Bispo de Viana morre em acidente

O funeral do bispo de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira , que morreu ao final da manhã da sexta-feira num acidente de viação, realizou-se ontem, quarta-feira, à tarde, no cemitério de Cortes, Leiria, sua terra natal, depois de dois dias de cerimónias fúnebres, conforme informou a diocese vianense.

Já ontem, na parte de manhã, o corpo do bispo estará em câmara ardente na Sé Catedral de Leiria.

As cerimónias fúnebres tiveram início na segunda-feira. A Sé Catedral de Viana do Castelo acolheu os restos mortais de D. Anacleto já na noite da segunda-feira, mas, dada a hora tardia, o acolhimento dos mesmos foi de caracter íntimo e reservado.

Na terça-feira, a parte da manhã foi destinada à “oração livre e espontânea dos fiéis”, com uma longa fila para o último adeus, que tiveram de respeitar uma entrada controlada e condicionada na igreja, sendo, à tarde, celebrada uma missa presidida pelo arcebispo primaz de Braga, Jorge Ortiga.

A cerimónia registou ainda com a presença dos restantes bispos da Conferência Episcopal Portuguesa, do presbitério da diocese de Viana do Castelo e dos representantes dos diversos movimentos eclesiais, assim como autoridades civis e militares.

SEBASTIÃO FERREIRA INTERINAMENTE
O colégio de consultores da diocese de Viana do Castelo elegeu, entretanto, monsenhor Sebastião Pires Ferreira como administrador diocesano interino até à nomeação, pelo papa Francisco, de um novo bispo de Viana do Castelo.

A informação foi avançada pela agência Ecclesia, tendo a decisão sido tomada pelo Colégio de Consultores da Diocese de Viana do Castelo, “em conformidade com as normas do Código de Direito Canónico”, tendo em vista o governo interino desta Igreja local, até à nomeação de um novo bispo por parte do Papa”.

Monsenhor Sebastião Pires Ferreira, de 76 anos de idade, comunicou ao núncio apostólico (representante diplomático do Papa) em Portugal, D. Ivo Scapolo, a “aceitação das funções para as quais foi eleito”, diz a Diocese em comunicado.

Ordenado padre em 1967, Sebastião Ferreira foi nomeado vigário-geral da Diocese de Viana do Castelo em março de 1985, tendo sido delegado da Administração da Diocese aquando das saídas de D. Armindo Lopes Coelho (1997) e D. José Augusto Pedreira (2010).

REGRESSAVA DO ALGARVE
Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira tinha 74 anos de idade (1946 – 2020) e celebrou, em agosto, 50 anos de ordenação e 10 anos como bispo de Viana do Castelo.

O seu falecimento, na última sexta-feira, ocorreu ao quilómetro 200 da A2, no sentido sul-norte, entre São Bartolomeu de Messines e Almodóvar, distrito de Beja. De acordo com o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja, o trágico acidente ocorreu às 11h29, na sequência de um despiste automóvel.

O óbito foi declarado no local, tendo o corpo sido encaminhado para o serviço de Medicina Legal do hospital de Beja.

De acordo com fonte da GNR, o Bispo de Viana era o único ocupante do veículo ligeiro de passageiros.

Segundo o CDOS, foram empenhados para o local bombeiros e veículos das corporações de Almodôvar e S. Bartolomeu de Messines, uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER) de Albufeira e elementos da Brisa, além da GNR, num total de 16 elementos, apoiados por seis viaturas.

LUTO MUNICIPAL
Logo que se soube da ocorrência, a Câmara Municipal de Viana do Castelo decretou dois dias de luto municipal pela morte do bispo Anacleto Oliveira.

“Trata-se de uma grande perda para a diocese de Viana do Castelo, mas também a perda de uma personalidade afável, dialogante e profundamente interessada na vida das populações do Alto Minho”, sublinha em nota enviada à comunicação social.

O município destaca ainda “a atividade pastoral desenvolvida por D. Anacleto com a publicação de muitos textos, reflexões e cartas pastorais de grande profundidade teológica e de profundo sentido pastoral”.

“Foi também um paladino discreto, mas muito ativo, na prossecução dos trabalhos que levaram à beatificação de São Bartolomeu dos Mártires, um processo complexo e de grande exigência, pelo que o Alto Minho, a Diocese e o País muito lhe devem”, observa.

Também o PS de Viana do Castelo, em nota de pesar assinada por Luís Nobre, exprimiu “a sua desolação com a trágica e rude notícia do desaparecimento do nosso Bispo”.

“Fica na memória coletiva dos Vianenses, um sorriso misterioso e cativante que preservaremos na nossa memória coletiva”, refere.

ENTREVISTA AO A AURORA DO LIMA
Em abril último, em pleno período de confinamento, foi entrevistado pelo nosso jornal. Em conversa franca e em tom informal, falou-nos do seu dia a dia na quinta episcopal, desde a parte espiritual, o contacto com as várias partes da Diocese e as atividades agrícolas que tanto apreciava.

Sobre a Páscoa que se celebrava e em que as celebrações pascais não podiam ser efetuadas devido à pandemia, apelava para que se aproveitasse a privação “para nos darmos ainda mais aos outros”, sobretudo os “que estão mais carenciados ou, então, mais perto de nós”.

Foto: Joca Fotógrafo

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