Artur Anselmo homenageia Júlio de Lemos

Artur Anselmo, — na homenagem em memória dos 140 anos do nascimento de Júlio de Lemos, na passada sexta-feira na Biblioteca Municipal, onde permanece uma exposição bibliográfica de livros, comunicações e outros trabalhos do homenageado —, dissertou sobre o que designou de “regionalização cultural”, tendo como exemplo, aqui, no Norte, a região Limiana.

Geograficamente, essa “região” compreenderia no Alto Minho os vales do Lima e Minho mais a Galiza. Recordou alguns escritores e poetas, como António Feijó e Cesário Verde, entre outros; lembramo-nos de Rosalia de Castro a que o A AURORA prestou também a sua homenagem, e Faustino Rey Romero, este na década de 50 que colaborou no tempo de Ernesto Sardinha, nosso director. Uma região que pelas proximidades geográfica, linguística e cultural do Alto Minho com a Galiza, pode considerar-se culturalmente diferenciada na Península Ibérica.

Interessante foi o debate que se seguiu sobre este tipo de regionalismo que, embora cultural, pode bem alimentar as já de si exacerbadas políticas “independentistas” fracturantes da realidade nacional. No caso da província de Barcelona, ou até da pretensa União Ibérica de outros tempos a uma maior escala e esta de cariz mais político.

O caso do limianismo, reconhecida região cultural entre “os dois povos”, da Galiza e do Alto Minho, não fere nem chega a ser fracturante entre os autóctones deste “pedaço” NW da Península, onde a realidade linguística e cultural em geral mais aproxima os galegos dos alto-minhotos que dos castelhanos.

O mesmo se passa no território nacional, onde o rio Tejo é a grande fronteira peninsular entre duas realidades culturais e morfológicas distintas – a sul, de semelhanças flagrantes entre estremenhos e andaluzes com os nossos alentejanos, do que estes com os nortenhos, especialmente os minhotos, com mais afinidades culturais com os galegos (seg. Prof. Orlando Ribeiro, 1987).

**
Entretanto, esta semana recebemos a seguinte e oportuna achega da nossa leitora Drª Maria Luzia Campos Costa.

“Sou neta do notário João Caetano da Silva Campos [1851-1929], que foi o 5º diretor [1898 – 1907] do vosso jornal. […] Tenho 83 anos, conheci o Sr. Júlio de Lemos e a sua família, amiga da minha família.

[…] Foi em Junho de 1916, sobre proposta do Dr. António Cabreira, da Academia de Ciências de Portugal, que esta Academia fundou o Instituto Histórico do Minho em Viana do Castelo. […] Em 17/7/1916 o Diário do Governo publicou essa Organização e os nomes dos sócios fundadores com direito a sócios efetivos: Silva Campos, Júlio de Lemos […]. Em 15/8/1917 foram eleitos pelo Instituto: Silva Campos para presidente, Júlio de Lemos para secretário perpétuo e Figueiredo da Guerra para vice-presidente. Silva Campos manteve-se presidente até à sua morte em 1929; Júlio de Lemos foi secretário perpétuo até à extinção do Instituto em 2/5/1939.”

BB

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.