A Pintura Intemporal de Victor Silva Barros

Fica na retina a exposição “A Dança e Outros Silêncios (A Metáfora como Auto-Retrato)”, patente ao público na galeria da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, de 05 a 27 de julho 2019.

Cruzam-se universos da natureza cósmica e da condição humana. Alegorias à Dança da Vida: desejos de libertação, quantas vezes contraditórios, cadenciados pela Música de Stravinsky, Mozart, Tchaikovsky, Debussy… Imaginários, dinâmicos e dramáticos, que Victor Barros (VB) observa, disseca e recria na tela.

Mestria, na técnica e mensagem poética profunda, plasmada no decurso da sua existência desde os tempos da ditadura…!

«Pintor, isso sim, olhador do Mundo a maior parte do tempo estando-se nas tintas.» (VB) No silêncio dos deuses de Olimpo, longe das “cátedras democráticas” da cultura da indiferença.

«Céptico, um pouco cínico, um pouco nihilista mesmo, um pouco hedonista também de quando em quando, só para apimentar a estadia e fazer de conta que serve para alguma coisa.» (VB)

A estética do Belo viaja em espaços finitos e infinitos, visíveis e metafísicos, extravasando as molduras de cada quadro, digo, pinturas com o espírito da forma em objectos “concretos” e universos “oníricos”. O que é, afinal, a Vida? Eternos efémeros: instantes irrepetíveis; eternidades de realidades vividas e por viver. Talvez a Vida seja sopro de um sonho acordado, tão breve, mas demasiado sério para ser apenas sonhado…

Na Obra de Victor Barros sobressai a claridade da observação e capacidade de síntese: associação de ideias; concepção visionária dos espaços em permanente transformação; universos psíquicos e metafísicos; cepticismo, energia, libido, ironia, superação.

Rien que moi-même, Debussy-la mer, Sagração da Primavera, … e se de repente entre as papoulas…, quem dança, tu, a margot, nijinsky travestido de si mesmo, O Lago dos Cisnes, O Adeus ou A Calma (extra-catálogo) são pinturas – como as demais da mostra em referência – que irradiam a calma simbólica de um universo de sonhos terrenos e transcendentais…

Bem andará a Câmara Municipal se adquirir algumas obras artísticas do Pintor Victor Barros. Requiem – onde a força do ideal estético e de libertação viaja em pensamento para além do “objecto abandonado ou inerte” -, Romeu e Julieta , O instante seguinte ao fracasso, A Dança e Outros Silêncios – A Metáfora como Auto-Retrato, O Pássaro de Fogo, A Tentação do Abismo como Fuga do Labirinto, … Nijinsky… e O Quebra-Nozes são pinturas que valorizariam o acervo do Teatro Sá de Miranda, enquanto espaço emblemático de Dança, Música e Artes Dramáticas em Viana do Castelo.

Francisco Carneiro Fernandes

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