“Ser doente oncológico em Portugal é um estigma, acentuado com a pandemia”

Um grupo de voluntários, que prefere ficar no anonimato, decidiu criar um gabinete online de apoio ao doente oncológico do concelho de Viana. O objetivo é serem um complemento aos apoios existentes, focados, sobretudo, na área financeira.

A funcionar apenas online, os voluntários do Gabinete de Apoio ao Doente Oncológico (Goado) apelam às juntas de freguesia e paróquias para fazerem a ponte.

Nas seguintes respostas fique a conhecer melhor este grupo, que foi criado em plena pandemia do novo coronavírus. E estão acessíveis através de https://direitos.github.io/goado/ ou do telemóvel 963 090 489.

Como surgiu este gabinete online de apoio ao doente oncológico?
O gabinete online de apoio ao doente oncológico surge da necessidade identificada, de complementar os serviços de Instituições disponíveis (todos louváveis, destacando a importância do “balcão da inclusão”, disponível no serviço de atendimento ao munícipe), na abordagem financeira perante um diagnóstico tão hostil. Por outro lado, mas não menos importante, se conseguirmos canalizar o foco do doente, das causas e consequências (dramas tão legítimos e frequentes: porquê eu? porquê a mim?) para as soluções e oportunidades, estamos não só a cuidar da saúde financeira das pessoas, como também da mental.

Quem está por detrás deste? Áreas de formação dos voluntários?
Sendo a abordagem financeira a base do apoio do movimento social que o Goado pretende proporcionar aos cidadãos, surge com profissionais especializados em gestão, finanças e informática. Imediatamente, surgiu o conforto da medicina, do direito e o apoio espiritual, ministrado por sacerdotes, para o rápido e correto encaminhamento de situações que não se enquadrando no âmbito das nossas competências, carecem de intervenção imediata.

Qual a motivação para a sua criação?
O que nos motiva é a causa e o ser humano.

Só funciona online? E quem está fora deste universo?
O canal preferencial é sempre o online pois todos os voluntários desenvolvem atividades profissionais tornando-se mais fácil a gestão e o acompanhamento de todos os pedidos. Não sendo o formato ideal, é o formato possível, com os recursos disponíveis. E talvez o mais oportuno na atual conjuntura. Contudo, sendo prioritário para o Goado chegar às pessoas que por circunstâncias diversas não podem usufruir destes meios, é importante que as juntas de freguesia, as paróquias e todos os cidadãos em geral, que identificando alguma necessidade neste âmbito (pelo profundo conhecimento que detém da realidade envolvente), nos contactem.

Integram quantas pessoas? São todas voluntárias?
Todos os dias somos abençoados com novas pessoas disponíveis para colaborar. Somos todos voluntários. Os contactos devem realizar-se preferencialmente pelo gabinete online: https://direitos.github.io/goado/ para que possamos continuar a dar resposta com a maior brevidade possível.

Surgiu nesta fase da pandemia, porque sentem que há pessoas sem apoio?
Ser doente oncológico em Portugal é um estigma, acentuado com a pandemia. O acesso ao mercado de trabalho por ex., é quase nulo e a tendência natural é o isolamento, a perda de confiança e autoestima. Curiosamente, neste período de maior introspeção e crescimento interior que a humanidade experiência, a vida acabou por nos mostrar que afinal somos todos iguais: frágeis e mortais. E que esta só faz sentido se nos dermos ao próximo. Às vezes doando apenas um sorriso, sincero, que abraça e conforta. Sim, mesmo com máscara. Não é a boca que sorri, são os olhos!

Tem conhecimento de vianenses que estão a passar dificuldades?
Sim, os vianenses à semelhança de todos os portugueses, estão a passar dificuldades. E o mais preocupante é que sofrem em silêncio. Daí também a importância do Goado, que permite às pessoas de forma anónima e absolutamente confidencial, exporem as suas preocupações e obterem informação sobre os seus direitos e normas de procedimentos.

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