“Os ensinamentos do surf estão a ajudar-me a encarar esta fase, de forma positiva”

Chloé Calmon, top do Circuito Mundial de Longboard da World Surf League (WSL) e habituada à vida ao ar livre, a surfar e a ter de fazer muitas deslocações pelo globo num curto espaço temporal, desde, há cerca de um mês, também tem-se mantido de “quarentena” devido à pandemia da Covid-19.

Esta carioca de 25 anos, que foi a principal convidada do live no Instagram do Surf Clube de Viana salientava que tem tentado gerir este novo desafio de forma positiva e, até agora, tem tido êxito.

“Estou a encarar isto como uma oportunidade muito boa para me conhecer melhor e para cuidar de mim. Acho até que, em quarentena, estou a treinar mais forte. Tenho conseguido criar uma rotina diária, o que não acontece quando estou viajando em competição”, diz.
Atualmente, um dia normal desta longboarder significa acordar cerca das 6h, beber um “suco natural” bom para a imunidade, praticar yoga e meditação, seguidas de treino físico. A outra metade da manhã guarda para ajudar a família. Após o almoço, costuma dedicar-se aos estudos, pois está a frequentar o curso de Administração.

“Agora, passo mais tempo de qualidade com a minha família. Aposto muito na minha preparação física e mental, pois acredito que quando a situação voltar à normalidade, quando eu voltar às competições, ao mar, o impacto não será tão grande. Também estou focada em ter bom resultados nos estudos”, refere Chloé, pois entende que, enquanto ocorrer a pandemia, “temos de ser responsáveis, de ter cuidado com os outros e de cuidar de nós mesmos.”

Esta atleta vai beber aos ensinamentos que o surf lhe tem dado para encarar este stand by mundial de forma positiva.

“O surf é um estilo de vida. Ensina a ter paciência, a ser calma e a aceitar que não estamos no controlo. Por isso, tento focar-me no que controlo, ser positiva, cuidar do meu corpo, da minha mente e das pessoas ao meu redor”, explica.

O ano passado foi muito intenso e muito especial para a sua carreira como atleta e como pessoa.

“Em 2019 viajei em competição 10 meses e meio. Participei em 13 competições. Houve um mês no qual em cada fim de semana estive numa competição diferente num país diferente. Cresci bastante na minha independência e tive os meus melhores resultados, fui vice-campeã WSL World Longboard Tour, medalha de ouro nos Jogos PanAmericanos Lima, bicampeã do Vans Duct Tape Invitational e campeã sul-americana da WSL”, conta.
Chloé Calmon, que se tornou longboarder profissional aos 14 anos, considera que a modalidade estava a registar uma grande evolução.

“O ano passado, o circuito teve quatro etapas, quando antes tinha apenas uma. O facto do surf ter passado a desporto olímpico também aumentou o patamar do profissionalismo, deu-lhe um novo espaço nos media, mais competições, mais patrocínios, maior número de atletas. O ano passado, registou um recorde de participantes. Mais de 150 atletas, mais de 80 mulheres em cada competição”, explica, acrescentando “por isso, as expectativas de crescimento da modalidade para 2020 eram muito grandes. Entretanto, até voltarmos à normalidade, resta que cada um de nós faça o que lhe compete.”

A atleta vianense Marta Paço, também convidada neste direto, falou sobre a importância de, em 2017, ter surfado com a Chloé em Viana do Castelo. “Foi muito motivador! E a Chloé continua a ser uma referência para mim”, assinalou.

Também deu o seu testemunho sobre a impossibilidade de participar no Mundial de Parasurfing, no passado mês de março, na Califórnia, consequência da Covid-19, e falou ainda sobre o seu “isolamento em casa” desde há três semanas.

(SCV/Imprensa)

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