Nos meses de junho, julho e agosto realizavam-se diversas cerimónias religiosas e lúdicas. Com a situação atual, todas foram canceladas, nomeadamente a participação na peregrinação a Santa Luzia, para cumprimento de uma promessa sobre uma pandemia, sempre muito participada, também não vamos ter o Lausperene, com a participação dos diversos lugares, terminando com uma procissão.
A festa dos Antónios que se efetuava há dezenas de anos também ficou suspensa, assim como a festa de São João que se realiza na capela de Santo Amaro.
O tríduo, a primeira comunhão e a comunhão solene, que antecediam a festa do padroeiro São Martinho, que um grupo de bairristas tomou a iniciativa de a realizar, também não se vão concretizar.
As iniciativas culturais que movimentavam centenas de participantes que interagiam para obtenção de recursos, não se concretizaram infelizmente, provocando enorme nostalgia na população. Toda esta dinâmica da paróquia criava um espírito de entreajuda e de são convívio extremamente salutar, agora nota-se no semblante das pessoas tristeza, frustração, nostalgia, melancolia.
Também os casamentos agendados foram alterados para datas posteriores, a fim de permitir o convívio de grande número de convidados.
As Eucaristias foram suspensas. O cemitério que estava encerrado já abriu, mas nota-se que as poucas pessoas que o frequentam estão muito assustadas e com um semblante triste.
Este ano vai ser um ano para esquecer. Ficará provavelmente na memória de todos, assim como a gripe espanhola ficou na memória dos nossos avós que sempre a recordavam com pavor. Os mais novos sempre pensavam que eram águas passadas, e com o avanço da medicina não voltaria a acontecer.
Como tudo é volátil, e como o bem-estar global pode num ápice desaparecer. Foram as duas guerras mundiais mortíferas, sem esquecer a regionais que também provocaram milhares de mortos.
Muitos dos portugueses, como eu, que participei na guerra colonial, alguma vez pensava que teria de cumprir «prisão domiciliária» e cheio de receio de um vírus minúsculo que nem vida própria tem, que consegue imobilizar milhões de pessoas. Será uma enorme lição de vida, para todos sabermos que na vida tudo é efémero, volátil e instável.
Mas a paróquia de Vila Fria saberá ultrapassar este constrangimento e passados alguns meses, iremos voltar a conviver alegremente e participar nos eventos que criaram a nossa identidade de Paróquia de São Marinho de Vila Fria, tenhamos perseverança que no final poderemos abraçar os nossos familiares e amigos.