Sérgio é de Portugal, de Viana, de Darque. Sérgio é de ouro

Canoísta e darquense de gema, Sérgio Maciel sagrou-se campeão da Europa de sub-23 em maratonas C1, na última sexta-feira, trazendo de Moscovo o ouro europeu. Para os menos lembrados ou, simplesmente, para os mais desatentos, recorde-se que este prodígio da terra já havia conquistado o ouro mundial na mesma categoria e no exato escalão, em setembro de 2018, numa prova épica disputada na vila do Prado.

Dotado de características competitivas que tantos lhe reconhecem, o jovem de Darque parece dominar, igualmente, princípios humanos que o distanciam de mitos e ideias feitas. Dele se extrai uma aparente humildade que, a título de exemplo, o fez aceitar uma abordagem para comentar as incidências de mais uma conquista. Feito de forma simples, direto, atabalhoado, até, o pedido de comentário à prestação na Rússia acabou realizado através das redes sociais. Com modéstia, ‘Serginho’, como muitos lhe chamam, prontamente acedeu a falar das emoções associadas à vitória: “Sensação de responsabilidade, mas também de alegria e orgulho. É sempre um orgulho poder representar a minha vila, cidade, país”, começou por dizer.

Ora em Moscovo, como há três anos, no Prado, o atleta do Viana Garças Clube deixou para trás duos vindos da Hungria, relegando, uma vez mais, competidores daquele país para os restantes lugares do pódio. As diferenças? O darquense precisou, agora, de menos tempo de prova para se afastar (ainda) mais da concorrência. Enquanto que a competição mundial foi ganha e decidida por segundos (necessitando de 1:51.32 para cumprir o trajeto), ‘Serginho’ finalizou, na manhã do passado dia 09 de julho, os 22,6 quilómetros de percurso em 1:51.11, cavando, relativamente aos diretos perseguidores, diferenças de 1.38 e 4.33 minutos, respetivamente.

A explicação ou, o sempre exótico, ‘segredo’ do sucesso mais recente, pode muito bem ter sido captado no grosso do discurso agora partilhado: “Arranquei de viagem para Moscovo com o trabalho bem feito. Na Rússia, fiz a short race sénior, da qual arranquei bem, mas fui abalroado por um polaco, inicialmente na lateral e depois na ré, o que me obrigou a sair da rota. Como tinha prova no dia seguinte, continuei e terminei de forma tranquila. Na sexta-feira, entrei confiante em prova, a sentir-me bem. Fiz uma largada forte e tentei perceber o estado dos meus adversários, para poder ver qual a tática que iria aplicar. À 3.ª portagem, fiz um arranque que me permitiu libertar-me dos adversários e terminar a prova só, destacado”, descreveu.

Embora de enfoque colocado na mais nova das conquistas, do depoimento do ‘nosso’ Sérgio não deixou de haver espaço para um balanço da temporada: “Em 2021, como sub-23, fiz o pleno. Fui pentacampeão nacional. Como sénior, fui tricampeão. Fui chamado a estágio da seleção nacional de velocidade e agora fui campeão da Europa de maratona.

Estou muito contente”, reforçou. Logo depois do resumo de época, o darquense deu novas mostras de ser um real competidor de elite, ao tratar de perspetivar o que aí vem.

Enaltecendo as “muitas horas de treino e sacrifícios”, ‘Serginho’ manifestou possuir um significativo sentido de causa: “…temos algumas provas pela frente, terminando com o campeonato mundial de maratonas, que irá realizar-se na Roménia, no final de setembro ou início de outubro, se a COVID-19 deixar. Os objetivos estão bem definidos: continuar a trabalhar e tentar aperfeiçoar e melhorar todos os dias”.

As últimas anotações do seu discurso, essas, foram viradas para a descrição crua de uma realidade frequente de todos os que se debatem em e por desportos com mediatismo relativo ou praticamente inexistente. Fazendo questão de enumerar a lista de entidades e de “sponsors” de apoio (constituída por Junta de Freguesia de Darque, Viana Garças Clube, Elio Kayaks, Amorosa Health Club, Móveis Carla, Escola de Condução Santa Luzia, Barceltécnica, CLS – Brands, Lda, M.Art e Intermarché – Mazarefes), o atleta local proferiu palavras de especiais contornos: “Isto não é fácil, porque tenho que continuar a conciliar o meu trabalho e os treinos. Porque, infelizmente, não dá para treinar em exclusividade, como eu gostava, agradeço a todos os apoios que, para além da Junta de Freguesia de Darque, são todos privados. Por poucos que sejam, fazem toda a diferença, e fazem-me acreditar que, com esforço e dedicação é possível”, rematou.

Cinema Drive-In marcou
comemorações do aniversário
Inicialmente agendada para 03 de julho, dia em que se completava o 35.º aniversário da elevação de Darque ao estatuto de vila, a sessão de cinema ao ar livre, em ambiente drive-in, pôde, por fim, realizar-se.

Abandonada a ideia original, de fazer acontecer o evento no Centro Cívico da freguesia, foi pela Zona de Atividades Económicas – Espaço de Feira, que a partir das 22h do mais recente sábado, dia 10, uma muita razoável audiência de populares e curiosos se juntaram para assistirem, a partir dos respetivos veículos, a um dos maiores e mais marcantes clássicos do cinema: O Grande Ditador.

Em cena, Charlie Chaplin, mentor, realizador e protagonista de uma narrativa que deambula entre o drama e a sátira a figuras que, à época da revelação do filme (1940), poucos ou nenhuns ousariam confrontar. À cabeça e enquanto principal visado, Adolf Hitler, a quem Chaplin troca, de forma provocatória, o nome (no filme, Hitler é Adenoid Hynkel), aproveitando para troçar dos discursos enérgicos e movimentos corporais repentinos do líder Nazi.

Produção nomeada para algumas das mais importantes indicações relativas aos Oscars, como as categorias de Melhor Ator e de Melhor Filme, a longa-metragem de Chaplin foi a selecionada para dar sequência a um conjunto de iniciativas culturais que poderão ir ocorrendo, nos próximos tempos, pela vila de Darque.

Essa foi, pelo menos, a ideia lançada a público quer por Augusto Silva, presidente da Junta de Freguesia, quer por Daniela Viana, darquense e representante da outra entidade promotora da sessão do passado sábado, Margem – Espaço Criativo. No seu discurso, a jovem residente na vila acrescentou que mais eventos de cariz semelhante deverão ser uma realidade, deixando antever que a Casa das Artes poderá vir a servir de palco privilegiado à reunião de várias disciplinas artísticas.

Até lá, a Casa das Artes – Núcleo Museológico de Darque, local de acolhimento, no passado dia 3/7, da peça de teatro para bebés (inserida no programa comemorativo da elevação de Darque a vila), “Da Terra ao Mar”, continuará a receber a “Exposição das Artes Tradicionais – Ripeca Dantas”, previsivelmente até ao próximo dia 17 de julho.

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