“Histórias Viandantes” querem dar vida às ruas do centro histórico

Dois irmãos, Luísa e Rui Coelho, estão a criar ilustrações de histórias em algumas ruas secundárias da cidade de Viana do Castelo. Vencedores da primeira edição do concurso “Jovens com Talento”, de 2020, as “Histórias Viandantes” vão estar disponíveis em 2022.

“Foi um projeto que ganhou o primeiro prémio de “Jovens com talento” na edição de 2020. O objetivo, muito resumidamente, é pôr as ruas a contar histórias, sendo que nós não queremos ruas principais e queremos quelhas, becos… ruas secundárias”, explica Rui Coelho. Formado em Biologia, o vianense dedica-se à escrita e já conquistou alguns prémios. O mais recente foi entregue pela Fundação da Juventude, no último fim de semana, que premiou um conto sobre a feitura de palmitos, inspirado na história de uma vianense, fazedora daquele objeto.

Quando foram premiados, em agosto de 2020, deram início ao projeto, contactando os proprietários de edifícios privados para decorarem parte das fachadas. No entanto, enfrentaram uma primeira dificuldade, porque tiveram de pedir autorização à Direção Geral de Cultura do Norte. “O projeto era para finalizar no verão, mas nessa altura não tínhamos conseguido iniciar, porque precisávamos de autorização da Direção Geral de Cultura do Norte”, refere Rui Coelho.

Até esta semana já tinham concluído quatro ilustrações, embora uma, para já ainda não esteja acessível, porque está no pátio de um espaço Cowork [escritório partilhado], que fechou. Mas há outras para ver na rua Major Xavier da Costa, na viela da Parenta e na viela Cova da Onça. Seguem-se mais ruas e becos, num total de oito. No final, haverá um mapa e um livro que contém as histórias e ilustrações. “O objetivo é criar um roteiro ilustrado, onde as ruas contam histórias que já viram acontecer. O trabalho não é jornalístico, é um exercício literário”, revela Rui Coelho.

A inspiração do projeto foi contar histórias da cidade, que ouviam os avós contar. Mas também refletir sobre o futuro das cidades, onde as casas de família estão a ser transformadas em apartamentos T0 e T1 para alojamento temporário e onde dificilmente será possível que famílias se fixem.

Os irmãos contam que pretendiam colorir “paredes que estivessem vandalizadas, degradadas, porque muitas destas quelhas estão bastante degradadas e abandonadas e levar vida a esses sítios pondo-as a contar histórias do lugar, de pessoas, que moraram nessas ruas ou não. Infelizmente, nem sempre conseguimos coadunar a história ao lugar onde pertenciam, porque este projeto envolveu autorizações com proprietários”, lamentam.
Embora muitas das histórias tenham algum princípio de verdade, a criação é literária e teve inspiração em leituras de livros, como por exemplo “Os Cadernos Vianenses”.

Luísa Coelho conta que “a viela da Cova da Onça foi o grande desafio, porque é muito grande. Enquanto nas outras é só uma ilustração e conseguimos fazer em dois ou três dias. Nesta fizemos quatro ilustrações numa parede só. Foi nossa ambição querer ligar as imagens ao longo da rua”. Rui, complementa, “mas também é uma das poucas ruas onde conseguimos fazer o que era um dos objetivos do projeto, que era uma pessoa percorrer uma rua e a sucessão das imagens contar alguma coisa, nem sempre percetível, mas temos o apoio das redes sociais a contar o projeto. E no final haverá um livro com as histórias e ilustrações”.

Luísa e Rui aplaudem a iniciativa municipal de premiar e incentivar os jovens a participar ativamente na sociedade. “Desde miúdo que ouço que Viana está a dormir. E, os poderes camarários têm responsabilidade nesta matéria de dinamizar, nós como habitantes também devemos ser dinâmicos e procurar fazer coisas. Se Viana está a dormir o que queremos fazer?”, questiona Rui Coelho. .

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