Como bem sabemos as instituições de cultura, e não só, regem-se por estatutos. E isso também acontece na Sociedade de Instrução e Recreio de Carreço, nos quais está determinado que no vigésimo dia após o Carnaval tem lugar a sua reunião magna, ou seja a respetiva assembleia geral ordinária, a qual este ano de 2021 por essa determinação estatutária recaiu no passado dia 05 de março, o que efetivamente não aconteceu devido ao confinamento obrigatório em que todos nos encontramos.
A referida Assembleia Geral Ordinária será marcada logo que as condições sanitárias o permitam, em data a anunciar com a brevidade possível, segundo aviso emitido pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, Eng.º João Pinho.
A Sociedade de Carreço ostenta os graus de instituição de Utilidade Pública e de instituição de Mérito Cultural, atributos excelentemente assentes nos seus 117 anos de atividade em prol da cultura, das artes, do desporto e do lazer dos seus sócios e de modo geral do engrandecimento da nossa freguesia. Esta coletividade de instrução e recreio está a passar, como todas as suas congéneres, por um período nunca experienciado na sua existência, causa direta da situação pandémica de novo coronavírus, que a coartou da prática de todas as atividades em proveito da defesa da saúde de todos.
A suspensão das atividades de todas as secções da Sociedade, além de ser uma lacuna muito sentida pelos associados, a maior carência dos mesmos é a ausência do salutar convívio diário que uma coletividade do género proporciona às pessoas, ou seja, aos sócios seus utilizadores de todos os dias, conquanto a presidente da Direção, Maria da Graça, pesarosa por não ter a Sociedade a laborar como é seu desejo, nos diz: “face à pandemia, logo que possível e de acordo com as indicações do Governo vamos retomar as atividades nomeadamente teatro, ginástica, escola de música, guitarra clássica, viola, cavaquinho, atelier de bordados, ballet, karaté e também as atividades desportivas ao ar livre no polidesportivo, a direção está muito ansiosa por abrir as portas da SIRC e vai continuar muito empenhada e recetiva a todos os eventos de carater social”.
A Direção da Sociedade enviou correspondência aos sócios como diz a Maria de Graça: “para fazer o ponto da situação causado pela pandemia de Covid-19 e simultaneamente fazer uma lembrança aos sócios, para não se esquecerem da declaração do IRS, a entregar de um de abril a trinta de junho, e beneficiarem a Sociedade de Carreço colocando uma cruz no campo 1103 da declaração e o NIF da SIRC 501608567”.
Nesta ação de solidariedade somos da opinião que, não só os sócios, mas sim todos os amigos desta centenária coletividade, o devem fazer, colaborando com este simples gesto o qual não tem custos nem benefícios a quem o fizer e a Direção refere que “esta ajuda fará com que o projeto da SIRC vá mais longe”.
Sabemos que os sócios estão ansiosos que a normalidade volte a todas as secções da Sociedade de Carreço o mais breve possível, mas a ansiedade da grande maioria é o regresso do convívio associativo de todos os dias.
Fazemos votos para que efetivamente o evoluir favorável da pandemia faculte as condições normais de funcionamento da SIRC dando satisfação aos anseios dos sócios em geral e também aos dos seus diretores, em especial à sua presidente, Maria da Graça. A todos desejamos ótimo trabalho associativo em prol dos fins que a nossa centenária coletividade prossegue.
PIROMANÍACOS NA SERRA DE SANTA LUZIA
Ainda a primavera estava a dar os seus primeiros passos, neste ano de 2021 e eis que pela calada do entardecer do dia 23 de março os piromaníacos lançaram fogo à serra de Santa Luzia, na baixa vertente da nossa freguesia, ali mesmo no enfiamento para poente do “sítio das bandeiras” como é conhecido o local. Nesse fim de tarde solarenga, os carrecenses foram alertados pelo voo a baixa altitude de um helicóptero equipado com dispositivo de combate a incêndios florestais, o qual se dirigia para o monte, porque o dito estava a arder.
Efetivamente o monte ardia e ardeu durante algumas horas, segundo os Sapadores de Viana do Castelo a operação de combate ao incêndio decorreu entre as 17h10 do dia 23 e as 05h18 do dia seguinte. Na mesma, participaram os Sapadores de Viana do Castelo com seis viaturas e 18 homens, Voluntários de Viana do Castelo com seis viaturas e 16 homens, Voluntários de Vila Praia de Âncora com uma viatura e cinco homens. Os Voluntários de Caminha com uma viatura e cinco homens. Os Voluntários de Ponte de Lima com duas viaturas e sete homens. A GNR com uma viatura e dois homens, um meio aéreo (helicóptero sediado nos Arcos de Valdevez) e um elemento Técnico da Câmara Municipal de Viana do Castelo. A registar um ferido ligeiro na operação que decorreu durante 12 horas e envolveu no combate 16 viaturas e 51 bombeiros. A área ardida estima-se ser entre 25/30 hectares. Quanto ao combate ao fogo, tendo em linha de conta o terreno acidentado onde o mesmo ocorreu, pode concluir-se que foi um êxito o trabalho dos bombeiros.
Encontramo-nos precisamente no início da primavera, logo longe, mas mesmo muito longe das temperaturas de canícula do verão, que poderão essas sim, serem a causa de auto deflagrações de incêndios florestais, nunca o serão com as temperaturas atuais, logo a origem deste incêndio possivelmente não poderá ser outra senão humana. Analisar os custos desta intervenção de combate ao incêndio, contabilizar por quanto ficou a ação irresponsável de alguém que sabe de antemão que não será severamente punido, dá para avaliar o brutal dispêndio do erário público ao fim de um ano com os incêndios florestais e como normalmente a culpa vamos continuar a vê-la morrer solteira? Os criminosos vão continuar impunes e ativos? Em contrapartida delapida-se o erário público, perdem-se vidas e destrói-se património. Algo está errado que se torna imperioso e urgente corrigir, sim porque a liberdade de uns termina quando a liberdade de outros começa. Ora neste contexto dos incêndios florestais, a liberdade dos incendiários termina quando invadem a propriedade de outrem.