Na qualidade de correspondente e leitor do nosso sempre jovem “A Aurora do Lima” que no próximo dia 15 de dezembro, completará 165 anos de vida, não posso deixar de felicitar todos quantos dirigem e fazem, com muita dedicação, este prestigiado semanário. O mais antigo jornal do continente português, que tem sabido, com arte e engenho, resistir a todas as dificuldades, nomeadamente económicas, pelas quais tem passado ao longo dos últimos 165 anos de percurso, sempre pautado pelo rigor da notícia, num serviço generoso à nossa bela e promissora região do Alto Minho; sem esquecer os pontos relevantes que vão ocorrendo a nível nacional, levando às mais longínquas paragens onde labutam os nossos emigrantes a radiografia do que aqui se vai passando.
Em cada aniversário formulamos votos de longa vida ao aniversariante. São votos de longa vida que formulo em dia de aniversário, para que, com ou sem pandemia, continue a levar a todo o país e ao mundo, agora também no digital, a voz desta bela região que o viu nascer e o tem lido através de várias gerações.
RICARDO CARVALHIDO
A Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente, atribuiu a Ricardo Carvalhido, vereador da Câmara Municipal de Viana do Castelo, o Prémio Nacional de Ambiente, “Menção Honrosa” pelos relevantes serviços prestados no âmbito da Conservação da Natureza, com destaque para o programa do Geoparque Litoral de Viana do Castelo. A cerimónia de entrega do Prémio, decorreu online, no passado dia 19 de novembro.
Na sua intervenção, Ricardo Carvalhido começou por defender o alargamento do conceito de urbe aos espaços naturais que de alguma forma lhe são contíguos, reforçando que é essencial passar a admitir a ruralidade nesse conceito e a necessidade de atração de esforço de investigação para os territórios, centrando-os nos processos de inventariação e caracterização do património natural – bio e geodiversidade – e no património que nos caracteriza como pessoas: património cultural material e imaterial, afirmando que é preciso delimitar essas áreas de elevado valor científico, classifica-las e perceber-lhes o valor educativo e turístico; definir-lhes um regulamento de gestão e um plano de gestão com base no seu risco de degradação intrínseco.
Referiu ainda a necessidade de infraestruturar o acesso e democratizar a interpretação do espaço-paisagem: tornar os espaços multifuncionais, adaptados e diversificar as plataformas de acesso, sem esquecer as que permitem digitalizar o espaço para garantir o seu acesso universal; defendendo que é essencial desenvolver sobre as paisagens amplos consensos sociais, materializados em contratos de corresponsabilização sobre a sua proteção, conservação e em muitos casos, recuperação ecológica, tarefa essa que deverá ser realizada com as entidades gestoras de baldios, autarquias locais, tecido empresarial, comunidades educativas e cidadãos anónimos.
Defendeu ainda que é urgente reestabelecer nessas áreas a vegetação nativa, delineando um combate feroz às espécies invasoras que são responsáveis por reduções massivas da nossa resiliência ambiental e por conseguinte da nossa biodiversidade. É essencial capacitar as comunidades educativas para que possam valorizar o currículo escolar através das paisagens locais.
A capacitação é humana, assente na formação contínua e pós-graduada de docente, mas também funcional, assente no apetrechamento tecnológico dos agrupamentos, numa lógica integrativa com centros I&D e desconcentrada, e logística – assente na agilização dos processos de deslocação de alunos e professores no território.
A terminar a sua intervenção referiu que temos em mãos um desafio civilizacional: identificar os nossos santuários, recuperando-os e mantendo-os conservados assentes em contratos sociais abrangentes, e garantir que são a base de valorização dos nossos currículos escolares, e um dos veículos primordiais para a promoção da saúde e da literacia dos nossos concidadãos.
Ricardo Carvalhido dedicou o seu prémio a três entidades que, no essencial, contribuíram determinantemente para o seu percurso de vida e o que dela foi sendo capaz de fazer: ao seu orientador de doutoramento, amigo, Professor Doutor Diamantino Ínsua Pereira, ao presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, e à sua família, em especial às suas filhas.
Ricardo Jorge Ponte de Matos Carvalhido é natural da freguesia da Meadela (União de Freguesias de Viana) é licenciado em Biologia e Geologia pela Universidade do Minho, em 2004 e doutorado em Ciências (especialidade de Geologia) pela Universidade do Minho, em 2012. Foi bolseiro de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia 2005-2012 tendo-se dedicado ao estudo da evolução paleoambiental quaternária e à deformação neotectónica do Litoral Norte de Portugal – Minho-Neiva. Desenvolveu também investigação aplicada em geoconservação.