Diabetes: um dia sem açúcar em família

A International Diabetes Federartion (IDF) comemora anualmente, no dia 14 de novembro, o Dia Mundial da Diabetes, um dia em que se chama a atenção para a Diabetes, que afeta cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.

Este ano, de novo, esta efeméride é dedicada ao tema “família e Diabetes”. Portugal não foge aos alertas, sobretudo sabendo-se que existem cerca de um milhão de portugueses com Diabetes conhecida, e provavelmente mais de 500 mil pessoas que têm a doença e não sabem.

Promover a sensibilização da comunidade e dos políticos é uma “obrigação” de todos aqueles que têm Diabetes e de todos os que a ela se dedicam. Organizações científicas, médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, cuidadores, mas sobretudo pessoas com Diabetes e as suas associações. O envolvimento das famílias para a consciencialização de hábitos e formas de vida pouco saudáveis é, sem dúvida, uma forma de diminuir ou tentar diminuir o impacto social dos excessos que as sociedades praticam, sobretudo, mas não só, no mundo “desenvolvido”, sabendo-se, também, que em países menos desenvolvidos a Diabetes aumenta de dia para dia.

Envolver a família é uma das formas mais eficazes para diminuir o impacto da Diabetes na sociedade e no dia a dia das pessoas com a doença. O apoio a estas pessoas passa obviamente, em primeiro lugar, pela sua própria família, as suas atitudes e forma de estar no dia a dia, os seus hábitos alimentares e prática de formas de vida saudáveis, como seja o exercício físico, por muito pouco que seja. A Diabetes diz respeito a todos, e promover uma boa educação alimentar começa na educação familiar, sobretudo na prevenção. Tentar alterar hábitos desadequados na alimentação diária no mundo moderno é obrigação de todos, de forma a reduzir o seu impacto.

A mudança tem início na família, modificando muitas vezes o seu próprio dia a dia e o seu estilo de vida.

Em todo o mundo, e Portugal não foge à regra, muito se tem feito com programas e múltiplos alertas, mas infelizmente o panorama não se vem alterando. O diagnóstico e terapêutica da Diabetes compete, sobretudo, a profissionais de saúde, mas os alertas têm de estar ao alcance de todos e divulgados amplamente de forma a ser evitável a doença.

A prevalência da Diabetes, sobretudo a Diabetes tipo 2, é demasiado alta para ficarmos indiferentes, por isso o envolvimento coletivo é cada vez mais necessário. O preço para a sociedade é demasiado alto, quer no próprio diagnóstico, quer no tratamento, sendo o seu custo material muito elevado. A eficácia dos medicamentos para a Diabetes é cada vez maior, mas o seu preço também. Urge, portanto, colaborar em família e na sociedade para a prevenção e não só olhar para o tratamento.

Os especialistas de Medicina Interna e em especial aqueles que vivem o seu dia a dia com pessoas com Diabetes – diabetologistas, médicos hospitalares em especial, mas muito envolvidos na chamada “integração de cuidados”, são os primeiros a serem envolvidos no “drama Diabetes”. A hospitalização de pessoas com Diabetes é enorme, em Portugal, sendo que cerca de 30 por cento dos doentes internados em Serviços de Medicina Interna em Portugal são diabéticos. Os Especialistas de Medicina Interna estão nos hospitais no dia a dia, mas também estão na sociedade, e estão altamente envolvidos nos cuidados a pessoas com Diabetes fora do âmbito hospitalar, em instituições públicas e privadas, e o seu envolvimento na problemática social é grande.
Não podemos também esquecer as organizações e associações de diabéticos, essenciais para a mudança, e que há muito têm contribuído para os alertas em Portugal. O associativismo e a participação coletiva são essenciais – todos seremos demasiado poucos para a mudança. Por isso a família deve ser o início. A nossa mensagem para o dia 14 de novembro de 2019 é; “Um dia sem açúcar em família”, ou pelo menos um esforço possível para a moderação nas atitudes de estilo de vida familiar, a “célula da sociedade”.

Estêvão Pape

Internista e Coordenador do NEDM

Foto: Despositphotos

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