A Freguesia de Carreço dista da sua sede de concelho e de distrito apenas uns parcos sete quilómetros, mas para os superar tem o cidadão comum de dispor de transporte próprio, ou caso contrário recorrer à rede dos transportes públicos, isto é excluindo outros meios devido a serem onerosos ou morosos. Portanto no caso de dispor de transporte próprio o caso obviamente está sanado, mas caso não o possua logicamente tem de recorrer irremediavelmente aos transportes públicos.
Até aqui tudo bem, mas o caso complica-se quando os transportes públicos não cumprem o seu dever social como acontece na ligação Carreço a Viana do Castelo, porque aos domingos e dias feriados pura e simplesmente não existem transportes públicos. É um facto verídico, mas então estamos ou não em pleno séc. XXI já com o seu primeiro quartel quase volvido, somos Carrecenses paredes meias com a nossa cidade sede do nosso concelho e distrito, e ficamos aos domingos e feriados isolados do mundo simplesmente porque não temos transportes públicos.
Hoje na sociedade consumista em que vivemos, onde em tempos recuados, comércio, indústria e serviços tudo parava aos domingos e feriados, mas hoje já nada é assim, tudo o que é de laboração continua logicamente e não pára, muito comércio e muitos serviços trabalham durante grande parte dos domingos e feriados, mas onde estão os transportes públicos nesses dias a fim de suprir as necessidades dos utentes. Convém refletir que nestes dias não são só os trabalhadores que necessitam de transportes, também deles necessitam aqueles que já não trabalham, bem como todos os que se encontram em descanso nesses dias, uns e outros têm todo o direito de usufruírem do lazer, do recreio e da vivência comunitária e social, mas estão sem transporte.
É fácil gerir uma rede de transportes públicos com o fito centrado unicamente no lucro, para essa teoria não são necessárias cadeiras académicas. Mas para gerir uma rede pública de transportes urbanos na verdadeira aceção da palavra, então sim já são necessários conhecimentos capazes para realizar uma gestão global de toda uma rede de transportes públicos onde são englobadas todas as necessidades e carências da mesma para satisfação de um todo que a vai usufruir. Resumindo uma rede de transportes públicos não são só as vertentes do lucro, as outras, as indesejáveis essas também fazem parte integrante do mesmo grupo.
Razão plena tem um dos nossos conterrâneos que nos comentava sobre esta matéria, dizia ele com um sentimento de tristeza: “um isolamento deste género causado pela falta de transportes só é possível num meio terceiro-mundista”.
Na presença da realidade dos factos, ao fazermos uma análise objetiva, criteriosa e independente dos mesmos, concluímos que o lucro fala mais alto do que o serviço público prestado a toda uma comunidade.
É tempo de inverter tais atitudes, de repensar, rever e agir com novas fórmulas de tratamento humano, pondo em prática medidas que salvaguardem o lucro, mas simultaneamente tratem os seres humanos como tais, no caso presente todos os utentes dos transportes públicos de Carreço, com igualdade, justiça, independência e respeito que este caso merece, por tal facto apelamos a todos quantos têm responsabilidades nos mesmos para dotar Carreço de transportes públicos aos domingos e feriados.