O livro já foi apresentado em novembro do ano passado, mas a turbulência em que temos vivido, que levou até a alterações de periocidade deste jornal, para além de outras vicissitudes, não permitiram que do mesmo fosse feita a nota de que é bem merecedor o Ilustre Vianense que aí é retratado.
Depois de intensa vida profissional e cultural na sua Viana, em 1955, José Pedro parte para Luanda, com a ambição de conseguir ir além da vida modesta de aqui desfrutava. Por lá permaneceu 19 anos, executando e gerindo atividade contabilística. Contudo, sempre disponível para, em mundo novo, colocar ao serviço das causas culturais toda a sua experiência, resultante da vasta formação que o Orfanato de São José (instituição de boa memória da nossa cidade, para aqueles que a conheceram) lhe proporcionou, onde chegou a regente da tão conhecida Banda do Orfanato.
Regressou em 1974 e, neste jornal, à data de 07 de junho, uma pequena, mas simbólica nota dá conhecimento do facto, rejubilando pelo seu regresso e pela ambição manifestada pelo regressado em constituir uma Banda de Música na nossa cidade. E a ambição acabou em realidade, já que a 30 de agosto de 1980, a tão pretendida Banda perfilou-se junto à Camara Municipal, onde, perante a Vereação e o seu Presidente, executou uma marcha e lhe foi entregue estandarte próprio. Mas também não deve ser esquecido que o projeto do Mestre era a criação de uma Escola de Música, viveiro de futuros músicos para a Banda, e não só, e esta fundou-se logo em 1975, por decisão da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, entidade que geriu os destinos do Município até às primeiras eleições autárquicas, realizadas em dezembro de 1976.
Sobre a Escola de Música e a sua importância na formação nesta área de centenas de jovens, particularmente da nossa cidade, quase toda a Viana o sabe, mas saberá menos da vida rica do Maestro José Pedro, do cidadão devotado à sua urbe e da sua educação esmerada, tal como o definem nesta obra, em depoimento individual, Mário Bezerra e Vítor Lima.
Maestro José Pedro – Vida e obra, descreve e mostra as diversas facetas deste personagem distinto. Mas não é apenas um livro de bem merecida homenagem a um cidadão integro, é também um documentário, bem trabalhado graficamente, que identifica uma parte relevante do que de cultural se fez nesta cidade e fora desta a partir daqui. Um texto escorrido e linear vai fazendo o encadeamento de dezenas de imagens e documentos que, pela riqueza de uma vida cultural bem preenchida do Mestre Zé Pedro, encanta ver.
A obra, oportuna, porque suficientemente merecida, é edição da Câmara Municipal, com nota de José Maria Costa. Fernando Baganha é autor e responsável pelos textos e a organização e o design são de Joel Arezes. Tem uma tiragem de apenas 300 exemplares, sendo bem pouco, pela dimensão do homenageado e porque se trata de uma edição de qualidade, de muita e boa ilustração.
PJ