A Maria do Jerónimo

Maria do Jerónimo se chamava a criatura

que era maltratada por jovens e pimpolhos.

Quando essa típica figura se mostrava

logo toda a gente se juntava

para lhe dizer que andava cheia de piolhos.

Descia das Ursulinas e no seu cajado

apoiava sujidade e maltrapilho corpo.

Cantava pelas ruas em tom desordenado

as suas lérias de miséria e enfado,

a sina de quem nasceu em desconforto.

E a caricata mulher desventurada,

carregando o peso do seu triste fado

corria para nós, e furiosa, desnorteada,

dizia que nos cobria de porrada

exibindo o seu fiel negro cajado.

Tanto padeceu essa pobre malfadada,

tanta diabrura que, enfim, se faz

nos tempos da irresponsável criançada.

É certo, os remorsos não limpam nada,

mas desejo, sentidamente, 

[que descanse em paz!

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