Jorge Correia cumpre sonho na Arábia Saudita

Jorge Correia, 37 anos, está na Arábia Saudita a treinar o Al Faisaly. Ao fim de 10 anos como treinador de guarda-redes afirma que “já cumpri um dos meus sonhos”, tendo passado por vários clubes nacionais e ter a primeira experiência internacional.

Natural de Vila Nova de Anha, começou a jogar futebol em criança. “O gosto por ir à baliza surgiu na primária. Lembro-me perfeitamente que durante um intervalo estava a passar pelo campo de jogos e os meus amigos chamaram por mim, porque faltava um guarda-redes e a partir daí nunca mais larguei o posto”, revela. Acrescentando que não teve formação de base de guarda-redes, pois “o primeiro treinador de guarda-redes foi a parede da casa dos meus pais. Passava horas a fazer bloqueios”.

A Associação Desportiva e Cultural (ADC) de Anha foi o primeiro clube onde jogou como federado aos 16 anos, tendo depois passado por outros clubes, incluindo a Associação Desportiva de Chafé, onde terminou a carreira como jogador. 

Uma cirurgia obrigou-o a afastar-se dos relvados e nessa altura pensou que “devia dar o lugar aos mais novos”. A mulher decidiu inscrevê-lo no curso de treinador de guarda-redes e fez o nível I e II. “O que me moveu foi o facto de nunca ter tido treinador de guarda-redes ou treino específico e assim poder corrigir essa falha e ajudar os mais novos a evoluir nessa posição tão específica”, diz. Adiantando que foi dos primeiros treinadores de guarda-redes do distrito. 

Terminada a formação, recebeu a proposta do SC Braga para treinar os sub15, mas recusou. Pouco depois aceita o desafio de treinar num dos quatro polos do Centro de Formação e Treino do Sport Lisboa e Benfica (CFT SLB), em Prado, Braga. “Aceitei porque ia trabalhar diretamente para o SL Benfica e estava no polo onde estavam os melhores jogadores de Benjamins e Infantis do norte do país e por lá fiquei três anos. Acabei por sair para ir para outro projeto do SC Braga por convite do mister Vital”.

A convite de Cândido Rego, está na Arábia Saudita há duas épocas, mas não conseguiu que a família acompanhasse esta aventura. “Por muito que gostasse que estivessem perto de mim não seria a melhor escolha. A minha mulher tem a carreira dela em Portugal e a minha filha tinha apenas dois anos”, revela. Apesar de só conseguir vir a Portugal ao fim de 10 meses, a paixão pelo futebol dá-lhe forças para continuar e ambicionar abraçar novos desafios.

Quanto às diferenças, Jorge Correia enumera várias. “Costumo dizer, na brincadeira, à minha mulher que tudo o que se vê em Portugal aqui não há. Na minha cidade, as únicas manchas verdes que existem é nos parques e nos relvados de futebol”, conta. Acrescentando as diferenças culturais e gastronómicas. “O que mais me custou é não ser permitido comer carne de porco e o facto dos Árabes pararem seis vezes por dia para rezar, e termos que ajustar os treinos para que sejam antes ou depois da hora da reza e porque nesse momento tudo para durante 20 minutos. Já me aconteceu ficar preso num supermercado à espera que os funcionários chegassem para poder pagar”. Na Arábia Saudita, a comida mais comum, segundo Jorge Correia, é “o arroz com frango ou ovelha e eles comem com a mão e só a direita, porque comer com a esquerda é pecado”.

A indumentária é também outra diferença que enaltece. “O facto de se vestirem de forma diferente também cria impacto. Os homens andam de túnica branca e as mulheres de preto e só se veem os olhos”. 

No futuro, ambiciona: “continuar a treinar com uma equipa profissional, mas qualquer clube pode fazer-me um convite, pois não é por estar no estrangeiro que sou mais que ninguém. Respeito todos os clubes e colegas treinadores e aceito com todo o gosto o projeto com o qual melhor me identificar, seja ele qual for”. 

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