

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