Assim se destrói o património…

Aos poucos, o que resta desaparece, e muitos desconhecerão a riqueza do património material e imaterial que existia em Subportela.

Desde o artesanato, ao pouco que resta das manifestações culturais como o Auto de São João, ou as festas religiosas que basicamente deixaram de se realizar, o património imaterial de Subportela é praticamente nulo, e não se veem movimentações para que se recupere o que ainda será possível recuperar. Mas também o Património Material desaparece ou é destruído pelo tempo, pelo Homem.

A Freguesia de Subportela teria, em tempos, um acervo patrimonial bastante interessante devido à grande variedade que o compunha, atualmente, sobram ruínas e lembranças. Não se entende o que aconteceu, por exemplo, com a fonte de São João, segundo algumas informações, não confirmadas, esta fonte seria românica, bem possível, mais até que serviria quem fazia os caminhos de Santiago que por aqui também passavam embora sem a relevância de outros mais próximos.

Com a conivência, ou não, da Junta de Freguesia, alguém colocou por lá mesas para piquenicar, tapou as juntas entre pedras com cimento e, por fim, assinou a “obra” colocando uma chapa com o nome da empresa. Toda esta pseudo recuperação acabou por destruir o que restava da Fonte de São João, agora não passa de um buraco, por onde sai água, como milhares existentes por aí.

Mas continuemos, com o apoio de alguma entidade, fizeram escavações no Monte Santinho na Citânia do Roques, porém não passou da boa intenção de mostrar a riqueza arqueológica que este monte tem, segundo os entendidos, seria o maior Castro do Noroeste peninsular, que pelo seu tamanho, teria mais de 3000 habitantes, não sei se estão a exagerar, mas a realidade é que as duas últimas tentativas de escavação trouxeram ao dia um balneário, e diversas construções. Porém, ficou a faltar a proteção dessas escavações, e hoje restam pedras e indícios, para isso, diz a regra, volta-se a tapar e identifica-se só o local para a memória possível. Nada disso foi feito. E sobe-se ao monte, tiram-se fotografias em cima dos muros das construções, que se desconstroem.

Núcleo molinológico da ribeira do Penegudo
Não são muitos os moinhos comparativamente com outras freguesias próximas, mas a grande diferença é que num pequeno espaço o ribeiro tinha: uma serração que incorporava também um moinho de rodízio, dois moinhos de rodízio, sendo que um incorporava também um engenho de Linho, uma Azenha e um lagar de azeite, para além do sistema de rega que se iniciava por esse local. O que sobra, algumas paredes….

Também por aqui existiram muitas explorações de volfrâmio. Em tempos foi vulgar encontrar buracos de onde se tentou enriquecer com este metal. No lugar de Cortegaça ainda é possível ver-se o local por onde escorriam as águas que iam para a lavandaria que ficaria na Quinta da Costeira, bem ali ao lado da escola de Subportela. Mas será no sítio da Amarelinha e Samonde, que mais vestígios se encontrariam, como minas, segundo algumas pessoas mais idosas e conhecedoras do local, existiam carris para ajudar no transporte do minério. Mais recentemente, descobriu-se um lagar de vinho, que ao que tudo indica seria usado na idade média, durante dois anos foi dado a conhecer, é certo que fica em terrenos privados, mas também não se prevê nenhuma tentativa de proteger este achado. São fonte e fontanários, sistemas de rega, lavadouros antigos, tudo vai desaparecendo.

Já não falo do património religioso, esse daria muito que falar. Perder o património, é perder identidade, e todos os dias desaparecemos um bocado…

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