“Manter viva a tradição”

São dois dias de alegria em que o peculiar Compasso Pascal de Vitorino das Donas sai à rua para festejar a Ressurreição de Jesus. 

Uma páscoa que se evidencia pela tradição, Elisabete Gomes, presidente da junta da freguesia, salienta que “não sei exatamente quando começou mas desde sempre que me lembro de celebrarmos desta forma. A nossa freguesia quer perdurar na história, e temos que manter viva a tradição ”. 

As particularidades desta festividade secular são diversas, mantendo a prioridade nos atos religiosos. “São seis homens, neste caso, seis mordomos que acompanham a cruz. O mordomo da Cruz, dois que levam a cesta, um  com a caldeira, outro com o pé da cruz e o que leva a campainha”. 

Cada mordomo veste-se a rigor com os característicos lenços na cabeça. “Antigamente a Igreja proibiu os homens de estarem de chapéu nos atos religiosos, e foi dessa forma que por respeito optaram por usar o lenço de mulher”. 

Para além dos lenços “o mordomo da Cruz leva a toalha do altar simbolizando o altar em movimento. A cesta é decorada com uma toalha de linho, enfeites e diversas fitas. E como esta festa é de alegria, juntam-se jovens músicos com instrumentos de corda e sopro”, explica. 

Elisabete conta outra curiosidade que envolve uma maçã. “Em cada casa há uma maçã em cima de um prato com uma moeda. O mordomo ao recolher o envelope, pega na maça e vira-a para o prato onde a moeda cai  fazendo barulho. Desta forma, o dono da casa sabe que o envelope foi recolhido”. 

Este ano, o mordomo da Cruz é Filipe Oliveira, que tem a responsabilidade de cuidar dos atos religiosos durante o ano, e refere que “estes dois dias compensam o trabalho árduo que temos durante o ano. Faço esta festa com todo o gosto. É um momento único. A nossa páscoa será sempre tradição”, e acrescenta já ter tudo organizado. 

Filipe lamenta o facto de não ter nenhuma figura religiosa a acompanhar o Compasso Pascal por ordens do padre de freguesia.  

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