Romaria 2022 – Marta

A “MULHER” foi o tema escolhido para a Romaria de Santa Marta de Portuzelo deste ano. O tributo a uma mulher especial, Santa Marta, gerou um quadro de rara beleza no Altar-Mor, retratada na oportuna fotografia de Aquarela Fotógrafos (cuja gentileza agradecemos). O grupo de zeladoras da igreja paroquial interpretaram sabiamente o tema e souberam, com a sua decoração, glorificar a padroeira e, através dela, homenagear todas as mulheres. Mas foram mais longe, pois além do convite à contemplação, aproveitaram a colocação de Marta, a santa, na glória do espaço etéreo, para nos interpelarem com as reticências na “MARTA…” (que nós somos), ali bem junto ao Altar. Convite oportuno à reflexão quanto ao modo do nosso peregrinar. É que entre esta ‘marta’ que nós somos e a MARTA que desce sobre o sacrário, há uma Mesa onde acontece o Sacramento Pleno da Páscoa. Foi o quadro desafiante para que cada um se esforce na busca da sua configuração com Cristo.

Na homilia do dia grande da Romaria, domingo de 14 de agosto, Renato Oliveira (sacerdote vianense amigo da paróquia, a estudar em Roma), soube, magistralmente, aproveitar o cenário. Renato Oliveira viu «na intercessão de Santa Marta um auxílio e na sua vida um exemplo, para o particular encontro com Deus». Frisou que, «mais do que meta quase inacessível, o apelo à santidade é a vocação a que somos chamados», partindo para o convite à «união do nosso coração com o coração de Deus, fazendo de Santa Marta o elo que liga ambos os corações». Questionando o que nos é pedido, hoje, para assumirmos a condição de peregrinos a caminho de novos céus e nova terra, reconduziu a assembleia e telespetadores à interpretação da Palavra antes proclamada: «ser farol de Deus no meio do mundo, com determinação, com ousadia, ainda que muitas vezes possamos ser incompreendidos ou rejeitados. Desde a perseguição a Jeremias e as perseguições ao longo da história da Igreja a muitos modelos de santidade, a mensagem contida nas palavras do Evangelho (Lc 12, 49-53), por mais estranhas que possam soar, querem essencialmente dizer que anunciar o Evangelho não é hoje, como ontem, um caminho de aplausos fáceis ou gratuitos, porque nos obriga a ser incómodos, a rejeitar as injustiças, a não pactuar com o mal, a renunciar a uma cultura de indiferença ou mesmo de descarte, incapaz de colocar o ser humano no centro». «Fazê-lo, exige um exercício de criatividade constante, mas ao mesmo tempo, de fidelidade ao Evangelho; exige em primeiro lugar «a conversão e aperfeiçoamento das nossas estruturas eclesiais, porque tantas vezes nos apressamos a condenar o mal do mundo para lá da Igreja, sem ver o mal que também em nós, membros da Igreja, habita; exige dar corpo a uma Igreja que rejeita no mundo mais pontes que muros; escutar  verdadeiramente os que estão no mundo, sentar-se com eles à mesma mesa, sem superioridades absurdas, construindo mais pontes do que muros, iluminando mais e afastando menos e fazendo uma opção preferencial pelos mais marginalizados. Se assumirmos estas atitudes, mesmo quando formos incompreendidos, mesmo quando formos rejeitados, sabemos que estamos a dar corpo à Igreja sonhada por Cristo». 

Lançou o repto: «que o exemplo de Santa Marta nos estimule e que o pão e o vinho que momentos depois, naquela Mesa, se tornariam Corpo e Sangue de Cristo nos fortaleçam, neste caminho em que somos sempre peregrinos», concluindo que, se assim for, «esta Romaria de Santa Marta foi verdadeiramente lugar de encontro com o outro e lugar de encontro com Deus; e, a partir daí, lugar de encontro com a verdade da nossa vida». 

Parabéns às decoradoras e a todos quantos garantiram as belezas desta Romaria. Continuaremos a tentar partilhar os eventos mais significativos.  

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