O espectáculo apresentado pelo grupo de teatro da Sociedade de Instrução e Recreio de Carreço, no último sábado, dia 25 de janeiro, no Teatro Municipal Sá de Miranda foi uma revelação para muitos dos espectadores que encheram o teatro para assistir ao “Pra onde vais Fagundes?!”.
Um texto excelente do vianense Manuel Quintas Neves que, sendo sobre uma figura incontornável de Viana do Castelo, faz o paralelismo com personagens reais de uma forma bem pensada e divertida.
“Pra onde vais Fagundes?!” poderá ter sido a dúvida do séc. XVI, mas, com certeza, será pergunta iminente do séc. XXI – assim descreve um dos amigos do autor que assistiu ao espectáculo e não deixa de ter razão, já que o enredo termina com uma dança das estátuas que existem na cidade e que não param em lugar nenhum por muito tempo, como é o caso singular de João Alvares Fagundes. Diria mais: este quadro final é soberbo, pois nele se desenvolve uma critica mordaz a toda esta loucura dos políticos e dos paisagísticos com responsabilidades nesta cidade e que nunca param de alterar a localização das referidas estátuas!
Sobre a encenação apraz referir que o encenador António Neiva agarrou bem o texto e, com uma jogo teatral, deu vida a uma “epopeia teatral Fagundiana” como ele a define. Muito boa movimentação dos atores nos jogos desenvolvidos em palco, se bem que, por vezes, com falta de ritmo, mas que no resultado final muito positivo!
Cenicamente foi bem conseguida a forma como, através de imagens projetadas num tule negro, misturadas com os adereços cénicos iluminados por trás do mesmo, que, de forma acutilante, nos transporta para imaginários que enriquecem o espectáculo. Guarda roupa bem elaborado e, então na cena final, com as estátuas sem dúvidas fantástico!
Os atores amadores (amantes) comportaram-se em palco como verdadeiros obreiros neste desenvolvimento da arte da Talma! Eles e a equipa técnica que os acompanhou merecem os parabéns e, de certeza, que no fim sentiram o prazer do dever cumprido em prol da cultura vianense!
Esperemos que estes homens e mulheres que abdicam de muitas coisas , só para construir algo que nos delicia, continuem a apresentar trabalhos teatrais como este e que a entidades responsáveis tudo façam para que não lhes faltam condições para poderem desenvolver o seu trabalho!
Parabéns à Sociedade de Instrução e Recreio de Carreço e, especialmente, ao seu grupo de teatro.
João Sousa