Então como vai a nossa Aurora”? Era uma pergunta espontânea, que lhe saía com a naturalidade própria de quem gostava mesmo do jornal de que era leitor de longa data. Morava bem perto de nós, aqui na Rua do Trigo, com uma proximidade que permitia encontro regular e conversa longa, se para tal houvesse tempo. Falava dos conteúdos, dos cronistas e, destes, dos seus preferidos, sempre numa postura de bondade e na perspetiva de ajudar.
Um dia perguntámos-lhe como estava tão à vontade para dar opinião tão certeira. Duas ou três razões, respondeu: “a ligação afetiva de longos anos que tenho com o jornal, o olhar crítico, no melhor sentido, que gosto de expressar, e, depois, a curiosidade enraizada que tenho pelos escritos de uma plêiade de bons cronistas, que vem de longa data. No Aurora sempre escreveram os melhores”.
Era natural o seu gosto pelos jornais, já que durante muito tempo foi diretor do jornal Monte do Castelo, de Castelo do Neiva, de onde era natural e tão estimado era. Não conseguiu sacudir a morte que lhe soube armar a cilada inesperada. Ainda pensamos que sairia vencedor, com aquela força própria dos combatentes que sabem não se resignar. Só que às ciladas, porque traiçoeiras, dificilmente alguém resiste. Estarás sempre presente na nossa memória, bom amigo, particularmente como um grande exemplo de camaradagem.