João Cerqueira apresenta livro em Viana

“Não há mais nenhum livro que trate a Perestroika”, assegurou o escritor vianense João Cerqueira, autor da obra literária premiada com o mesmo nome e que foi a primeira do oito livros já publicados a ser apresentado na sua terra natal.

A apresentação da obra decorreu na Biblioteca Municipal, com Fagundes Meira, diretor do A AURORA DO LIMA, a apresentar o autor –  neto de João Alves Cerqueira, fundador dos ENVC e um dos maiores industriais que Viana do Castelo já teve, colaborador do jornal e, como frisou, possuir de uma escrita assertiva.

João Cerqueira é doutorado em História da Arte, tem obras publicadas em Espanha, Itália, França, Inglaterra, Argentina, Brasil e Estados Unidos, onde venceu três prémios literários. Paulo Morais, vianense, professor literário e político, apresentou a obra e enfatizou o facto desta apresentação, ocorrido no último dia 09, coincidir com o 33.º aniversário da queda do Muro de Berlim.

O enredo passa- algures num país fictício da Europa do Leste, denominado Eslávia e integrante do Bloco do Leste dominado pela URSS, com um regime totalitário, uma economia pobre e controlada pelo Estado e em que os quatro milhões de habitantes recebem senhas para adquirir alimentos e precisam de um visto para sair do país.  A ação passa-se no Pré-Perestroika, durante a Perestroika e Pós-Perestroika, numa história que se poderia passar em qualquer outro país do leste. João Cerqueira, referiu o apresentador da obra, escreve com humor aquilo que é uma tragicomédia e um exercício sobre a liberdade “com responsabilidade e integridade”.

Garry Craig Powell, professor universitário e tradutor de Perestroika para inglês (à procura de editora), afiançou, mesmo, que é “um livro que investiga o que é a liberdade”. Observou, mesmo, que as promessas de liberdade não têm, depois, realização num novo regime que é corrupto e que interroga o leitor sobre o que é a liberdade.

Sobre a obra, João Cerqueira considera que é o seu “romance mais ambicioso por várias razões: tem 38 personagens que evoluem num arco temporal de 14 anos, aborda um tema – a democratização dos países comunistas e o fim da Guerra Fria – que mudou o mundo e, devido ao expansionismo bélico de Putin e à invasão da Ucrânia, tornou-se  atual, uma vez que sem a Perestroika, Putin e outros populistas nunca teriam alcançado o poder.”

Além disso, “uso a arte – Cristo expulsando os vendilhões do Templo de El Greco – como espelho das mudanças políticas e sociais. E, por fim, a pergunta de Pilatos a Jesus – «O que é a verdade?» – atravessa todo o romance, entra na cabeça de vários personagens que lhe dão respostas distintas e fecha a história numa reviravolta que, espero, irá surpreender o leitor”, disse João Cerqueira.

No entanto, o autor garante: “mais do que um romance político é uma história sobre a natureza humana que aborda temas comuns em toda a literatura: a ascensão e a queda, a luta pelo poder e pela sobrevivência, a busca da verdade, o amor, a vingança e a possibilidade de redenção”. 

À margem, João Cerqueira, deu-nos conta de que já está a escrever a sua próxima obra, “A Mulher do Fim do Mundo”, possivelmente a publicar em 2024. O argumento desenrola-se num “cenário apocalítico”.   

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.